Única IATM que a Rússia tem atualmente no exterior fica no porto de Tartus, no norte da Síria Foto: Photoshot/Vostock-Photo
“Rússia avança com suas bases militares.” Algumas semanas atrás, jornais internacionais bombardearam os leitores com manchetes como esta, depois de o ministro da Defesa russo, Serguêi Choigu, ter mencionado que Moscou estaria fortalecendo seus laços técnico-militares com uma série de países e que instalações russas poderiam surgir, em breve, para além de Cuba e Vietnã, ganhando espaço no Chipre, Venezuela e Nicarágua.
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela prontamente negou a criação de tal base militar no país. Logo depois, foi a vez da Nicarágua emitir uma declaração idêntica. Somente depois do pronunciamento das autoridades estrangeiras que o vice-ministro da Defesa russo, Anatóli Antonov, esclareceu a polêmica em torno das bases militares na América Latina.
“As unidades da Força Aérea e da Marinha não necessitam de presença permanente nesses países”, disse Antonov, acrescentando que há possibilidade de criar no território de Cuba, Venezuela e Nicarágua apenas instalações de apoio material e técnico para os navios russos. “Estamos interessados em criar condições que nos permitam garantir o aprovisionamento de água e comida aos nossos navios longe da costa russa e garantir o descanso dos marinheiros.”
Mas, afinal, qual é a diferença fundamental entre uma base militar e instalações de apoio técnico e material (IATM)? Enquanto na base militar há um grande número de tropas, equipamentos militares e armas, as IATM não possuem nada disso. Dependendo das missões das IATM, há apenas técnicos e meios para abastecimento de água, combustível, óleo e lubrificantes dos navios ou aeronaves que chegam à região.
Bases externas
Os Estados Unidos têm mais de sessenta bases militares em todo o planeta, distribuídas por todos os continentes. Existem, por exemplo, bases militares dos EUA na ilha japonesa de Okinawa. Lá estão presentes tropas terrestres, navios, sistemas de defesa aérea e centros de comunicação do Pentágono, incluindo o comando da Quinta Força Aérea dos EUA. No total, estão alocados 36 caças F-16 e 54 caças F-15 (ambos capazes de transportar armas nucleares), uma dezena e meia de aeronaves de reabastecimento aéreo KC-135, um esquadrão AWACS (aeronaves de alerta aéreo antecipado) e muitos outros equipamentos de combate e apoio. Calcula-se que 13.500 pessoas trabalham na instalação.
A Rússia também tem bases militares no exterior, embora todas estejam localizadas perto das suas fronteiras, no território das ex-repúblicas soviéticas. Uma das maiores é a 201ª base, no Tadjiquistão, que ocupa território em três cidades – Duchambe, Kulob e Kurgan-Tube. Até recentemente, ela era formada por uma brigada de infantaria motorizada com 5.000 homens. Hoje em dia, com a aproximação da retirada das tropas da Otan e dos EUA do Afeganistão e, portanto, com o aumento da ameaça de penetração de organizações terroristas radicais na Ásia Central, ela foi reforçada e elevada à estrutura de divisão. São cerca de 9.000 homens divididos por vários regimentos. Em caso de necessidade, a 201ª base dará apoio a outra base militar russa em Kant, no Quirguistão, onde existem caças-bombardeiros Su-25, caças MiG-29, aviões de transporte militar Il-76 e helicópteros.
Tanto a 201ª base como a base na cidade de Kant estão inseridas no sistema da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), que, além da Rússia, inclui Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão. Em cada um desses países também existem bases militares russas. Cabe lembrar ainda as duas bases militares russas na Abecásia e na Ossétia do Sul.
Instalações de apoio
Por enquanto, a única IATM que a Rússia tem no exterior fica no porto de Tartus, no norte da Síria. Até pouco tempo atrás, existia lá uma oficina flutuante, um tanque com reservas de combustível e lubrificantes, depósitos com peças sobresselentes para consertos não planejados de navios e barcos que chegassem ao porto, quarenta técnicos civis.
Agora que os navios de guerra russos voltaram para o oceano depois de uma longa pausa e, uma vez que os navios dos EUA e da Otan estão de alerta nas principais rotas de transporte, a Marinha nacional tem necessidade de novas IATMs. Porém, a criação dessas instalações externas é resultado de negociações bilaterais, já que tais pontos de serviço revelam interesses econômicos e não podem ter impacto na política interna ou externa dos Estados onde são construídos.
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