O discurso do presidente influenciará tanto seus partidários no Partido Democrático, como seus adversários republicanos Foto: AP
Em seu discurso anual aos formandos da Academia Militar de West Point, Barack Obama afirmou que os EUA conseguiram isolar a Rússia após os acontecimentos da Crimeia e prometeu que Washington não interferiria em conflitos de nível global, confiando nas instituições internacionais para a resolução de crises.
No discurso, proferido na quarta-feira (28), Obama tentou manter o equilíbrio, afirmando não concordar nem com isolacionistas, nem com intervencionistas na política externa. Nem todos problemas exigem uma “solução militar”, afirmou.
Alem disso, o líder norte-americano salientou que a situação atual não se trata de uma nova “guerra-fria”, apesar declarar que as ações da Rússia na Ucrânia lhe “lembraram os dias em que os tanques soviéticos estavam percorrendo o Leste Europeu”.
Segundo Obama, a mobilização dos aliados tradicionais e o recurso a instituições internacionais, como o FMI, G7 e NATO, foi suficiente para isolar a Rússia.
O presidente dos EUA citou diversas vezes a Ucrânia e os os conflitos na Síria e no Afeganistão, destacando que os erros cometidos pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial poderim ser explicados pela prontidão com que esses “se envolveram nas aventuras militares, subestimando as respectivas consequências”.
Obama mencionou o conflito sírio como exemplo. Segundo ele, esse não tem “solução militar”.
O especialista em política externa norte-americana Ígor Zevelev acredita que Obama não quis polemizar com Pútin. Seu alvo teriam sido os conservadores estadunidenses que condenam a brandura de sua política externa.
“A mensagem de Obama se orienta para a diversidade da concretização da tal exclusividade”, diz Zevelev. Para ele, a complexa situação econômica limita as possibilidades de Obama.
Um dos fatores determinantes para o entendimento do discurso é o clima eleitoral que já se vive no país, já que a campanha para o Congresso já se iniciou.
O discurso do presidente influenciará tanto seus partidários no Partido Democrático, como seus adversários republicanos.
O comentarista do Washington Post, Scott Wilson, escreveu em sua página do Twitter que a intervenção de Obama se orientou “não para o exterior, mas para o eleitorado cansado da guerra”.
Zevelev também afirmou que o discurso de Obama não “contém quaisquer novas abordagens”, e que objetiva sobretudo demonstrar que Washington continua defendendo os interesses norte-americanos em qualquer parte do mundo.
“Seu discurso parece fragmentado, deixando transparecer a incapacidade do presidente em encontrar respostas para os desafios que enfrenta sua administração”, afirma Fiódor Voitolovski, chefe do Departamento de Política Externa e Interna dos EUA do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais da Academia das Ciências da Rússia.
Para ele, as declarações de Obama sobre a Ucrânia são contraditórias. “Se pode falar muito do ‘isolamento da Rússia’ pelos EUA, mas quando o presidente estadunidense não faz ideia de como evoluirá a situação na Ucrânia, não leva em linha de conta toda a complexidade do conflito, se dispõe a ouvir apenas uma das partes beligerantes e recusa qualquer tipo de compromissos, dá mostras de infantilismo na condução da política externa”, afirma Voitolovski.
Publicado originalmente pelo portal Gazeta.ru
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