" A Moldova está disposta a delegar plena autoridade para a União Europeia em termos econômicos, e a Ucrânia está indo na mesma direção" Foto: ITAR-TASS
Vzgliad: Em conversa telefônica no fim de semana passado, o presidente russo Vladímir Pútin chamou a atenção do seu homólogo americano, Barack Obama, para o “verdadeiro bloqueio externo” da Transnístria. De acordo com o líder russo, a situação “leva a uma complicação significativa das condições de vida dos moradores na região, impede a sua mobilidade, o comércio normal e a atividade econômica”. Podemos dizer que a Transnístria permanece, de fato, bloqueada pela Ucrânia?
Evguêni Chevtchuk: A Transnístria tem sofrido bloqueios permanentes durante quase toda sua existência. No entanto, o bloqueio aumentou significativamente em 2006, quando foram impedidas as exportações da Transnístria, o sistema bancário e o transporte de mercadorias e passageiros realizado por empresas locais. O transporte aéreo e fluvial também foi bloqueado.
Atualmente, a situação é agravada pelo fato de que as medidas restritivas prejudicam até a liberdade de circulação dos cidadãos. Em particular, as medidas se aplicam a cidadãos russos, homens em idade de serviço militar. Essas restrições são dolorosas para a Rússia, porque cerca de 200 mil pessoas que vivem na Transnístria são cidadãos russos.
Vzgliad: Quais medidas poderiam ser tomadas em relação à recente proibição de entrar no território ucraniano imposta ao representante especial do presidente da República Moldava da Transnístria, Oleg Segal, e a alguns outros cidadãos russos que vivem na Transnístria?
EC: Estamos observando a situação com grande atenção. Iniciamos as consultas com a Ucrânia a fim de trocarmos pontos de vista sobre esse tipo de comportamento, que dificilmente poderia ser chamado de boa vizinhança. Infelizmente, não podemos ainda obter uma resposta clara. A liberdade de circulação é um direito fundamental, assim não temos intenção de impor as mesmas restrições para os representantes ucranianos.
Nós acreditamos que todos os problemas com vizinhos devem ser resolvidos na mesa de negociações. Espero que, em breve, chegaremos à conclusão do que os cidadãos da Ucrânia, Rússia e Moldávia podem atravessar as fronteiras de maneira livre. É claro que existe a exceção para os criminosos, cujas restrições são estabelecidas por lei.
Vzgliad: De qual maneira a reunificação da Rússia com a Crimeia influenciará as relações russo-transniestrianas?
EC: As relações entre a Rússia e Transnítria têm uma dinâmica positiva de desenvolvimento. No ano passado, o representante especial do presidente russo na região e vice-primeiro-ministro da Rússia, Dmítri Rogózin, e o líder da Transnístria assinaram um acordo sobre a expansão da interação social e econômica. Sob os termos desse acordo, a Rússia tem a intenção de ajudar a criar condições para melhorar a vida dos cidadãos russos que vivem na Transnístria.
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O poder energético da CrimeiaCom relação à Crimeia, nós, transnistrianos, apoiamos plenamente a posição das autoridades da Federação Russa de que cada Estado deve proteger seus cidadãos em qualquer lugar que eles estejam. Todas as nações civilizadas o fazem.
Vzgliad: Quais são suas previsões em relação à situação na Transnístria?
EC: Estamos acompanhando o desenrolar dos eventos. A Moldova está disposta a delegar plena autoridade para a União Europeia em termos econômicos, e a Ucrânia está indo na mesma direção. A Moldova também está ampliando sua cooperação militar com a Romênia, mesmo sem ter nenhum acordo bilateral de fronteiras. Acreditamos que o ambiente externo e os riscos que surgem por causa da adoção dessas decisões por nossos vizinhos levam a uma necessidade de considerar os aspectos socioeconômicos e políticos.
Acredito que é injusto criar uma “reserva” no centro da Europa, só porque transniestrianos tem suas próprias preferências e crenças. A vontade do povo, a opinião dos cidadãos que vivem aqui devem ser respeitadas. Eu acho que, para a Moldova e a Transnístria, a melhor decisão para resolução do conflito seria o “divórcio” civilizado. Como exemplo disso temos a República Tcheca e Eslováquia. Devemos aceitar a realidade da situação, não atrapalhar os outros no desenvolvimento de sua economia, na criação de condições para o desenvolvimento de potencial humano dentro do Estado.
Publicado originalmente pelo Vzgliad
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