Brics se reunirão por derrubada de barreiras à carne suína na UE

O principal problema dos produtores do Brics é o protecionismo da União Europeia Foto: PhotoXPress

O principal problema dos produtores do Brics é o protecionismo da União Europeia Foto: PhotoXPress

Em março, os países do Brics vão tentar criar uma política coerente em relação à exportação de carne para o mercado da União Europeia.

Os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) querem convencer as autoridades da Europa a reduzir e até cancelar as restrições sobre a importação de carne suína.

Para isso, os chefes dos serviços veterinários e fitossanitários do grupo se encontrarão em março para discutir uma política coerente para a questão dentro do bloco.

De acordo com o chefe da Rosselkhoznadzor (serviço veterinário e fitossanitário da Rússia), Serguêi Dankvert, o tema principal do encontro é a epidemia de peste suína africana. “Em três a cinco anos, a União Europeia enfrentará uma crise de produção de carne de porco, que afetará principalmente os países da Europa Oriental”, diz Dankvert.

Os pequenos agricultores não são capazes de garantir um nível adequado de proteção biológica, por isso, de acordo com especialistas russos, existe uma possibilidade de déficit de carne suína nesse mercado.

Em fevereiro, os representantes da Rosselkhoznadzor realizaram consultas com os membros do bloco sobre a criação de uma política comum.

De acordo com o analista do Instituto de Estudos de Mercado, Daniil Khotko, durante os próximos dois a três anos, a Rússia vai realizar reformas e convencer a União Europeia de que os produtos que proveem da região são inofensivos.

Protecionismo

O principal problema dos produtores do Brics é o protecionismo da União Europeia, alerta o analista do grupo FIBO, Vassíli Iakimkin. Segundo ele, a Rússia e outros países do Brics não tem barreiras alfandegárias com a União Europeia, no entanto há protecionismo e subsídios para os produtores europeus.

Por exemplo, cerca de 3,6 mil produtores europeus têm permissão para exportar carne e leite para a Rússia, enquanto apenas oito empresas russas podem vender esses produtos para os países da União Europeia.

“De acordo com os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o apoio ao rendimento dos agricultores europeus é de 22% a 24%, enquanto na Rússia é de 13% a 15%. Assim, os produtores europeus exportam produtos abaixo do custo, e os russos, especiamente os pequenos fazendeiros, não podem competir com eles”, diz Iakimkin.

Uma política coerente dentro do Brics poderá ajudar na preparação para as exigências europeias. "Em três a cinco anos, o Brasil abrirá um mercado enorme. As empresas brasileiras são muito competitivas, mas usam ractopamina. Os brasileiros prepararam programas especiais para a Rússia que também poderão funcionar na Europa, onde o uso de estimulantes de crescimento também é proibido. A União Europeia será forçada a cooperar com os mercados dos países em desenvolvimento", declarou Dankvert.

Aumento na produção

A produção de carne na Rússia também está crescendo rapidamente: o aumento começou  em 2000, quando o setor passou a receber investimentos significativos. Em 2013, a Rússia exportou 50 toneladas de frango, embora ainda quase não venda carne bovina e suína para o exterior.

De acordo com as estimativas do analista do Instituto de Estudos de Mercado Agrícola, Daniil Khotkó, a Rússia poderá alcançar o nível de segurança alimentar de 85% apenas em 2016. “É preciso entrar ativamente no mercado chinês e no mercado mais promissor da África do Sul”, diz Khotkó.

Segundo o analista do Invescafe, Timur Nigmatúllin, os países do Brics têm todas as chances de abrir o acesso aos seus mercados para os países da Europa. “Em primeiro lugar, o Brics têm que aumentar o comércio interno e melhorar a legislação”, disse Nigmatúllin.

 

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