Kremlin comemora 'vitória' representada por Comunicado de Genebra

Acordo assinado em Genebra garante perspectiva de Ucrânia unificada Foto: Reuters

Acordo assinado em Genebra garante perspectiva de Ucrânia unificada Foto: Reuters

Apesar da pressão do Ocidente, Moscou fez Kiev negociar com as regiões orientais da Ucrânia.

Os resultados das negociações em Genebra possibilitaram aos políticos ucranianos uma chance de salvar a unidade do país. No entanto, independentemente do resultado de suas tentativas,  o acordo representou uma vitória da Rússia que permite ajudar a cumprir uma série de tarefas importantes.

Em primeiro lugar, transforma a crise ucraniana de confronto em processo político. Nesse sentido, o acordo pode ser comparado com o plano Medvedev-Sarkozy, concluído após a guerra russo-georgiana em agosto de 2008.

Além disso, o caráter das condições incluídas no acordo não permite usá-lo apenas para pressionar o sul e leste da Ucrânia. Como a maioria desses documentos, a declaração de Genebra permite interpretações ambíguas, dependendo dos interesses de uma parte ou de outra. O Ocidente pode exigir da Rússia a promoção do desarmamento dos separatistas de Donetsk, enquanto a Rússia pode apontar para a necessidade de desarmar os militantes do Setor de Direita.

A última e mais importante característica do acordo é o fato de garantir a perspectiva de uma Ucrânia unificada. A unidade do país agora depende de dois fatores – se o atual governo de Kiev poderá convencer os nacionalistas radicais, e se Kiev chegar ao consenso sobre um novo formato de relações com regiões do sul e do leste do país.

Escolha difícil

O sucesso das negociações de Genebra foi uma surpresa para grande parte dos observadores. Mas as sete horas de duração da negociações entre os chefes da diplomacia da Rússia, Ucrânia e EUA indicaram a dificuldade para chegar ao acordo.

No comunicado oficial emitido ao final da reunião fica especificada a necessidade de iniciar o processo de negociação com ampla participação das regiões da Ucrânia sobre a reforma constitucional. “Todos os grupos armados ilegais devem ser desarmados, todos os edifícios administrativos devem ser devolvidos aos seus legítimos proprietários”, lê-se no documento.

Também deve ser implementada a anistia a todos os manifestantes, exceto aqueles que tenham cometido crimes graves, e todas as partes devem abster-se de qualquer tipo de violência ou intimidação. As autoridades criticaram ainda “qualquer tipo de extremismo, racismo e intolerância religiosa, inclusive o antissemitismo”. O cumprimento de todos os acordos será controlado pela missão especial da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), que já opera na Ucrânia.

No entanto, até a análise da parte aberta dos acordos sugere as dificuldades que as autoridades de Kiev enfrentarão a partir desse momento. O exército ucraniano no sudeste do país está se dividindo, as autoridades fracas em Kiev vem perdendo legitimidade aos olhos da população, enquanto a Ucrânia está à beira de um colapso econômico – o que pode obrigar o país a se aproximar novamente de Moscou.

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