"Todos os países da União Europeia estão interessados nas boas relações com a Rússia" Foto: Reuters
O representante da União Europeia na Rússia, Vygaudas Ušackas, acredita que as diferenças entre Moscou e Bruxelas são temporárias e declarou que a Europa continua a ver Moscou como um parceiro importante e natural, tanto na economia como na política.
A Gazeta Russa apresenta os destaques da sua entrevista à agência de notícias Ria Nóvosti.
Sobre as críticas da Rússia
"Na minha opinião, agora é muito importante não trocar acusações. Acho que é preciso, em primeiro lugar, garantir o livre acesso ao local da tragédia com o avião para realizar a investigação. Em segundo lugar, todas as partes envolvidas no conflito devem aceitar a responsabilidade política pela tragédia. No contexto dos acontecimentos recentes, estamos muito decepcionados com o fato de que até agora não foi feito um apelo público aos separatistas para que detenham as ações militares.
Sobre as sanções
O fato de a UE aprovar sanções contra políticos russos é uma anomalia. Tudo na vida é temporário, e as sanções não são uma exceção. Quando são aprovadas por um período temporário podem ser prolongadas ou canceladas. O objetivo das sanções é influenciar sobre as decisões dos nossos parceiros. O próprio fato de que no século 21 aprovemos as sanções contra a Rússia é impressionante.
O que impede o entendimento mútuo
Para ser sincero, um dos problemas mais complexos é a percepção e apreciação da Ucrânia. Na Rússia, entendem que a Ucrânia é uma parte do patrimônio histórico da Rússia. A posição da União Europeia baseia-se no fato de a Ucrânia ser um Estado independente, que tem o direito de tomar decisões independentes sobre as suas relações com outros países. Enquanto ainda não conseguimos encontrar uma solução comum para o conflito, será muito difícil recuperar nossa sintonia anterior.
Sobre a cooperação com a Rússia
Nós sempre declaramos que não temos um parceiro econômico e político mais natural e próximo que a Rússia, e não só porque compartilhamos o mesmo continente e uma mesma história. Também seria muito mais benéfico colaborar após a criação de um espaço econômico comum de Lisboa a Vladivostok.
É preciso entender que agora somos vítimas da crise na Ucrânia. Se não encontrarmos uma abordagem comum para a estabilização da situação na Ucrânia, será muito difícil voltar às nossa relações antigas, que foram bem-sucedidas para todas as partes.
Todos os países da União Europeia estão interessados nas boas relações com a Rússia, não só comerciais, mas também em termos de política internacional, ciência e educação, áreas que atualmente estão se desenvolvendo de forma muito satisfatória, independentemente da profunda crise política.
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Este é o Ano da Ciência na União Europeia e na Rússia. Além disso começarão os novos programas Horizonte 2020 que oferecerão enormes oportunidades para cientistas e pesquisadores russos. No outono deste ano começará um novo programa de intercâmbio de alunos e professores no âmbito do programa Erasmus +.
Sobre a cúpula UE-Rússia
É importante apoiar o diálogo sobre a resolução da crise no nível mais alto. Estou convencido de que os atuais e os futuros líderes da Comissão Europeia e do Conselho da União Europeia prestarão muita atenção às relações com a Rússia e à resolução do conflito na Ucrânia.
Não posso dizer quando a cúpula será realizada, mas como representante da União Europeia estou muito decepcionado com as mudanças nas relações com a Rússia. Ao mesmo tempo, espero que a gente saia dessa fase da crise através de restauração inevitável da confiança entre os nossos países.
Publicado originalmente pela RIA Nóvosti
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