Ano Holanda-Rússia é marcado por divergências entre os dois países

O encerramento do ano de festividades no último final de semana, quando os reis holandeses visitaram Moscou para também se reunir com Pútin, foi marcado por um incidente Foto: Reuters

O encerramento do ano de festividades no último final de semana, quando os reis holandeses visitaram Moscou para também se reunir com Pútin, foi marcado por um incidente Foto: Reuters

Após reunião com o presidente da Rússia, rei Guilherme Alexandre foi recebido na frente da entrada de conservatório por dois jovens ativistas do movimento de protesto Outra Rússia, que tentaram jogar tomates no monarca.

Ano Holanda-Rússia, 2013 foi dedicado ao desenvolvimento da cooperação cultural e econômica dos dois países. Durante os últimos meses, no entanto, aumentou a tensão diplomática entre os dois países, especialmente após a detenção dos membros do Greenpeace, ataques a diplomatas e declarações da Holanda sobre um possível asilo para gays russos que forem perseguidos no país.

O encerramento do ano de festividades no último final de semana, quando os reis holandeses visitaram Moscou para também se reunir com Pútin, foi marcado por um incidente.

Após a reunião com o presidente da Rússia, o rei Guilherme Alexandre se dirigiu para o concerto da Orquestra Real do Concertgebouw holandesa no Conservatório de Moscou. Em frente à entrada do conservatório dois jovens ativistas do movimento de protesto Outra Rússia tentaram jogar tomates no rei gritando "O sangue de Dolmatov está nas suas mãos".

O caso de Aleksandr Dolmatov foi um dos eventos mais ressonantes de 2013. Ele era membro do Partido Nacional Bolchevique, proibido na Rússia pelo extremismo, e ativista do partido não registrado Outra Rússia. Em 6 de maio de 2012, Dolmatov foi detido durante manifestações contra Pútin em Moscou. Após a prisão, Dolmatov foi para a Holanda, onde pediu asilo político, mas o pedido foi negado. Dolmatov se enforcou em uma prisão para deportações de Rotterdam em 17 de janeiro deste ano. Em uma carta de despedida ele escreveu que não queria ser um traidor.

O escritor e político Eduard Limonov, líder do Partido Nacional Bolchevique e da Outra Rússia, afirmou que a morte está relacionada com os serviços de inteligência dos países da OTAN. Dolmatov trabalhou como engenheiro em uma empresa do departamento russo da Defesa e, de acordo com Limonov, se recusou a cooperar com os serviços de inteligência estrangeiros.

“Temos certeza de que resolveremos todas as controvérsias de forma amigável", declarou o rei Guilherme Alexandre.

Pela primeira vez a oposição russa teve a oportunidade de culpar não só as autoridades russas, mas também as estrangeiras. A rainha holandesa declarou que a morte de Dolmatov foi uma "grande tragédia". Uma investigação revelou que ele foi preso sem justificativa  durante o processo da apelação.

Essa não é a primeira ação de ativistas relacionada com a morte de Dolmatov. Em janeiro de 2013, ativistas realizaram uma manifestação em frente da embaixada e do consulado da Holanda em Moscou e em São Petersburgo. "Na minha opinião, tudo aconteceu de forma espontânea. Era preciso protestar”, diz o ativista da Outra Rússia Maksim Gromov, que também foi prisioneiro político no passado. “O motivo é compreensível: queremos atrair atenção ao conflito e exigimos a continuação da investigação", completa Gromov.

Os ativistas foram detidos e agora enfrentam julgamento por vandalismo.

Além da história de Dolmatov, existem outros problemas entre os dois países, como a detenção da tripulação do navio do Greenpeace "Arctic Sunrise" depois de uma tentativa de atacar a plataforma de petróleo Prirazlómnaia, no mar Petchora, uma série de incidentes com diplomatas e as declarações da Holanda de que esse país dará asilo a todos os homossexuais russos que sofrem perseguição.

Surpreendentemente, tudo isso não impediu o desenvolvimento ativo das relações culturais e econômicas entre a Rússia e a Holanda. Em 2013, os dois países participaram de várias exposições e conferências dedicadas à construção naval, navegação e descobertas no oceano. O programa cultural bilateral contou com mais de 130 eventos: concertos, exposições, festivais e todos os tipos de espetáculos. A galeria Tretiakov exibiu as obras do grande vanguardista holandês Piet Mondrian. O Museu de Lakenhal, de Leiden, realizou uma exposição de vanguardistas russos chamada "Utopia 1900-1940". Em Amsterdã, o Museu Stedelijk realizou uma exposição de Kazimir Malévitch.

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