O encontrou entre Pútin e o novo chefe ucraniano, Petrô Porochenko, foi solicitado pelos líderes da Franca e da Alemanha Foto: AP
Apesar da relativa aproximação durante o encontro na sexta-feira passada (6), Vladimir Pútin e Barack Obama não esconderam a frieza no relacionamento entre os seus países durante a sessão de fotos organizada no castelo de Bénouville, na França. O evento marcou a primeira conversa dos líderes russo e americano desde o início da crise ucraniana.
De acordo com o ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, o presidente russo teria confessado a seu homólogo francês, François Hollande, a falta de controle sobre os “separatistas ucranianos que realizaram os referendos nas unidades federativas de Lugansk e Donetsk contra a vontade do governo russo”.
Pútin também manteve uma longa conversa com a chanceler alemã Angela Merkel, que apresentou interesse no restabelecimento das relações entre a Rússia e os países ocidentais. Fontes ressaltaram que Merkel teria mostrado preocupação com as possíveis consequências para a Alemanha das sanções contra a Rússia anunciadas na reunião da cúpula de G7, em Bruxelas.
No entanto, a reunião entre os chefes de Estado aconteceu a portas fechadas, e o assessor de Pútin, Iúri Uchakov, apenas adiantou que “os principais assuntos abordados no encontro foram ligados à busca das soluções, e não incluíam debates sobre as diferenças referentes à crise na Ucrânia”.
Porochenko por Pútin
O encontrou entre Pútin e o novo chefe ucraniano, Petrô Porochenko, foi solicitado pelos líderes da Franca e da Alemanha. Nas palavras do chefe de Estado russo, a reunião “durou cerca de 15 minutos, ao longo dos quais foram discutidos as principais questões ligadas à resolução do conflito entre nossos dois países”.
Mais tarde, o líder russo expressou a sua satisfação com o plano apresentado pelo homólogo ucraniano. “O ponto de vista de Porochenko me pareceu correto”, comentou Pútin, ao reiterar a necessidade de diálogo entre o governo local e os representantes do sudeste do país.
Em entrevista coletiva, Pútin também falou sobre a futura entrada da Ucrânia na União Europeia, ressaltando as possíveis medidas de segurança a serem tomadas pelo governo da Rússia – entre elas, a anulação da isenção de taxas de importação para certos fabricantes ucranianos e alterações no regime de permanência dos cidadãos ucranianos em solo russo.
Apesar das previsões, o assunto polêmico referente aos preços de gás não foi incluído na agenda da reunião entre os presidentes. “Não descartamos a possibilidade de ver os nossos parceiros ucranianos liquidarem a dívida acumulada”, afirmou Pútin. “Porém, o risco de calote continua sendo alto, portanto, nos vimos obrigados a reduzir o volume do produto fornecido.”
Passos lentos
Na opinião de Porochenko, a reunião foi tensa, principalmente devido aos debates em relação à Crimeia. Mesmo demonstrando contentamento com a retomada de diálogo, o presidente ucraniano afirma que “a negociação não foi nada fácil”. Ambos concordaram com a permanência de um representante russo no território da Ucrânia que participará das negociações para a resolução dos possíveis conflitos entre os dois países.
O governo dos Estados Unidos considerou o primeiro encontro entre Pútin e Porochenko como um “bom passo” no caminho da resolução da crise, assim como uma possível chance de a Rússia restabelecer o diálogo com os dirigentes americanos, caso a presente tendência positiva seja mantida.
“Os resultados das reuniões com a participação do Vladimir Pútin em solo francês demonstraram a forte posição da Rússia em relação à crise ucraniana e a confiança dos dirigentes do país nas medidas tomadas por eles”, declarou Mikhail Marguelov, presidente do Comitê da Assembleia Federal da Rússia, em entrevista à Gazeta Russa. “Pútin deixou claro que a solução da crise não será possível sem o cancelamento da chamada operação antiterrorista no leste da Ucrânia e sem o início do diálogo do governo do país com os representantes de Donetsk e Lugansk.”
No entanto, o senador não tem certeza de que o novo presidente será capaz de mudar drasticamente o atual rumo político da Ucrânia. “Por enquanto não temos uma única resposta a esta pergunta, pois Porochenko está disposto a prosseguir com a sua agenda divulgada ainda durante a sua campanha pré-eleitoral”, disse Marguelov.
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