Foto: Fernando Pastorelli
Rossyiskaia Gazeta: O senhor acompanhou os jogos da seleção russa? Conseguiu ir ao estádio para assistir ao vivo a uma das partidas?
Konstantin Kamenev: É claro, fiquei torcendo pela Rússia com todo o meu coração! Assisti aos jogos dos quais a nossa seleção participou. Acompanhei pela televisão as partidas contra a Coreia do Sul e a Bélgica, e viajei a Curitiba para torcer no duelo contra a Argélia, ainda mais que essa é nossa área de jurisdição consular. Não fiquei escondendo emoções, pode acreditar!
RG: E o que o senhor achou do jogo?
Konstantin Kamenev: Ficaram muitas impressões que vão permanecer na lembrança por um longo período. A propósito, estava sentado ao lado do embaixador da Argélia, do prefeito de Curitiba e do ministro dos Esportes brasileiro, e nenhum de nós permaneceu indiferente. Honestamente, acho que os nossos futebolistas jogaram bem na Copa – passagens de bola rápidas, passes bem feitos, velocidade e técnica. Tudo isso falava em nosso favor também no dia da partida com os argelinos. O primeiro gol foi simplesmente formidável! Mas depois...tive dúvidas e, segundo ouvi, até mesmo Fabio Capello levantou questões sobre o árbitro turco. Parecia estranho – um juiz da Turquia apitando uma partida da Rússia contra a Argélia. A Fifa poderia ter proporcionado uma opção mais objetiva.
RG: E o que o senhor pode dizer sobre a cidade de Itu, que serviu de base para a seleção russa?
Konstantin Kamenev: Quando fiquei sabendo que o time russo tinha escolhido Itu para a sua base, comecei a viajar para lá, passei a fazer isso desde janeiro. Imediatamente achamos uma linguagem em comum com o prefeito e secretários de esportes, cultura e assuntos da juventude e educação. O mais importante foi que nos atenderam com respeito, resolviam todas as questões com sensibilidade, sem burocracia e percalços. Pode-se dizer que nos trataram como visitas muito queridas, o que é totalmente consistente com o espírito de parceria estratégica entre os nossos países.
Um espaço para instalar o ponto de apoio consular foi disponibilizado para a Rússia no prédio da Secretaria de Turismo, localizado em uma das praças centrais da cidade. Destaco também que os moradores locais são pessoas muito afáveis e benevolentes. São basicamente descendentes de imigrantes europeus, por isso, nos sentimos bastante confortáveis lá. Os nossos vizinhos, japoneses, que também ficaram instalados em Itu estavam muito satisfeitos com a recepção.
RG: A chegada da seleção russa se transformou em um grande evento para as autoridades locais?
Konstantin Kamenev: Com certeza. Além disso, um dos principais centros comerciais propôs que nós, juntamente com os japoneses, montássemos uma exposição dedicada às equipes de futebol russa e japonesa e aos dois países. Nós levamos para lá tudo o que encontramos em casa – uma das colaboradoras levou algumas “matriochkas” que ela havia trazido de suas férias, também dispusemos fotografias de típicas paisagens russas, dom-fafes (pequenas aves comuns na Europa) e pinheiros. Foi um grande sucesso! E os moradores de Itu usaram sua criatividade e fizeram a imagem de um coração que tinha no meio a bandeira brasileira e dos lados, a nossa bandeira e a dos japoneses. Creio que eles agiram corretamente, pois naqueles dias todos receberam cuidados e atenção.
RG: Como o senhor avalia o desempenho Brasil como sede da Copa do Mundo?
Konstantin Kamenev: Na minha opinião, creio que o evento foi realizado com bastante êxito. Além disso, este ano o país aguarda as eleições – esse é o contexto que determina as avaliações, incluindo as do Campeonato Mundial de futebol.
RG: O senhor, como um homem que trabalhou por muitos anos no Brasil, pode nos explicar por que existem tantos jogadores brilhantes no país?
Konstantin Kamenev: Tudo é bem simples. A nação brasileira respira futebol, esse jogo é absorvido com o leite da mãe. Joga-se bola em todos os lugares, desde manhã até a noite, nos bairros mais pobres e naqueles onde vive a classe média. É uma espécie de paixão nacional, um sonho. Penso que é aí onde se deve procurar as raízes.
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