EUA estão desenvolvendo um míssil-alvo de alcance médio e intermediário para a realização de testes dos interceptores antimísseis Foto: Leonidl
Os EUA acusaram a Rússia de violar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, segundo revelou um representante da administração americana a um correspondente da ITAR-TASS em Washington.
De acordo com Washington, a Rússia estaria desrespeitando o "compromisso de não possuir, produzir ou realizar testes com mísseis de cruzeiro lançados da terra e com um raio de alcance entre 500 e 5.500 km, e não possuir nem produzir lançadores desses mísseis", disse o representante do governo americano. Segundo ele, os EUA estão considerando essa questão "muito grave". "Estamos tentando discutir o assunto com a Rússia já faz algum tempo", disse o representante.
De fato, Washington já havia sinalizado publicamente a sua preocupação com supostos problemas no cumprimento das disposições do tratado INF por parte de Moscou. Durante encontro com jornalistas em maio, a vice-secretária de Estado para o Controle de Armamento e Segurança Internacional, Rose Gottemoeller, falou sobre as suspeitas de que a Rússia estivesse desenvolvendo mísseis de cruzeiro com base em terra.
Gottemoeller não especificou de que tipo de míssil estava falando. Mas, segundo fontes diplomáticas e militares, a questão pode estar relacionada com o míssil de cruzeiro naval criado na Rússia, que não está incluído no tratado INF, mas que, para um teste mais confiável de suas características de desempenho, foi testado em terra, para o desagrado de Washington.
EUA contornam tratado
Por outro lado, em resposta às críticas de Washington, especialistas russos argumentam que os próprios EUA têm violado repetidamente o tratado INF. De acordo com o professor da Academia de Ciências Militares, o major-general Midikhat Vildanov, Washington viola regularmente as disposições do tratado ao realizar lançamentos de teste de defesa antimíssil GBI (Ground-Based Interceptor), concebida para interceptar mísseis de longo alcance no setor médio de suas trajetórias, explicou ele ao RBTH.
Vildanov lembrou as palavras de Iúri Solomonov – o projetista dos mísseis estratégicos russos de combustível sólido Topol, Topol-M, Iars e Bulava –, que destacou mais de uma vez que "apesar de teoricamente o míssil-alvo ser um míssil da classe ar-terra, modificá-lo para um de classe terra-terra não representa nenhuma dificuldade”.
Desse modo, salientou o general, os EUA estão desenvolvendo um míssil-alvo de alcance médio e intermediário para a realização de testes dos interceptores antimísseis. Além disso, o país introduziu, sem o acordo da parte russa, o termo "alcance intermediário" no tratado. Segundo o especialista, os EUA também não fazem demonstrações nem apresentam as características específicas de seus mísseis-alvo, não informam os locais de lançamento dos mísseis-alvo e não dão informações sobre o estado e deslocamentos dos mesmos.
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Como resultado, os norte-americanos criaram um novo míssil de médio alcance para os testes dos seus próprios sistemas de defesa, violando o tratado INF. Isso lhes permitiu fazer quase 22 interceptações antimíssil bem-sucedidas, colocar ao serviço das forças armadas o sistema antimíssil do tipo Standard 3 e iniciar a colocação do sistema terrestre antimíssil Aegis na Romênia.
Cumprimento do acordo deve ser controlado
O diretor do Centro de Segurança Internacional Imemo da Academia Rússia de Ciências, Aleksêi Arbatov, acredita que os problemas de cumprimento do tratado INF por ambas as partes, bem como de outros tratados russo-americanos, não devem ser trazidos para o espaço da discussão pública. Para isso existem comissões bilaterais no âmbito desses acordos. Todos os meandros e detalhes dos procedimentos contratuais devem ser analisados e decididos por especialistas.
Em cumprimento às cláusulas do tratado INF, a União Soviética destruiu 1.752 mísseis e 845 lançadores, três instalações de fabricação de mísseis e lançadores e 69 mísseis de bases operacionais. Foram desmontados também os sistemas tático-operativos Oka (OTR-23), "irmãos mais velhos" do atual Iskander M, que não alcançavam uma distância de lançamento de 500 km – chegavam apenas a 480 km –, mas que, a pedido insistente de Washington, foram incluídos no contrato. Os Estados Unidos, por sua vez, destruíram 859 mísseis de médio e curto alcance, 283 lançadores, sete instalações de produção de mísseis e lançadores e nove bases de mísseis.
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