Secretário de Estado dos EUA, John Kerry (esq), encontrou-se com Lavrov na residência do embaixador russo em Paris Foto: flickr.com / Eduard Peskov
“Temos realizado intensas negociações sobre a crise na Ucrânia (...) Expressamos pontos de vista divergentes sobre as causas, mas concordamos em buscar um terreno comum para resolver a situação”, disse Lavrov após conversa com Kerry no domingo passado (30). “A conversa foi muito construtiva.”
De acordo com o documento elaborado após a reunião, as partes concordaram em trabalhar juntamente com o governo e o povo ucraniano para prosseguir com a implementação de medidas prioritárias, tais como a defesa dos direitos das minorias nacionais, direitos linguísticos, desarmamento dos agitadores, realização de reforma constitucional, além da organização de “eleições livres e justas sob supervisão internacional”.
“A última declaração de Lavrov e Kerry demonstra um abrandamento das posições e o início do diálogo”, disse à Gazeta Russa Igor Istomin, especialista do Instituto de Relações Internacionais da Rússia (Mgimo, na sigla em russo). “Rússia e Estados Unidos orientam-se para não levar a situação ao extremo”, acrescentou, ressaltando que as negociações futuras dependerão não apenas da Rússia e dos EUA, mas também dos futuros eventos na própria Ucrânia: “Os acontecimentos na Ucrânia possuem a sua própria dinâmica política, lá há sérios atores políticos.”
O decano da Escola Superior de Economia, Andrêi Suzdaltsev, atenta, contudo, para a importância do surgimento do diálogo russo-americano. “Terminou a etapa de reação do mundo ocidental sobre o referendo na Crimeia e a anexação pela Rússia. O Ocidente se convenceu mais uma vez que nós não reagiríamos às sanções, o que causou um pequeno impacto na Rússia”, esclarece o especialista. “Agora vemos um roteiro para resolver a crise.”
Futuro da Ucrânia
Seguindo a declaração de Lavrov sobre as conversações de domingo, o secretário de Estado dos EUA concordou com a ideia de salvar a Ucrânia por meio de sua federalização (vide quadro abaixo). “Estamos convencidos de que a federalização é um componente muito importante da reforma constitucional, pois a coisa mais importante é, sem exceção, garantir a unidade da Ucrânia levando em consideração os interesses de todas as regiões do país”, declarou.
O diretor do Centro de Relações Russo-Americanas da Academia Russa de Ciências, Pável Podlesni, acredita que o Ocidente está, assim, começando a entender complexidade dos fatos ocorridos na Ucrânia e a posição da Rússia. Mesmo assim, o cientista político não acredita que Ucrânia se afastou da beira do abismo. “A Rússia não pode dar garantia de não intervenção, porque uma das variantes do desenvolvimento futuro ucraniano é o seu possível colapso”, enfatiza.
Diferenças entre Estado Unitário e Federação
As partes de um Estado unitário são apenas unidades territoriais administrativas. Nesse caso, as autoridades governamentais do mais alto escalão, o sistema jurídico e a constituição são as mesmas para todo o país.
Já na federação, as partes que compõe o Estado possuem governo próprio e há dois sistemas de órgãos superiores – da Federação e das regiões federativa.
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