Embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power (à dir.) e seu homólogo russo Vitáli Tchúrkin Foto: Reuters
As autoridades russas não ficaram contentes com a última decisão dos líderes da Casa Branca. “A administração americana continua sendo uma refém dos próprios conceitos errôneos, considerando uma visão surreal dos últimos eventos na Ucrânia e na Crimeia como base para as suas ações, sem falar do seu plano mirabolante de resolução da crise”, disse Serguêi Riabkov, vice-ministro das Relações Exteriores, em entrevista à agência Itar-Tass.
Obama, no entanto, resolveu prosseguir com a aplicação das sanções econômicas à Rússia precedente à assinatura da nova lei que, segundo os especialistas russos, não será utilizada em um futuro próximo. “A quarta leva de sanções foi anunciada como resposta para as possíveis ações do governo russo no leste ucraniano sem ter nenhuma comprovação de tal intenção", afirma Fiódor Lukiánov, presidente do Conselho de Política Externa e de Defesa da Rússia.
Segundo Lukiánov, as novas sanções por parte do governo americano serão substituídas pela suspensão gradual dos projetos de colaboração “em todas as áreas”. Os projetos militares e o pacote dos acordos econômicos foram canceladas logo após a realização do referendo na Crimeia. Após a reanexação da península ao território russo, as autoridades dos Estados Unidos abandonaram o projeto bilateral de combate ao narcotráfico, assim como deixaram de lado uma série de iniciativas conjuntas referentes ao espaço e uso de energia atômica para fins pacíficos.
O golpe final veio nos últimos dias, quando o chefe da Casa Branca resolveu suspender a sua participação da comissão presidencial russo-americana. A comissão, que incluindo 20 forças-tarefas nas áreas de energia atômica, controle de armamento, combate ao terrorismo, desenvolvimento das parcerias comerciais e econômicas, agricultura e saúde, foi criada em julho de 2009 pelas autoridades de ambos os Estados.
Há um ano, os Estados Unidos abandonaram a força-tarefa para o desenvolvimento da sociedade civil devido ao desacordo com as novas políticas do governo russo referentes às organizações sem fins lucrativos. Porém, em junho passado, o país entrou no projeto de colaboração na área de segurança internacional de informação. A comissão presidencial afetada pela crise contava com a participação de mais de 60 instituições russas e americanas, e ao longo da sua existência organizou mais de 500 reuniões conjuntas, intercâmbios e treinamentos.
Perda bilateral
Na opinião dos especialistas americanos, os projetos bilaterais com a participação da Rússia poderiam ser considerados valiosos apenas em combinação com outras iniciativas. Angela Stent, diretora do Centro de Pesquisas de Eurásia, Rússia e Leste Europeu da Universidade de Georgetown, afirma que “o Estado russo possui uma importância apenas indireta para os Estados Unidos, tais como combate à propagação das armas nucleares, resolução dos conflitos no Afeganistão e Irã, assim como crises políticas no mundo árabe”.
Michael McFaul, ex-embaixador dos EUA na Rússia, compartilha a opinião da cientista política. Segundo ele, o cancelamento dos projetos bilaterais russo-americanos permitirá que governo dos Estados Unidos demonstre o seu caráter sem levar a economia mundial à falência, uma das possíveis consequências das rígidas sanções econômicas e financeiras.
Para a administração do presidente russo, a última decisão do chefe da Casa Branca foi decepcionante. “Lamentamos a determinação dos Estados Unidos em abandonar a comissão”, declarou Dmítri Peskov, porta-voz do Kremlin. “Isso significa que estamos perdendo um meio de comunicação bilateral destinado à resolução de vários assuntos específicos”, acrescentou, ressaltando que o governo russo não fará tentativas de restabelecer o contato perdido.
Publicado originalmente pelo Kommersant
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