Fuente: Ministerio de Asuntos Exteriores de Rusia
A reunião entre os chefes das diplomacias da Rússia, Ucrânia, União Europeia e dos Estados Unidos, que aconteceu na quinta-feira passada (17) em Genebra, resultou em uma declaração conjunta com passos concretos para aliviar a crise ucraniana. Entre as medidas propostas, as autoridades internacionais decidiram pela renúncia à violência, desarmamento de grupos armados ilegais, liberação dos edifícios administrativos ocupados, concessão de anistias e o estabelecimento de um diálogo em nível nacional.
“Os membros da reunião multilateral em Genebra defenderam um amplo diálogo sobre a Ucrânia. Foi salientado que esse diálogo deve envolver todas as regiões e todos os grupos do país”, afirmou o chanceler russo Serguêi Lavrov. “Todos os participantes presentes possuem a compreensão da necessidade de enviar um sinal para os ucranianos de que eles próprios são responsáveis por sair da crise atual.”
Segundo o ministro russo, os acordos de Genebra são apenas o começo do processo, mas as principais questões devem ser resolvidas pelos próprios ucranianos. “Esse acordo representa um grande compromisso, contudo, o mais importante para nós é o fato do reconhecimento pelos membros de que a crise deve ser resolvida pelos ucranianos”, declarou Lavrov.
A descentralização do poder em favor da autonomia de unidades regionais, bem como um maior respeito à língua russa, eram, segundo o chanceler russo, apenas um modelo de Estado proposto anteriormente pelo Kremlin, mas o “principal é que se observe os direitos básicos das diversas regiões”. Pelo consenso geral, ficou decidido evitar qualquer tentativa de questionar a neutralidade política e militar da Ucrânia.
“O fato de a Ucrânia ter escolhido a neutralidade deve ser respeitado por todos. Chamamos atenção para as inaceitáveis declarações de Bruxelas e do secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, que insistiam sobre a não neutralidade da Ucrânia. Alertamos nossos parceiros ocidentais para que tomem consciência da responsabilidade pela intromissão justamente no momento que isso poderia inviabilizar os esforços para resolver a crise”, acrescentou.
Em coletiva de
imprensa ao final da reunião, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry,
confirmou que os lados chegaram a um compromisso sobre o desarmamento dos
grupos armados ilegais, bem como a desescalada do conflito. “Todas as partes
devem abster-se da violência”, disse Kerry. O monitoramento das ações será
realizado por agentes da OSCE na Ucrânia.
Apesar do aparente otimismo, o secretário de Estado dos EUA não deixou de
ameaçar Moscou, ressaltando a influência russa sobre a força dos separatistas
armados. “Se não observarmos movimentos na direção correta, haverá sanções
adicionais”, afirmou.
Na boca dos especialistas
O professor sênior de Análise Aplicada de Questões Internacionais na Instituto
de Relações Internacionais (Mgimo, na sigla em russo), Andrêi Suchentsov, afirmou,
em entrevista ao portal Gazeta.ru, que a aprovação da declaração conjunta
confirma o compromisso assumido pela Ucrânia. “Aparentemente, eles tiveram uma
discussão acalorada, houve, de fato, troca de ideias e pontos de vista, não foi
mera formalidade”, comentou o docente.
Quanto ao conteúdo do documento aprovado em Genebra, Suchentsov destacou a inclusão de pontos que eram constantemente sustentados pelo lado russo. “Várias questões do acordo de 21 de fevereiro foram repetidas, mas há novas cláusulas, como a proibição da discriminação étnica, religiosa e linguística, bem como a proibição de slogans antissemitas e nacionalistas.”
O diretor do Instituto de Estratégias Globais de Kiev, Vadim Karasev, disse à rádio Kommersant FM que “em Genebra, o espírito de compromisso triunfou sobre o espírito de confrontação e todos saíram ganhando”.
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