“É preciso parar imediatamente a operação punitiva conduzida no sudeste da Ucrânia", diz presidente da Rússia Foto: AFP/East News
Encontro com Porochenko
“Quando ainda estava na Rússia, disse que não pretendia me esconder de ninguém neste evento – isso seria uma falta de educação e não se faz. Entre outras coisas, o presidente da França [François Hollande] e a chanceler alemã [Angela Merkel] me pediram uma reunião com a participação deles e do [novo presidente da Ucrânia, Petrô] Porochenko.
O encontro foi realizado, como é costume dizer nestes casos, ‘à margem do evento’, fora do programa oficial. Nós nos sentamos e conversamos por 15 minutos. Não posso dizer que tenha sido uma conversa muito aprofundada, no entanto, abordamos as principais questões relacionadas com a resolução da crise e com o desenvolvimento das relações econômicas.
Quanto à regularização da situação, não posso deixar de saudar a posição de Porochenko, segundo a qual é preciso cessar imediatamente o derramamento de sangue no leste da Ucrânia, e pelo fato de ele ter um plano nesse sentido. Mas é melhor não perguntarem a mim, mas a ele, qual é esse plano. Ele nos falou em duas palavras, mas uma coisa é falar disso aqui, na França, e outra coisa é apresentá-lo em seu próprio país.”
Reuniões entre líderes
“Hoje foram realizados encontros com praticamente todos os participantes. Talvez não com todos, mas com muitos dos participantes do evento e até com personalidades coroadas.
A discussão mais profunda, é claro, foi a ontem, com o presidente francês. Já tínhamos discutido com maiores detalhes os contatos bilaterais, as nossas relações econômicas e os problemas internacionais, nomeadamente, a questão do Irã, da Síria e outros temas de interesse mútuo. Acho que essa troca de pontos de vista foi muito útil.
No que se refere à economia, debatemos longamente esse tema com o primeiro-ministro britânico, o presidente francês, a chanceler alemã e com Porochenko, também devido ao fato de se prever a assinatura do conhecido acordo de associação entre a Ucrânia e a União Europeia.”
Solução interna
“É preciso parar imediatamente a operação punitiva conduzida no sudeste da Ucrânia. Só assim será possível criar condições para iniciar negociações reais com os partidários da federalização.
Acho que essa boa vontade ou, se preferirem, sabedoria de Estado da liderança ucraniana, deve ser colocada em prática. A operação em curso deve ser interrompida imediatamente e um cessar-fogo deve ser declarado agora mesmo. Essa será a única forma de criar as condições necessárias para o processo de negociação. Como é possível de outra forma? É impossível!
Ressalto mais uma vez que as partes envolvidas na negociação deverão ser, neste caso, não a Rússia e Ucrânia – a Rússia não participa do conflito –, mas as autoridades de Kiev e os representantes e partidários da federalização do país.
É claro que eu disse a muitos dos parceiros de conversas hoje que esperamos uma investigação exaustiva de todos os crimes que ocorreram, incluindo, os crimes em Odessa.”
Crise do gás
“Nós não discutimos o preço do gás com Porochenko, mas sei que a Gazprom e os parceiros ucranianos estão perto de um acordo final. Não excluímos a possibilidade de ir ao encontro dos ucranianos, de os apoiar, é claro, em caso de pagamento das dívidas que se acumularam ao longo dos últimos anos.
Mas há ainda uma coisa que todos nós, junto com os nossos parceiros europeus, devemos levar em conta – o risco de inadimplência permanece muito elevado, e, se alguém pensa que podem se resolver os problemas de fornecimento de energia na Ucrânia por meio de fornecimentos reversos de gás, está profundamente equivocado.
Se nós verificarmos alguma violação nos nossos contratos de fornecimento de gás, reduziremos o volume e, com isso, os volumes físicos no mercado europeu não serão suficientes. Essa é a primeira coisa. Quanto à segunda, permanece muito elevado o risco de inadimplência, levando em conta o fato de a economia ucraniana se encontrar numa situação difícil. Esse risco de inadimplência recairá totalmente sobre os ombros dos nossos parceiros europeus. Acho que na Europa ninguém quer isso.”
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