Aumenta cooperação com América Latina no combate às drogas

Diretor do Serviço Federal de Controle de Tráfico de Drogas, Víkor Ivanov Foto: Evguêni Beiatov / RIA Nóvosti

Diretor do Serviço Federal de Controle de Tráfico de Drogas, Víkor Ivanov Foto: Evguêni Beiatov / RIA Nóvosti

A importância da colaboração da polícia de drogas russa com o Uruguai e com outros países da América Latina se baseia na tendência contínua de aumento do tráfico de cocaína para a Rússia.

Durante visita ao Uruguai, o diretor do Serviço Federal de Controle de Tráfico de Drogas, Víkor Ivanov, declarou que, em 6 de agosto, polícias antidroga da Rússia e do Uruguai realizaram uma operação especial conjunta e apreenderam mais de 70 quilos de drogas.

“Realizamos uma grande operação conjunta em São Petersburgo. Foi detido um grupo de criminosos que contrabandearam cocaína de Montevidéu para a Rússia. Apreendemos 12 quilos de cocaína, 60 quilos de haxixe marroquino e drogas sintéticas”, declarou Ivanov.

Segundo ele, esse grupo enviava à Rússia cerca de 300 quilos de drogas através de São Paulo e Frankfut a cada dia. O organizador do grupo era um ex-membro da Direção do Serviço Federal para o Tráfico de Drogas (Fskn, na sigla em russo) de São Petersburgo, que foi expulso em 2009.

A importância da colaboração da polícia de drogas russa com o Uruguai e com outros países da América Latina se baseia na tendência contínua de aumento do tráfico de cocaína para a Rússia.

Em 2013, mais de 600 quilos de cocaína de origem latino-americana foram apreendidos na Rússia. O preço por um grama de cocaína em Moscou atinge US$ 150.

De acordo com os dados do Fskn, a situação de drogas na Rússia é preocupante, mas o volume de drogas no mercado está diminuindo. Segundo dados oficiais, cerca de 12,5% da população da Rússia (ao redor de 18 milhões de pessoas) experimentaram drogas ilegais. Aproximadamente o mesmo número de pessoas respondem que estão dispostas a experimentar drogas. De 3 milhões a 6 milhões dos russos são viciados em drogas. A idade média para começar o uso é 16 anos.

Durante recente viagem à América Latina, o presidente Vladímir Pútin, além de discutir os projetos econômicos e comerciais, falou sobre a guerra contra as drogas.

Produção

Segundo Ivanov, a América Latina é o segundo maior centro de produção de drogas depois do Afeganistão. Além disso, durante os últimos anos, a distribuição dos grupos criminais responsáveis pela produção e transporte de drogas mudou. Se no passado os principais fornecedores estavam na Colômbia, agora se encontram na Bolívia e no Peru.

“Metade dos usuários compram cocaína produzida nos países da América Latina”, disse Ivanov. A polícia latino-americana, com suas próprias forças, consegue interceptar apenas 30% de toda a produção. Os outros 70% são exportados para Estados Unidos, Europa e Rússia.

Para melhorar a situação, em 2012, o Fskn iniciou um curso para melhorar a qualificação dos departamentos de combate ao tráfico de drogas na Nicarágua e no Peru. 

Além disso, o órgão trabalha diretamente com as autoridades policiais em vários países da região. O Serviço Federal russo realiza operações conjuntas com Peru, Nicarágua, El Salvador, Honduras, Costa Rica e os países do Caribe. Agora, as forças usam o sistema de localização GPS para controlar com precisão os movimentos de criminosos. No entanto, em breve, o sistema russo Glonass vai substituir o GPS. A Rússia pretende instalar estações terrestres do Glonass na maioria dos países da região.

Colaboração entre os Brics

 Ivanov afirmou que a criação pelos países do bloco Brics (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) de um grupo de trabalho dedicado à guerra contra as drogas é um evento extraordinário. Os Estados vão participar na eliminação da produção de drogas no Afeganistão junto com a Rússia.  De acordo com Ivanov, a eliminação da produção de drogas no Afeganistão e na América do Sul permitirá acabar com 50% do tráfego de dinheiro relacionado com as drogas.

"Podemos dizer que a cocaína latino-americana e a heroína afegã são as drogas mais relacionadas ao crime", diz o vice-diretor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia, Vladímir Súdarev.

“O volume de produção dessas drogas está diretamente relacionado com o crescimento do terrorismo, da violência e do extremismo, através da formação de grupos paramilitares. Hoje, 95% de heroína é produzido no Afeganistão, onde a área de cultivo de ópio aumenta de 15% a 20% cada ano. Um quilo de heroína custa US$ 1.000 no Afeganistão e US$ 100 mil na Rússia. A saída do contingente militar da Otan do Afeganistão em 2014 permitirá aumentar o fluxo de drogas através da rota do norte. Por isso, os parceiros russos do bloco Brics vão reforçar o controle da produção ilegal de drogas", explica Súdarev.

Além disso, a polícia de drogas da Rússia assinou um acordo com os seus colegas dos países do Brics para estreitar relações entre funcionários. Isso permitirá melhorar o intercâmbio de informações. O Fskn pretende enviar seus representantes para Brasil, Índia e África do Sul.

O órgão também está interessado na criação, no âmbito do Sistema de Integração Centro-Americana, de um grupo de trabalho convidando os principais especialistas da ONU, das organizações da região e do Banco Mundial para elaborar uma nova política contra drogas baseada no direito dos países em desenvolvimento.

Em Moscou, também planejam criar um grupo semelhante na Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe, que é composta por 33 membros.

 

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