A porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psak, rebateu em seu Twitter Foto: AP
Uma das iniciativas mais populares do Departamento de Estado dos EUA foi a criação da conta “UkrProgress” no Twitter, que já recebeu mais de 7.000 mensagens em russo e possui 14.000 assinaturas no total – a maioria delas de internautas da Rússia e da Ucrânia. Pelo perfil do Twitter, os americanos criticam as ações da Rússia em um estilo muito mais livre do que as declarações oficiais.
Ao se referir às fotos de americanos mercenários na Ucrânia, por exemplo, o UkrProgress os chamou de “patinhos baratos do Kremlin”. Esses tweets são geralmente compartilhados nas contas de diplomatas e embaixadas americanas ao redor do mundo, incluindo a da embaixada dos EUA em Moscou, que tem 23.000 seguidores.
No YouTube, há também vários vídeos sobre temas russo-ucranianos filmados por ordem do Departamento de Estado dos EUA, conforme especificado na própria descrição dos vídeos. Recentemente, no canal do UkrProgress no YouTube, apareceu um vídeo intitulado “Sanções: o que são e como elas afetam a Rússia?”. No vídeo, o locutor explica em russo, embora com perceptível sotaque, a essência das medidas punitivas que Washington impôs contra Moscou e afirma que elas já tiveram efeito.
Inimizade on-line
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia começou a usar as redes sociais há pouco tempo, mas intensificou mesmo o volume de publicações com o início da crise ucraniana. Mas o site da pasta foi alvo de diversos ataques virtuais, e as redes sociais e outros canais na internet acabaram se tornando uma importante plataforma de comunicação. Desde o início do ano, a página do ministério viu o número de seus assinantes multiplicar: no Facebook já somam 63.000, e no Twitter (tanto em russo, como em inglês), 312.000.
Em meio à crise na Ucrânia, os diplomatas norte-americanos começaram a adicionar a hashtag #UnitedForUkraine após a declaração de Barack Obama: “Estamos todos unidos em prol da Ucrânia”. Inicialmente, as assinaturas que surgiram eram de crítica à política russa na Ucrânia, mas o ministério russo decidiu virar a situação a seu favor. Quando a hashtag ganhou popularidade, as autoridades russas começaram a usá-la em seus próprios tweets.
A porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psak, rebateu em seu Twitter. “O mundo está unido pela Ucrânia. Tenhamos esperança de que que o Kremlin e o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo mantenha a promessa deste hashtag no futuro”, publicou. A mensagem da diplomata americana gerou comentários sarcásticos na rede, como, por exemplo, “se der retweet do meu inimigo é meu inimigo também” e “hashtag é a nova diplomacia”.
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Cenário internacional sugere versão “soft” da Guerra FriaDiferentemente da estrutura do Departamento de Estado dos EUA, tanto o ministério russo quanto as embaixadas não têm um setor especial que trata exclusivamente da chamada “diplomacia digital”. O trabalho na Rússia é provavelmente executado por entidades privadas contratadas pela administração presidencial, conforme sugeriu o editor-chefe do canal Dojd, Iliá Klíchin, em uma coluna ao jornal “Vedomosti”. Há duas semanas, os moderadores do site do jornal britânico “The Guardian” advertiram seus leitores sobre uma “campanha organizada em apoio ao Kremlin”.
Soltando o verbo
O especialista do Centro de Pesquisas Políticas
da Rússia, Oleg Demidov, falou ao jornal “Kommersant” sobre as razões pelas
quais a crise ucraniana intensificou o confronto digital entre a Rússia e os EUA.
“Tanto a sociedade ucraniana quanto o resto do mundo estão mudando rapidamente
e necessitam muito de interpretações convincentes dos eventos. A deterioração das
relações bilaterais permitiram que as partes soltassem o verbo mutuamente na
internet”, explica.
Segundo Demidov, a julgar pela “atividade sem precedentes do ministério russo”, Moscou aprendeu a lição durante a guerra de informação em 2008. “As ações do Ministério do Exterior da Rússia e do Departamento de Estado dos EUA não podem ser interpretados como um relato objetivo dos acontecimentos, mas devem ser compreendidos como termos de uma guerra de informação e suas declarações não devem ser relevadas ao primeiro plano”, adverte.
Com materiais dos jornais Kommersant e Vedomosti
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