Petró Porochenko já declarou diversas vezes que uma guerra está sendo promovida contra a Ucrânia Foto: Reuters
O jornal "Kommersant" noticiou que um funcionário do Comitê Interestatal de Aviação (órgão executivo dos 11 Estados da ex-União Soviética, com sede em Moscou) e faz parte da comissão internacional para investigação das causas do acidente com o Boeing 777 da Malaysia Airlines na região de Donetsk. A participação dá à autoridade o direito de fiscalizar a objetividade do processo e até mesmo expressar oficialmente o seu desacordo com as conclusões de colegas, disse a publicação.
O jornal acredita que provavelmente não haverá contradições entre os membros da comissão, pois eles vão "apenas confirmar que o avião estava em boas condições, que seus pilotos não cometeram erros e que a causa do acidente foi o disparo" de um míssil. Segundo o jornal, um dos representantes do Comitê Interestatal de Aviação é um especialista russo.
O "Kommersant" enfatizou que, se o especialista do Comitê Interestatal de Aviação considerar a investigação tendenciosa ou politicamente forjada, ele pode formalmente expressar seu desacordo com os resultados. No entanto, a importância política do convite de um representante russo para a comissão internacional, de acordo com o especialista do jornal, não deve ser exagerada.
As respostas sobre "quem disparou no Boeing, se o ataque ao avião civil foi por engano ou se foi intencional provavelmente permanecerão nos bastidores da investigação internacional", informou o jornal. O “Kommersant” acredita que políticos, representantes dos órgãos de defesa e funcionários dos serviços de inteligência da Rússia, Ucrânia e Estados Unidos continuarão a divergir sobre essas questões: "diferentemente dos especialistas técnicos, essas pessoas dificilmente chegarão a um consenso".
Em reportagem desta quinta-feira (24), o jornal “Nezavissimaia Gazeta” escreveu que o presidente da Ucrânia, Petro Porochenko, já declarou diversas vezes que uma guerra está sendo promovida contra a Ucrânia, mas se nega a instaurar a lei marcial. Segundo o jornal, durante uma reunião com representantes de grupos parlamentares, ele explicou que a lei marcial significaria a interrupção dos empréstimos do FMI e a proibição de fornecimento de produtos militares para a Ucrânia.
"Os representantes da equipe do presidente também acreditam que a lei marcial não permitiria a realização de eleições parlamentares no leste, o que significa que os residentes das unidades federativas de Donetsk e Lugansk não poderiam fazer a sua escolha", observou o "Nezavissimaia".
Além disso, a publicação destacou que especialistas do Ocidente estão apenas começando a investigação e "em Kiev, diz-se com confiança que o avião foi abatido pelos rebeldes que receberam sistemas de mísseis antiaéreos do território da Rússia". Devido a isso, informou o "Nezavissimaia", a Ucrânia teria imposto sanções e tomado atitudes contra indivíduos da liderança russa: recentemente o Ministério do Interior ucraniano lançou uma investigação contra o chefe do Ministério da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, e contra o empresário russo Konstantin Malofeeva, sob suspeita de organização da assistência técnico-militar das autoproclamadas repúblicas populares de Lugansk e Donetsk.
"No que diz respeito às sanções, elas podem ter impacto sobre empresas do complexo militar-industrial, de construção de máquinas, aviões e indústria espacial. Estas são esferas de alta tecnologia muito sensíveis”, sugeriu um especialista citado pelo jornal. Ele também disse que "o volume de exportações russas para a Ucrânia não é tão significativo quanto o das exportações ucranianas para a Rússia", e os produtores ucranianos terão de procurar novos mercados. Segundo o jornal, os ucranianos admitem que as sanções podem ter impacto sobre alguns bancos russos, mas somente se o Conselho de Segurança da Ucrânia provar seu envolvimento com "financiamento do terrorismo". No entanto, especialistas do jornal duvidam que isso acontecerá.
A "Gazeta.ru" escreveu que o parlamento da Ucrânia poderá fazer uma reunião fechada, na qual a principal questão será a introdução da lei marcial em Donbass. Atrás do desejo de alterar o status das regiões abrangidas pelo conflito armado, claramente se percebe a tentativa de não permitir a realizações de eleições parlamentares antecipadas, acredita o presidente do Centro de Pesquisas Políticas Aplicadas Penta, Vladimir Fesenko, citado pela "Gazeta.ru".
De acordo com a legislação ucraniana, a decisão de instaurar a lei marcial só pode ser tomada pelo presidente. Além disso, o regime de lei marcial está conjugado com possibilidades como o confisco de propriedade privada para atender às necessidades do exército, disse o jornal, e isso "dificilmente contribuirá para o crescimento da popularidade das ações militares".
Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: