O próprio fato de China ter anunciado oficialmente sua neutralidade em torno da questão ucraniana sugeriu apoio à atitude de Moscou Foto: Reuters
A visita do presidente russo Vladímir Pútin à China levantou novamente a questão sobre as perspectivas das relações russo-chinesas em longo prazo. “Ao atuar em parceria na área energética e assinar documentos diversos, Rússia e China estão aumentando os epicentros de poder no mundo”, afirma o vice-diretor do Instituto de Estudos Orientais do Instituto Moscovita de Relações Internacionais (Mgimo), Serguêi Luzianina.
Entre as propostas discutidas em Xangai, os grandes projetos na Crimeia, como, por exemplo, a construção de uma ponte sobre o Estreito de Kerch (ligando a península à Rússia continental) e de um porto comercial de águas profundas, estiveram em destaque. “Se resumirmos as perspectivas da visita do presidente à China, pode-se falar em um novo começo da aproximação econômica e política entre os dois países”, continua o professor.
O próprio fato de China ter anunciado oficialmente sua neutralidade em torno da questão ucraniana sugeriu apoio à atitude de Moscou. No entanto, acredita-se que a China possa passar de uma política de “neutralidade amigável” para uma posição de suporte declarado à Rússia se os EUA continuarem a manter uma política forte de confronto na Ásia.
“Se essa tendência se intensificar e Pequim compreender que realmente está se formando perto de suas fronteiras meridionais um bloco político-militar hostileantichinês, com fortes aspirações militares, então é claro que o formato da parceria estratégica russo-chinesa mudará”, explica Luzianina.
Nesse cenário, é também provável que o Acordo de Parceria Estratégica e de Cooperação, assinado em 2001, seja complementado com novos artigos no campo de segurança e cooperação estratégica. “A parceria russo-chinesa vem se consolidando por meio de exercícios bilaterais navais anuais”, aponta o especialista.
Outra área importante do projeto de cooperação russo-chinês é o chamado “cinturão econômico” da Grande Rota da Seda, anunciado em setembro do ano passado pelo líder chinês. A Rota da Seda inclui 21 países e abrange não somente a Ásia Central, mas todas as regiões sul e leste da Ásia, bem como a Europa Central.
Porém, segundo Luzianina, a implementação desse projeto enfrenta uma série de dificuldades. A retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão, o que tornou a região “muito mais volátil e explosiva”, é uma delas. “Sem a Rússia, os chineses não terão sucesso com o projeto da Rota da Seda”, finaliza o professor.
Publicado originalmente pela Rossiyskaya Gazeta
Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: