O aspecto importante para a solução do problema do EIIL, especialmente no Iraque, é a elaboração de uma política pública que permitiria a coexistência pacifica entre xiitas e sunitas Foto: Reuters
Na última segunda-feira (15), representantes das potências mundiais reuniram-se em Paris a fim de buscar formas de lutar em conjunto contra os membros do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL). Depois de discutir por horas a portas fechadas, os países assumiram o compromisso de organizar uma “ajuda militar ao Iraque em caráter de urgência”. No entanto, não especificaram os detalhes da futura ajuda na declaração final da reunião.
Anteriormente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, havia declarado em discurso à sua nação que os EUA planejam realizar ataques pontuais contra as posições dos militantes do Estado Islâmico. A estratégia de Washington prevê o enfraquecimento dos centros de agrupamento, restrições dos fluxos financeiros para os militantes, bem como a busca de maneiras de impedir a entrada de estrangeiros nas fileiras da organização terrorista. A Austrália, o Reino Unido e a Noruega já manifestaram o seu desejo de aderir à coligação. A Coreia do Sul, por sua vez, declarou que apoiaria os aliados se valendo de métodos pacíficos, isto é, prestando ajuda humanitária às vítimas dos militantes.
Posição da Rússia na guerra contra o EIIL
Na reunião em Paris, o Ministro das Relações Exteriores da Federação Russa, Serguêi Lavrov, declarou que os ataques contra as posições do Estado Islâmico na Síria sem uma interação com Damasco consistiriam em violação do direito internacional.
“As intenções de atacar as posições do EIIL na Síria, sem qualquer tipo de interação com o governo sírio, anunciadas publicamente, não podem deixar de causar preocupação. Enfatizo que a ameaça terrorista é demasiadamente grave para que a reação a ela possa estar fundamentada nesta ou naquela consideração ideológica e no descumprimento das normas do direito internacional", disse o chanceler.
Lavrov também declarou que a Rússia defende a preservação da independência, soberania e integridade territorial do Iraque e contou que Moscou já está prestando ajuda militar ao Iraque, à Síria e a outros países da região para o combate aos terroristas.
"Nesta luta, estamos do mesmo lado do Ocidente, e isso levará a uma diminuição das tensões. A própria vida faz com que a cooperação se torne obrigatória diante dos desafios e ameaças comuns. Vale a pena deixarmos de lado as abordagens políticas e tendenciosas de cada um e nos ocuparmos da solução do nosso principal problema - o reforço da segurança internacional", disse à Gazeta Russa Aleksandr Vavilov, doutor em Ciências Históricas e professor catedrático da Academia Diplomática do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
"Métodos puramente militares não vão funcionar no combate ao EIIL, porque esse grupo conseguiu formular uma ideologia que encontrou resposta nas massas e goza de bastante popularidade entre os jovens, não só no Oriente Médio, mas também no exterior", disse à Gazeta Russa Irina Zviagelskaia, doutora em Ciências Históricas e pesquisadora sênior do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências Russa. Ela acrescentou que, em certa medida, o EIIL impôs ordem nos territórios submetidos ao seu controle, o que vem a ser mais uma razão do aumento do número de seus partidários.
"Inevitavelmente, os ataques aéreos levarão ao aparecimento de vítimas entre a população civil e seria imprudente acreditar que os bombardeios vão conduzir à eliminação do problema. Tal abordagem unilateral somente irá deixar as pessoas com raiva e fará com que as fileiras do EIIL sejam complementadas com novos membros”, observou.
Na opinião de Zviagelskaia, as operações militares devem ser combinadas com esforços para restaurar a vida econômica normal nos territórios libertados, para que não haja ali um ambiente propício para a difusão da ideologia do jihadismo. Outro aspecto importante para a solução do problema do EIIL, especialmente no Iraque, é a elaboração de uma política pública que permitiria a coexistência pacifica entre xiitas e sunitas.
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