BRICS fazem projeto de cooperação na área de investimentos

"As áreas mais promissoras de cooperação são as de energia, incluindo a energia nuclear, a da aviação civil, produtos químicos, produtos farmacêuticos e tecnologia da informação" - disse vice-ministro para o Desenvolvimento Econômico da Rússia  Foto: RIA Nóvosti / Ramil Sidtikov

"As áreas mais promissoras de cooperação são as de energia, incluindo a energia nuclear, a da aviação civil, produtos químicos, produtos farmacêuticos e tecnologia da informação" - disse vice-ministro para o Desenvolvimento Econômico da Rússia Foto: RIA Nóvosti / Ramil Sidtikov

Para o vice-ministro para o Desenvolvimento Econômico da Rússia, aumento do comércio bilateral é prioridade para os países do BRICS.

O desenvolvimento de uma maior cooperação com os países do BRICS permanece como uma das prioridades da expansão do comércio exterior da Rússia. O vice-ministro para o Desenvolvimento Econômico da Rússia, Aleksêi Likhachev, conversou com a Gazeta Russa sobre os resultados dessa cooperação em 2013 e os planos do país para o futuro próximo.

Pelos resultados finais de 2013, foi possível ver algum aumento no volume de comércio entre a Rússia e os outros países do BRICS?

De acordo com dados preliminares, o volume de negócios manteve o nível do ano anterior. O pequeno aumento do comércio com a China e a África do Sul foi balanceado com a ligeira redução nas trocas comerciais com a Índia e o Brasil. A redução do volume nas exportações russas deveu-se, principalmente, às dificuldades da conjuntura referente aos produtos tradicionais das exportações do país: petróleo, metais e fertilizantes. No entanto, nós conseguimos aumentar o comércio de uma série de itens que são de nosso interesse. As exportações de máquinas e equipamentos russos cresceram 5,8%, a exportação de produtos de alta tecnologia cresceu 16,9%, e o comércio de tecnologias inovadoras aumentou 6,7%.

As importações da Rússia continuam aumentando, incluindo as provenientes dos países do BRICS. Nós não colocamos barreiras à entrada de mercadorias em nosso mercado. Pelo contrário, essas barreiras estão diminuindo devido à adesão da Rússia à OMC.

Que medidas devem ser tomadas pelos países membros do BRICS para fortalecer ou retomar o crescimento comercial?

É necessário fazer um trabalho contínuo junto a cada país, de modo a aumentar as trocas comerciais mútuas. Esse será precisamente o grande desafio para a próxima cúpula dos BRICS e para os encontros entre os ministros da Economia desses países.

Por exemplo, a Rússia e o Brasil estão dando os toques finais no acordo, assinado durante a cúpula, do Plano de Ação Para a Cooperação Econômica-Comercial Brasil-Rússia em 2014-2015, com o objetivo de levar o comércio bilateral à marca dos US$ 10 bilhões, conforme ficou decidido pelos nossos presidentes.

Acreditamos que a adoção da Estratégia para a Cooperação Econômica dos BRICS e o Roteiro Para a Cooperação de Investimento entre os membros do BRICS, nos quais estamos trabalhando no momento, seja um passo importante nesse sentido.

Em que fase se encontra a preparação da Estratégia Para a Cooperação Econômica dos BRICS?

Elaboramos o projeto na sequência da conferência de Durban. Se trata de um documento para traçar e definir as áreas prioritárias para cooperação. Entre elas estão as indústrias de mineração e transformação, a indústria de energia, transportes e logística, a produção agrícola, a tecnologia de inovação e o intercâmbio tecnológico.

O trabalho foi realizado junto com a Academia de Comércio Exterior e com a ajuda de especialistas de países do BRICS. Em primeiro lugar, analisamos as estratégias e as prioridades dos países parceiros. Organizamos em conjunto com o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas e a Academia de Comércio Exterior russa uma espécie de "brainstorm" que consistiu em uma série de seminários e conferências com a participação de especialistas científicos, do corpo diplomático dos países do BRICS, bem como de representantes do empresariado russo. A conferência final se realizou no Ministério do Desenvolvimento Econômico no dia 5 de dezembro de 2013 e reuniu cerca de cem participantes.

Atualmente, o projeto de estratégia está sendo discutido com os parceiros. Claro que tentamos levar ao máximo em conta todas as propostas fortes dos parceiros para elaborar a versão final do documento para a cúpula do BRICS.

