Moscou apela à UE para financiar fornecimento de gás à Ucrânia

Em Milão, Pútin mostrou prontidão para assumir o compromisso de entrega Foto: Reuters

Em Milão, Pútin mostrou prontidão para assumir o compromisso de entrega Foto: Reuters

Cúpula Ásia-Europa, que aconteceu em Milão nos dias 16 e 17 de outubro, trouxe resultados positivos. Partes discutiram novas perspectivas de acordo para fornecimento de gás ao país vizinho.

O presidente russo Vladímir Pútin foi figura destaque na cúpula Ásia-Europa (ASEM), que ocorreu em Milão na sexta-feira passada (17). Tinha a agenda mais cheia: um discurso na sessão plenária da cúpula e muitas reuniões, começando pelo encontro à meia-noite com a chanceler alemã, Angela Merkel. Na sequência, o presidente russo ainda se reuniu com ex-presidente italiano e amigo Silvio Berlusconi, com quem permaneceu até as quatro horas da madrugada.

Às oito, Pútin já estava sorridente tomando café da manhã na Prefeitura de Milão ao lado primeiro-ministro italiano Matteo Renzi. À mesa estavam também o presidente da Ucrânia, Petrô Porochenko, a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.

O café da manhã durou uma hora e meia e transcorreu de forma “positiva”, de acordo com os participantes, incluindo Pútin. Mas o assessor de imprensa do presidente, Dmítri Peskov, havia dito anteriormente que “alguns dos participantes das negociações teriam sido tendenciosos e inflexíveis no posicionamento em relação à Ucrânia”.

Depois do café da manhã, os presentes seguiram para a cúpula da ASEM, onde discutiram os problemas considerados mais urgentes, como a crise na Ucrânia e a segurança energética da Europa e do mundo. Em meio a discursos de outros líderes mundiais, Pútin falou sobre a visão russa para “o desenvolvimento das relações no mundo em geral, e entre os diferentes continentes, na luta contra os desafios atuais do terrorismo, das doenças infecciosas e de outros problemas dos dias de hoje”.

Conta para a UE

Após a finalização da cúpula, os chamados “quatro da Normandia” (Pútin, Porochenko, Merkel e Hollande) se reuniram novamente para discutir em detalhes a crise na Ucrânia, sobretudo questões relacionadas ao gás.

“Acordamos novos critérios para o contratos de fornecimento, e agora só precisamos chegar a um acordo quanto ao método de financiamento, ou seja, quanto ao capital que irá cobrir os contratos”, declarou Porochenko ao término da reunião.

Essa avaliação positiva foi expressa também por Hollande. “Falta muito pouco para selarmos o acordo. Já temos entendimento quanto aos parâmetros básicos dos novos contratos, só falta discutir a parte financeira”, disse o presidente francês.

De acordo com Pútin, já foram acordadas as condições para retomada do fornecimento de gás à Ucrânia, “pelo menos no período de inverno”. O presidente russo adiantou que o país “não vai fornecer mais nada a crédito” e que, diante de dificuldades financeiras, os parceiros europeus deveriam dar apoio e ajuda à Ucrânia. “Os europeus também têm que assumir algum risco”, disse.

De volta à cena

Na coletiva de imprensa final, o presidente da Comissão Europeia se referiu ao evento como “um diálogo construtivo em relação a muitas questões”. “O fato de Pútin ter vindo à reunião foi uma excelente oportunidade para se falar (...) desde o duto South Stream até a Ucrânia”, afirmou José Manuel Barroso.

Herman Van Rompuy salientou que as partes mais uma vez reafirmaram a necessidade de cumprir os acordos de Minsk. “Pútin nos garantiu que não quer criar uma outra Transnístria em território ucraniano”, disse o presidente do Conselho Europeu.

“A maior participação da Rússia na arena mundial”, descreveu o premiê italiano Matteo Renzi. “A resolução da crise ucraniana é vantajosa para a Ucrânia, para a Europa e para a Rússia, que poderá regressar inteiramente ao cenário mundial.”

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