Kremlin se dispõe a negociar cooperação com a Ucrânia

“Enquanto o ‘Euromaidan’ não se dispersar, a Rússia deve ser extremamente cuidadosa" Foto: AFP/East News

“Enquanto o ‘Euromaidan’ não se dispersar, a Rússia deve ser extremamente cuidadosa" Foto: AFP/East News

Vice-premiê russo Ígor Chuvalov declarou que país está pronto para negociar com a Ucrânia sobre as relações aduaneiras da União Eurasiática com a participação da União Europeia. Cooperação industrial com a Ucrânia também prosseguirá, independentemente da decisão de Kiev de criar zona de comércio livre com a UE ou participar da união aduaneira com os países da CEI.

“Estamos prontos para negociar em vários formatos. O importante é alcançarmos resultados reais, por isso trabalharemos no formato que for mais conveniente para os nossos parceiros”, disse Chuvalov, em Washington. “Todos nós queremos que os eventos na Ucrânia terminem sem escalada de violência. Mas tudo isso vai definir o destino do país e deve ser feito pesando todos os prós e contras.”

Segundo Chuvalov, Moscou vai apoiar qualquer decisão da Ucrânia e, independente do que for resolvido, a cooperação industrial previamente acordada continuará em vigor. “Estamos ligados à Ucrânia através de setores de alta tecnologia de produção de mísseis, motores, aviões e muitas outras áreas de interesse para nós”, disse.

O presidente Pútin já havia dito que Moscou não pretende opor a União Eurasiática a outros projetos de integração, “nomeadamente, é claro, um projeto já tão maduro como é o da integração europeia”. Paralelamente, os observadores políticos de Moscou apelam ao governo para não interferir nos acontecimentos na Ucrânia.

“Se de repente conseguirmos fazer com Ianukovitch concorde com a participação de Kiev na União Aduaneira [Rússia, Cazaquistão e Bielorrússia] será, provavelmente, ilusória e de curta duração”, afirma Mikhail Rostov, da agência RIA Nóvosti, alegando que futuros líderes ucranianos poderão novamente mostrar o desejo de aderir à UE.

“Devemos nos concentrar em acordos práticos que unam as economias dos dois países”, acrescenta Rostov. Ele acredita que os atuais acordos práticos com a Rússia, cuja ruptura iria prejudicar os interesses nacionais da Ucrânia, vão ser um fator para brecar até mesmo a política antirrussa predominante no país vizinho.

“Enquanto o ‘Euromaidan’ não se dispersar, a Rússia deve ser extremamente cuidadosa. Lidar com a agitação política interna da Ucrânia não é tarefa de Moscou. Não devemos tentar fazer por Viktor Ianukovich o trabalho dele. Ou o presidente ucraniano sai dessa sozinho ou acabará por cair”, diz o observador.

Percebendo a gravidade da situação, a liderança da Ucrânia apelou recentemente aos manifestantes para juntos defenderem os interesses do país. “O governo também apoia a rápida assinatura do acordo, mas queremos criar as condições para minimizar os prejuízos para a economia da Ucrânia”, declarou o primeiro-ministro ucraniano Mikola Azarov, explicando que o país pede € 20 bilhões como parte do acordo de associação.

“A quem beneficiam esses protestos? Aos funcionários europeus ou ao povo da Ucrânia, que tem necessidade urgente de ajuda econômica e financeira? Se o nosso objetivo é o mesmo – a integração europeia bem-sucedida – vamos então nos sentar à mesa das negociações e juntos defender os interesses da Ucrânia”, finalizou Azarov.

 

Com informações da agência de notícias RIA-Nóvosti 

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