Kiev negou qualquer envolvimento no lançamento de projéteis sobre a cidade russa de Donetsk Foto: RIA Nóvosti
“Pelos nossos dados, dos sete projéteis que caíram em Donetsk [cidade homônima russa na região fronteiriça de Rostov – nota da redação], seis explodiram, e um não. Estamos falando de projéteis de artilharia de 122 milímetros”, disse o funcionário do comando da política de informação do governo de Rostov, Aleksandr Titov, à agência Interfax.
Trata-se do o primeiro caso de morte de um cidadão russo em território nacional em resultado do conflito armado na Ucrânia.
Moscou culpou as autoridades de Kiev pelo incidente e falou sobre consequências “irreversíveis” do lançamento dos projéteis em território russo. O vice-chanceler, Grigóri Karassin, garantiu uma resposta dura e precisa. “Estamos analisando o que aconteceu e os desenvolvimentos recentes sugerem que está ocorrendo uma perigosa escalada de tensões na fronteira”, declarou.
Durante uma reunião no Rio de Janeiro com a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente russo, Vladímir Pútin, ressaltou a necessidade urgente de retomar os trabalhos do grupo de contato para a Ucrânia. Os líderes concordaram que a situação no sudeste está degradando, e o lado alemão incitou Moscou a aumentar a pressão sobre os separatistas na tentativa de travar o conflito.
Reação da Ucrânia
Kiev negou qualquer envolvimento no lançamento de projéteis sobre a cidade russa de Donetsk. “Os soldados ucranianos nunca dispararam, não disparam nem vão disparar sobre o país vizinho ou bairros residenciais. Esperamos das autoridades russas objetividade e imparcialidade em suas avaliações quanto à causa do trágico incidente na cidade de Donetsk, na região de Rostov, e estamos prontos para cooperar na investigação”, declarou o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia.
A liderança das autoproclamadas repúblicas, entretanto, acusa as autoridades ucranianas pela morte do cidadão russo. “Existe uma probabilidade de 90% de isso ser obra das tropas ucranianas. Acontece que nós temos problemas com armamento pesado, temos deficit de projéteis e esse tipo de equipamento é operado por profissionais qualificados”, disse o vice-premiê da República Popular de Donetsk, Andrêi Purguin, à Interfax.
Retaliar ou não
Citando fontes no Kremlin, o jornal “Kommersant” anunciou que Moscou planeja fazer “disparos cirúrgicos de retaliação” sobre o Exército da Ucrânia, caso continuem os ataques ao território russo. Uma postura semelhante foi também assumida pelo vice-presidente do Conselho da Federação (Senado russo), Evguêni Buchmin.
“É preciso mostrar à sociedade que qualquer ataque contra a Rússia será interceptado. É necessária uma resposta adequada e precisa”, disse Buchmin à agência Ria Nóvosti.
De acordo com o senador, que passou as últimas duas semanas na região de Rostov, “se antes os ataques não eram dirigidos contra os guardas fronteiriços russos, agora são cada vez mais as provocações, porque não há outra maneira de nos forçar a entrar em confronto com as forças ucranianas”.
Sem revide
O porta-voz do Kremlin, Dmítri Peskov, qualificou como “absurdas” as declarações sobre quaisquer planos de Moscou promover os chamados “ataques cirúrgicos”. “Essas informações não correspondem à realidade”, garantiu Peskov à agência Bloomberg.
O diretor do Centro Carnegie de Moscou, Dmítri Trenin, também afasta a possibilidade de um cenário plenamente militar na Ucrânia por parte da Rússia. “Apesar de o trágico incidente em Rostov ter tido grande ressonância, é improvável que a estratégia básica do presidente Vladímir Pútin mude em relação à Ucrânia”, diz Trenin.
“Essa estratégia consiste em realizar os interesses da Rússia sem intervenção direta no conflito na Ucrânia, a qual levaria à ruptura completa com o Ocidente, especialmente com a Europa”, acrescenta o especialista.
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