"O Irã está cada vez mais atraente para fazer negócios", diz embaixador russo em Teerã

Foto: Reuters/Vostock-Photo

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A regularização da questão nuclear iraniana tornou o país mais atraente e deu início a uma disputa entre países para acessar esse novo mercado. O embaixador russo em Teerã, Levan Djagarian, explica como empresas russas tentam entrar no mercado iraniano.

Durante encontro com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Zafir Djavad, o presidente russo, Vladimir Putin, lamentou a diminuição do comércio entre a Rússia e o Irã. Por que o comércio entre os dois países está caindo?

Isso acontece por causa das sanções unilaterais contra o Irã impostas pelos EUA e pela União Europeia. Acreditamos que essas medidas são ilegais e já expressamos essa opinião aos colegas ocidentais. Várias empresas e bancos russos não querem fazer negócios com o Irã por causa da ameaça de possíveis sanções. Além disso, por conta das sanções, eles não podem realizar pagamentos em dólares ou euros.

Como o fim das sanções contra Teerã pode afetar as relações comerciais entre os dois países?

Este processo será, sem dúvida, bem-sucedido. E não apenas o levantamento gradual das sanções, mas também a liberação dos ativos iranianos congelados em uma série de bancos (são mais de US$ 4,2 bilhões). Neste contexto, as empresas ocidentais e asiáticas já estão mostrando interesse no potencial do mercado iraniano e tentam fazer negócios no Irã.

É verdade que a Rússia está principalmente interessada na continuação das negociações sobre o fornecimento de máquinas, metais e grãos?

Sim. Ao mesmo tempo a Rússia tem muito para oferecer ao Irã: indústria siderúrgica, madeira, grão, combustível mineral, turbinas, compressores e bombas.

As empresas russas estão dispostas a voltar a investir no setor de petróleo do Irã? A petrolífera russa Lukoil já mostrou interesse.

Certamente. No final de fevereiro, o Irã pretende apresentar novas especificações para o trabalho das empresas no setor petrolífero da Rússia e de outros países. Se essas condições forem atraentes, as empresas sem dúvida voltarão ao Irã.

Os Estados Unidos expressaram sua profunda preocupação com a possibilidade de compra de petróleo iraniano pelas empresas russas. A Rússia vai levar em consideração essas objeções?

Eu acho que eles estão dramatizando a situação, as acusações não têm fundamento. A Rússia vai levar em conta o que dizem os EUA, no entanto vamos tomar decisões de acordo com os interesses nacionais russos.

Quais são as características desse acordo?

Não há nenhum acordo assinado, ainda estamos em processo de negociação. Mas queria salientar que as empresas russas não são as únicas que estão olhando para o Irã. O mesmo acontece em outros países, inclusive nas nações ocidentais.

É verdade que desde novembro Teerã recebeu delegações da China, do Reino Unido e da Itália?

Sim. Na verdade, representantes de quase todos os países já visitaram o Irã e realizaram negociações com o governo iraniano. Até os representantes de grandes empresas dos países que introduziram sanções unilaterais contra o Irã e criticaram o país já estão voltando a Teerã. Meus colegas dizem que os aviões com destino ao país estão cheios de empresários europeus.

O que você acha sobre as declarações dos EUA de que os acordos comerciais podem enfraquecer o interesse do Irã em cumprir seus compromissos em relação ao programa nuclear?

Parece que os nossos parceiros norte-americanos subestimam a determinação do Irã de cumprir os compromissos. Não temos nenhuma razão para não confiar em Teerã. O aumento da pressão sobre o Irã é que pode interromper o processo de negociações.

De acordo com informações divulgadas na mídia russa, o Irã teria pedido à maior empresa de energia russa, a Rosatom, para construir novas usinas nucleares no país. É verdade? A Rússia está interessada nesses projetos?

A usina nuclear de Bushehr será transferida à parte iraniana em outubro. Devemos garantir a operação estável e segura dessa usina. Sempre estamos prontos para discutir novos projetos.

Existe qualquer acordo preliminar?

Estamos realizando negociações. Há uma série de pontos que deverão ser incluídos no acordo. Estou otimista sobre esta questão.


Publicado originalmente pelo jornal “Kommersant”.

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