Crise ucraniana rouba a cena na cúpula do G20

Em meio a críticas, Pútin regressou a Moscou antes do final da reunião Foto: Reuters

Em meio a críticas, Pútin regressou a Moscou antes do final da reunião Foto: Reuters

Apesar das críticas e provocações, o presidente Pútin disse estar satisfeito com o resultado da cúpula do G20, que aconteceu em Brisbane neste fim de semana. EUA e Europa adotaram estratégias diferentes em relação à Rússia, enquanto Brics deram apoio integral ao parceiro no grupo.

“Acredito que o nosso trabalho está concluído e que foi concluído com sucesso.” Com essas palavras, o presidente russo Vladímir Pútin terminou sua coletiva de imprensa final no G20 e, sem esperar pelo fim da cúpula, regressou a Moscou. Apesar de o grupo dos 20 ter caráter econômico, a atual reunião em Brisbane, na Austrália, evidenciou o confronto entre Rússia e Ocidente em relação à crise ucraniana.

“Nas discussões formais do G20, a questão da Ucrânia não foi sequer mencionada”, disse Pútin aos jornalistas. No entanto, todas as reuniões bilaterais foram quase que exclusivamente dedicadas aos problemas no país. “Devo dizer que foram conversas muito francas, ricas em conteúdo e, na minha opinião, úteis.”

Antes do evento, o premiê australiano e anfitrião da cúpula, Tony Abbott, havia até proposto que a Rússia fosse excluída da lista de participantes. Alguns países, como a China, foram categoricamente contra a ideia, enquanto outros, a exemplo da Alemanha, consideraram a participação russa como uma nova oportunidade para negociação.

Diante do impasse criado, EUA, Reino Unido, Canadá e Austrália viram no encontro uma oportunidade para dar uma demonstrativa “surra” em Pútin. Reunido com a imprensa internacional, o presidente americano Barack Obama, por exemplo, retomou a tríade de ameaças ‘Ébola – Rússia – Estado Islâmico’ e, em seguida, se reuniu com os líderes da UE para discutir sobretudo a questão da Ucrânia.

Segundo Obama, se o Kremlin não mudar a sua posição em relação ao país vizinho, “o isolamento no qual a Rússia se encontra atualmente continuará”, relatou a agência de notícias francesa AFP.

Emergentes unidos

A chegada de Pútin à Austrália começou com uma reunião no âmbito dos Brics (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul). Após a reunião, o assessor do presidente russo, Iúri Uchakov, declarou aos repórteres que todos os líderes dos países do Brics haviam considerado ilegais as sanções contra a Rússia.

“Todos eles disseram que as sanções são ilegais, que violam a Carta da ONU e que dificultam a recuperação econômica”, disse. Ainda segundo Uchakov, a parte russa não levantou a questão das sanções durante a reunião, e foram os próprios líderes dos países do grupo que trouxeram o assunto à tona, “sem qualquer insinuação do nosso lado”.

Em cima do muro

A principal reunião de Pútin foi realizada com a chanceler alemã Angela Merkel e com o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, que se juntou à mesa depois de iniciadas as conversações. O encontro, que durou quatro horas, aconteceu a portas fechadas.

Apesar da escassez de informações sobre a pauta da reunião, os alemães se mostraram inclinados a negociações com a Rússia, conforme declaração do ministro alemão da Economia, o vice-chanceler Sigmar Gabriel. “É verdade que Angela Merkel e o ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, estão focados no diálogo, ao invés do confronto, tal como os demais”, disse ele.

De acordo com o presidente do Centro de Comunicações Estratégicas, Dmítri Abzalov, o prolongamento da crise ucraniana e do regime de sanções não são de interesse dos europeus, “uma vez que isso iria apenas piorar a situação econômica no continente”.

 

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