Após o fracasso das negociações entre a Gazprom e a Naftogaz, Kiev propôs transferir 49% do seu sistema de transporte de gás para a gestão de empresas europeias e americanas Foto: AFP/East News
As negociações entre as petrolíferas Gazprom e Naftogaz não trouxeram qualquer resultado, e a Ucrânia, que enfrenta a interrupção do fornecimento de gás russo, está tentando limitar os planos do vizinho de construir o South Stream, que passará ao longo de seu território. Com esse objetivo, Kiev sugere transferir 49% de seu sistema de transporte de gás para a gestão de empresas europeias e norte-americanas.
No entanto, é pouco provável que o projeto possa reduzir o interesse da Europa no South Stream, já que o consumidor europeu está preocupado sobretudo com a estabilidade do fornecimento de gás. “Os investidores entram no projeto quando têm garantia de retorno. Esse projeto só pode ser realizado em caso da disponibilidade de volumes de trânsito, que pode ser garantido só pela Gazprom”, diz o vice-diretor do Fundo de Segurança Nacional de Energia, Aleksêi Grivach.
“Mas a empresa não quer dar esse tipo de garantia, pois acredita que o trânsito através da Ucrânia é um grande risco. Esse projeto pode ser realizado apenas em um caso: se a Europa categoricamente renunciar ao South Stream”, aponta Grivach.
Fronteira em risco
Paralelamente, os confrontos no sudeste da Ucrânia se aproximaram da fronteira russa. Após os combates e tiros de morteiro, vários funcionários aduaneiros dos dois países foram feridos. Cerca de 80 funcionários aduaneiros ucranianos entraram no território da Rússia e, de acordo com a agência de notícias Itar-Tass, pediram “proteção contra perseguições”. Além disso, edifícios e estruturas de engenharia do posto de fronteira de Novoshahtinsk também acabaram danificados.
“Apesar do pedido do presidente ucraniano para cessar fogo, os combates no sudeste continuam. Os acontecimentos na fronteira são um exemplo vivo de que o novo governo não tem controle total sobre a situação nem sobre as formações de grupos de combate de Kiev”, sugere o especialista militar independente, Viktor Litóvkin.
O Kremlin respondeu rapidamente à notícia sobre o bombardeio da fronteira russa, exigindo uma explicação e um pedido de desculpas em relação ao ocorrido. Porém, o Ministério da Defesa da Ucrânia informou que os soldados nacionais não atiraram “na proximidade da fronteira com a Rússia” e culparam “terroristas” pelo ataque de morteiro.
Refúgio e trabalho
Após o início das operações militares no sudeste da Ucrânia, a quantidade de refugiados para a Rússia aumentou dramaticamente, sobretudo na região de Rostov. Enquanto alguns resolveram se estabelecer por lá, outros partem para outras regiões do país.
De acordo com o representante oficial do Ministério para Situações de Emergências da Rússia, Aleksandr Drobichevski, foram criados 220 pontos de alojamento temporário para receber os refugiados nas regiões sul e central da Rússia. “No momento, há nos alojamentos 11.100 pessoas, entre os quais 5.400 são crianças”, anunciou Drobichevski.
Caso os refugiados decidam ficar no país, eles poderão obter a cidadania russa dentro de três meses. Durante a análise dos pedidos, as pessoas terão a possibilidade de conseguir trabalho por meio dos centros móveis de emprego, que operam nas regiões fronteiriças.
“Os refugiados podem obter rapidamente um emprego no setor de serviços, como cozinheiros ou assistentes de cozinha. Também há vagas para operários de construção. Os salários nessas áreas chegam a 40 mil rublos [cerca de US$ 1.175]”, diz uma representante do serviço de emprego local.
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