De acordo com o jornal “Kommersant”, o comando da não reconhecida República de Donetsk afirmou que, no momento da queda do Boeing, as milícias abateram um An-26 ucraniano. A parte ucraniana, por sua vez, sugere que as milícias, tendo confundido os alvos aéreos, atacaram o avião civil.
“Note-se que ambas as partes do conflito possuem no seu arsenal sistemas de mísseis antiaéreos Buk capazes de atingir um avião a grande altitude”, ressalta a publicação. O “Kommersant” informa que o avião caiu em uma área sob o controle das autoridades da república não reconhecida e, por isso, foram as milícias que organizaram a busca dos corpos e das caixas negras da aeronave.
Em entrevista ao “Kommersant”, o especialista militar ucraniano Igor Levtchenko confirmou que as forças do governo também têm vários Buk na zona dos combates, no entanto, “esses sistemas estão na sede das operações antiterroristas e, certamente, não seriam usados contra alvos civis, como um avião de passageiros”.
A parte ucraniana anunciou que pretende, com a ajuda dos especialistas internacionais, incluindo os da empresa Boeing, conduzir a sua própria investigação do incidente. O governo de Kiev prontamente anunciou que o avião teria sido abatido pelas milícias, e o presidente Petrô Porochenko descreveu o incidente como um ataque terrorista. “O Ocidente reagiu com mais cautela”, escreve o jornal.
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“A Casa Branca, exigindo uma investigação da tragédia, critica Moscou, que, em sua opinião, fomentou de forma consistente o conflito no sudeste da Ucrânia, apoiou os separatistas, fornecendo-lhes armas e treinando-os”, publicou o “Nezavisimaia Gazeta”. Nos Estados Unidos, segundo a publicação, acredita-se que o míssil tenha sido disparado pelas milícias ou por militares russos.
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O portal Gazeta.ru sugere que “a causa mais provável da queda do avião no leste da Ucrânia terá sido um míssil lançado por um sistema antiaéreo Buk” – um poderoso meio de defesa aérea que a Ucrânia herdou como legado da União Soviética e, mais recentemente, apareceu também no lado das milícias. A publicação faz uma análise detalhada das características técnicas desse tipo de armamento e lembra que o sistema de mísseis de defesa aérea militar Buk é um dos produtos mais populares da Rosoboronexport, a única exportadora autorizada de armas e equipamentos militares da Rússia.
O sistema Buk, segundo o veículo, é também comercializado pelos países da CEI, que os herdaram igualmente da época soviética, e são usados em combate em todo o mundo, como na Síria e no Afeganistão. Ainda de acordo com o Gazeta.ru, que se baseia nas especificações técnicas do equipamento, um sistema desses permite atingir um alvo que se encontre a uma altitude de até 25 km. Além disso, possui grande mobilidade: pode ser aberto e preparado para operação ou fechado em apenas cinco minutos. “São necessários profissionais qualificados para conseguir apontar e fixar um alvo. Na mão desses profissionais, um Buk pode atingir um objeto que se encontre a uma distância de cerca de 40 km dele”, escreve o Gazeta.ru.
Enquanto os representantes da República Popular de Donetsk garantem não ter uma arma que permitiria abater uma aeronave a grande altitude, os representantes da República Popular de Lugansk, diz o Gazeta.ru, apresentaram uma versão diferente do ocorrido: o Boeing 777 teria sido abatido por um Su-25 ucraniano, que foi depois derrubado pelas milícias. “No entanto, o teto de alcance dessa aeronave é de 5 km, o que torna esta versão improvável.”
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O jornal “Vzgliad” ressaltou que “o avião caiu exatamente no local onde no momento estão acontecendo os confrontos mais acérrimos entre as milícias de Donetsk e o Exército ucraniano”. As autoridades ucranianas culpam a defesa antiaérea das milícias pela tragédia, no entanto, os argumentos a favor da culpa dos militares ucranianos, de acordo com a publicação, são mais convincentes.
De acordo com o “Vzgliad”, a imprensa ucraniana já acusou as milícias de Donbass pelo ocorrido, lembrando que nos últimos tempos elas conseguiram derrubar dois aviões militares de transporte da Força Aérea da Ucrânia. Além disso, o jornal também informa que o Buk é um sistema semiautomático e que a participação humana no seu comando é mínima. “Por isso, as milícias poderiam facilmente ter conseguido operar o sistema. Especialmente porque nas suas fileiras se encontram seguramente pessoas que operaram sistemas semelhantes durante o serviço militar na União Soviética e, posteriormente, no Exército ucraniano.”
A publicação levanta questões não só em relação às milícias, que combatem a aviação ucraniana com sistemas de defesa aérea, mas “em relação aos países ocidentais, que incentivam as autoridades de Kiev a restaurar a ‘ordem’ no leste da Ucrânia”. O especialista militar e editor-chefe da revista “Natsionálnaia Oborôna” (Defesa Nacional), Igor Korotchenko, diz que “devido à baixa qualificação do pessoal e dos cálculos, poderá ter acontecido um lançamento acidental ou não intencional por erro do operador, o que levou ao abate do Boeing da Malásia”.
Fonte: YouTube
Além disso, o especialista entrevistado pelo “Vzgliad” lembrou sobre os relatos anteriores de que as milícias tinham se apoderado de vários lançadores do sistema de mísseis terra-ar Buk, mas que as autoridades ucranianas anunciaram oficialmente que esses sistemas estavam com defeito e que haviam sido deliberadamente danificados pelos militares ucranianos.
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