Também já iniciamos a preparação do Roteiro Para a Cooperação de Investimentos do BRICS e, juntamente com o empresariado, estamos elaborando as propostas da Rússia. Vamos fortalecer o comércio e a cooperação nos investimentos, em primeiro lugar nas áreas onde possuímos determinadas vantagens competitivas. Refiro-me às áreas de energia, metalurgia, produção agrícola, construção de transportes e maquinaria, atividades financeiras e bancárias. Acreditamos que essas áreas serão os pontos de crescimento que permitirão aos países do BRICS reforçar a sua posição na economia mundial e se contrapor às crises.

Por que depois de vários anos de crescimento do intercâmbio comercial entre a Rússia e a Índia no ano passado esse crescimento abrandou?

Infelizmente, na década de 1990 houve uma queda no nosso comércio bilateral. Somente nos últimos anos o volume tem aumentado de maneira consistente novamente. Em comparação com o início da década de 2000, ele mais que triplicou. Por isso, não se trata exatamente de um abrandamento no nosso comércio com a Índia.

No entanto, existe o objetivo de aumentar o volume das trocas comerciais até os US$ 20 bilhões em 2015, mas atualmente este valor é de apenas US$ 11 bilhões. Em que áreas pretendem aumentar a cooperação?

As áreas mais promissoras de cooperação são as de energia, incluindo a energia nuclear, a da aviação civil, produtos químicos, produtos farmacêuticos e tecnologia da informação. Esperamos que certos problemas relacionados com a construção de novas centrais nucleares na Índia, com a cooperação da Rússia, serão resolvidos, e isso trará um acréscimo de peso ao comércio bilateral. Temos grandes expectativas no uso conjunto do sistema de navegação por satélite Glonass. E estamos longe de esgotar as possibilidades de expansão da nossa cooperação em uma esfera tradicional, como é a da metalurgia.

É possível também aumentar a cooperação econômica entre Rússia e Índia na esfera de investimentos. É bastante evidente que o volume de investimentos bilaterais pode ser aumentado múltiplas vezes e diversificado por diferentes áreas da indústria.

Em outubro de 2013, Moscou sediou a primeira reunião do grupo de trabalho indo-russo dedicado à implementação de projetos prioritários de cooperação bilateral. Durante essa reunião foram discutidos projetos específicos e se chegou a um acordo quanto à elaboração de roteiros para a sua implementação prática.

De que projetos estamos falando?

Entre os primeiros projetos selecionados por este grupo de trabalho está o projeto de construção de uma fábrica para produção de borracha butílica na Índia, com participação da empresa russa Sibur, o projeto Helicópteros da Rússia, que prevê a organização conjunta de um centro de desenvolvimento de helicópteros, o projeto Kamaz, de expansão da produção de caminhões na Índia, e o projeto Fábricas de Tratores, dedicado à implementação de montadoras de tratores industriais na Índia.

Como se explica o declínio no comércio com o Brasil e quais são as suas consequências?
 
O comércio com o Brasil foi afetado pela queda do crescimento econômico global. Além disso, entre os dois países ainda existe o problema do fornecimento mútuo de matérias-primas: vários tipos de fertilizantes, da parte russa, e produtos de alimentação e matérias primas agrícolas, da parte brasileira. Esses dois fatores provocaram a diminuição do comércio bilateral em até 4% no ano passado.
 
Apesar disso o Brasil continua a ser o nosso principal parceiro comercial na América Latina. O comércio bilateral entre o Brasil e a Rússia aumentou quase duas vezes durante os últimos dez anos. Nos últimos três ou quatro anos, conseguimos diversificar nossa cooperação com o Brasil. Diversas empresas russas e brasileiras já estão realizando uma série de projetos de investimento: a Rosneft, por exemplo, adquiriu ações no bloco de petróleo no Solimões, no estado do Amazonas, em uma transação cujo valor superou US$ 1 bilhão; a empresa russa Biocad está envolvida no projeto de criação de um centro para a produção de medicamentos contra o câncer no Brasil; a Kamaz, junto com a empresa brasileira Marcopolo, inaugurou uma fábrica de micro-ônibus em Bashkortostan.  Além disso, as empresas russas Power Machines e Uralvagonzavod estão negociando a instalação de uma empresa na área de tecnologia no Brasil.

A cooperação bilateral nas áreas da tecnologia da informação e o fornecimento de softwares russos é relativamente nova, mas parece bem sucedida. Empresas como Abbe, Vebseyfer, Sonda Tecnologia e Goodwin já assinaram contratos com vários parceiros brasileiros e continuam a desenvolver sua cooperação com o país

 

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