Tribunal Internacional do Direito do Mar decidiu que a Rússia deve libertar todos os tripulantes do Arctic Sunrise Foto: Reuters
O processo no Tribunal Internacional foi instaurado no último dia 6 pelo governo holandês, cuja intenção era reconhecer as ações das autoridades russas como sendo ilegais e obrigar o país a devolver o navio, além de desistir da acusação de vandalismo contra os ambientalistas.
As autoridades russas se recusaram a participar do julgamento por não reconhecerem a jurisdição da Convenção das Nações Unidas sobre o caso Greenpeace. Mesmo assim, o presidente do Tribunal Internacional do Direito Marítimo, juiz Shunji Yanai, determinou que a Holanda entregue à Rússia um depósito no valor de 3,6 milhões de euros, depois do qual a parte russa deverá imediatamente liberar o navio e permitir que todos os estrangeiros envolvidos deixem o país sem qualquer acusação.
O presidente do tribunal deu dez dias para a satisfação das demandas, e ambos os países tem até 2 de dezembro para apresentar relatórios sobre as medidas tomadas.
“Se a Rússia se recusar a cumprir a exigência do tribunal, isso não implicará em sanções. O direito internacional não prevê punição por insubordinação”, garante o doutor em direito e professor de Direito Internacional no Instituto de Relações Internacionais de Moscou (Mgimo, na sigla em russo), Dmítri Labin.
Segundo o jurista, o direito internacional não envolve medidas coercivas contra os Estados, pois subentende-se que as obrigações internacionais devem ser assumidas voluntariamente. “Não existe um organismo capaz de monitorar, controlar e muito menos punir os infratores. A função do tribunal termina com o pronunciamento da sentença”, explica Labin. “São os Estados que devem respeitar o direito internacional ou, caso contrário, os outros países poderão tomar ações de retaliação.”
Até hoje não existem precedentes no direito internacional em que um Estado tenha se recusado a acatar as decisões do Tribunal Internacional do Direito Marítimo, embora situações semelhantes tenham ocorrido em outros tribunais internacionais.
O conflito diplomático entre Rússia e Holanda será novamente tratado durante a audiência principal, na qual os juízes decidirão se a parte russa violou os artigos da Convenção da ONU sobre o Direito Marítimo no que diz respeito à liberdade de navegação.
Com materiais dos veículos Kommersant e Gazeta.ru
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