Extremistas divulgam vídeo de execução de engenheiro russo na Síria

Gorbunov, juntamente com reféns de outros países, estava sendo mantido na cidade de Raqqa Foto: Slava Petrákina/Gazeta Russa

Gorbunov, juntamente com reféns de outros países, estava sendo mantido na cidade de Raqqa Foto: Slava Petrákina/Gazeta Russa

O vídeo do fuzilamento do engenheiro Serguêi Gorbunov, sequestrado na Síria, foi divulgado na internet. Segundo fontes, a execução foi realizada por extremistas do destacamento de um militante oriundo da ex-URSS, Omar al-Shishani, nativo da Geórgia. Acredita-se que o também russo Konstantin Juravliov, viajante da cidade de Tomsk, encontre-se em cativeiro.

Embora o vídeo da execução de Gorbunov tenha sido divulgado apenas na segunda-feira (27/10), indícios levam a crer que o ato tenha ocorrido ainda na primeira metade do ano. Desde então, os insurgentes estariam mostrando o vídeo do fuzilamento para os outros reféns a fim de intimidá-los.

Gorbunov, juntamente com reféns de outros países, estava sendo mantido na cidade de Raqqa (Ar-Raqquah), considerada “capital” do Estado islâmico. De acordo com o jornal “New York Times”, Gorbunov foi executado porque, na opinião dos militantes, ele era uma “mercadoria sem liquidez”, isto é, não seria possível receber um uma grande quantia pelo resgate.

“Certo dia, na primavera deste ano, homens mascarados vieram buscá-lo. Arrastaram o prisioneiro aterrorizado para a rua e atiraram nele. Eles fizeram um vídeo de sua execução. Depois disso, voltaram para mostrar as imagens aos reféns que permaneciam vivos e disseram: ‘Isso é o que acontecerá com vocês, se seu governo não pagar o resgate’”, publicou o jornal norte-americano.

As vítimas de Omar al-Shishani

De acordo com a imprensa, o grupo Kataeb al-Muhajireen, aliado ao Estado Islâmico, é responsável pelo sequestro dos russos. Composto por representantes de outros países do mundo islâmico, o grupo é conhecido pela extrema crueldade. Seus membros atuam principalmente na área da cidade de Aleppo, justamente onde o Exército sírio está travando batalhas persistentes com os militantes.

Em outubro do ano passado, os militantes postaram uma mensagem em vídeo de um homem que supostamente seria Serguêi Gorbunov. No vídeo, o russo lia um texto no qual solicitava às autoridades russas e sírias que o trocassem, por meio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, pelo saudita Khaled Suleiman, detido na cidade de Hama. Na ocasião, o grupo extremista Kataeb al-Muhajireen assumiu a responsabilidade pelo sequestro.

Os militantes também haviam postado na internet uma foto de outro sequestrado russo – Konstantin Juravliov, um viajante da cidade de Tomsk que foi sequestrado em 12 de outubro de 2013. Juravliov estava viajando de carona em direção ao Saara Oriental, onde pretendia passar sete dias em meditação. Ele se comunicou pela última vez de um subúrbio da cidade síria de Aleppo. Desde então, não foram recebidas novas informações sobre o seu destino.

Em março passado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia declarou que estava se esforçando para libertar Konstantin Juravliov e Serguêi Gorbunov, mas que as negociações haviam entrado em um beco sem saída.

Rumo à Rússia

De acordo com Geórgui Mirskii, pesquisador sênior do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais da Academia de Ciências Russa, o assassinato de Gorbunov era bastante previsível.

“Depois que cortaram a cabeça de dois americanos e, em seguida, de um inglês, ninguém no mundo deveria ter quaisquer ilusões sobre que tipo de pessoas eles são. São bandidos e mercenários que querem seguir os preceitos de Osama bin Laden, estão dispostos a lutar para criar um califado, como eles mesmos dizem, da Andaluzia até o Tartarstão. São absolutamente implacáveis”, disse Mirskii ao jornal “Vzgliad”.

O historiador contesta a opinião de que os extremistas islâmicos não têm nada contra a Rússia, já que o país não está participando da coalizão. “Aos olhos dos extremistas islâmicos, os russos se apresentam como inimigos, pois no Cáucaso eles se posicionam contra aqueles que lutam sob o lema ‘Allah Akbar’. O fato de a Rússia não estar participando da coalizão não tem importância para esses bandidos. Mais cedo ou mais tarde eles virão até aqui.”

 

Publicado originalmente pelo Vzgliad

 

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