“Movimento anti-Rússia é alimentado pelas forças políticas”, diz embaixador

Durante marcha que celebra independência da Polônia, manifestantes atiraram pedras na embaixada russa em Varsóvia Foto: Reuters

Durante marcha que celebra independência da Polônia, manifestantes atiraram pedras na embaixada russa em Varsóvia Foto: Reuters

Atos de vandalismo em frente à embaixada russa na Polônia causaram crise diplomática entre os dois países. Em entrevista ao jornal "Rossiyskaya Gazeta", o embaixador da Rússia na Polônia falou sobre reação das autoridades polonesas e compensação pelos danos materiais.

Nesta terça-feira (12), o embaixador polonês em Moscou, Wojciech Zajaczkowski, foi chamado para uma reunião de emergência com o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, onde foi apresentada com uma queixa referente aos ataques à embaixada da Rússia na Polônia organizada pela uma multidão agressiva de participantes da chamada “Marcha da Independência”.

“O tumulto resultou em danos materiais para a missão diplomática russa no país e em suspenção forçada do seu funcionamento normal por algumas horas, o que é considerado uma violação da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, explica um representante do ministério russo.

Os participantes da marcha, embalados por slogans anti-Rússia, atiraram pedras na embaixada russa e queimaram o seu posto de segurança. “Em 24 anos da independência da Polônia tivemos várias manifestações na frente das embaixadas de outros países, porém, esta foi a primeira que foi marcada por atos de vandalismo”, declarou o ministro do Interior polonês, Bartlomiej Sienkiewicz, em entrevista à emissora Polskie Radio.

Em sua conta no Twitter, o ministro das Relações Interiores da Polônia, Radoslaw Tomasz Sikorski, disse estar  “desonrado na frente do mundo todo devido ao comportamento de um grupo de nacionalistas que violaram a integridade da embaixada estrangeira. É um crime e é uma vergonha, o que não têm nada a ver com patriotismo”.

A agitação aconteceu na última segunda-feira (11), quando 20 mil moradores de Varsóvia participavam da tradicional marcha em celebração ao Dia de Independência da Polônia. A polícia tentou conter os manifestantes por meio de cassetetes de borracha e bombas gás lacrimogênio, e 72 participantes acabaram presos. Além dos danos materiais estimados em US$ 35 mil, a prefeitura da cidade alega que 12 policiais e 7 civis foram feridos durante o protesto.

Conflito diplomático

Em entrevista ao jornal "Rossiyskaya Gazeta", o embaixador da Rússia na Polônia, Aleksandr Alekseev, concordou com as suspeitas referentes a um possível estímulo do movimento anti-Rússia pelas forças políticas polonesas. “Não acredito que esse ato seja uma ação espontânea de indivíduos que não possuem nenhuma ligação entre si. Para falar a verdade, o ataque não nos surpreendeu, pois nós já esperávamos algo deste tipo”, disse ele.

Gazeta Russa: Levando em consideração que o trajeto da marcha foi divulgado com antecedência, por que a segurança da embaixada não foi reforçada pelas forças policiais locais?

Aleksandr Alekseev: Devido à grande quantidade de manifestantes, nenhum reforço policial poderia evitar os atos de vandalismo. Ao mesmo tempo, a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas obriga as autoridades polonesas a garantir a nossa segurança.

Uma maneira comum de fazê-lo é cercar a embaixada com os policiais armados. A falta dessa proteção liberou o acesso ao prédio da embaixada para os manifestantes, sem falar de que a quantidade de policiais presentes no local não foi suficiente para conter a multidão; o reforço chegou apenas meia-hora após o começo dos tumultos.

GR: Em sua opinião, o ataque é apenas um ato de vandalismo ou representa algo mais sério?

AA: Acredito que não é um simples ato de vandalismo. Os manifestantes tentaram invadir o território da embaixada, arrebentaram o portão de entrada e danificaram o sistema de alarme. No momento, estamos consertando tudo que foi quebrado. Além disso, muitos acontecimentos recentes nos deixam com certas dúvidas em relação ao caráter espontâneo do ataque, pois, nos últimos tempos, a representação diplomática russa foi atacada apenas no território libanês. Agora isso aconteceu também na Polônia.

GR: Existe um forte movimento anti-Rússia no país?

AA: Sim, acredito que esse movimento anti-Rússia é alimentado pelas forças políticas e mídia.

GR: Quais serão os próximos passos das autoridades russas?

AA: Estou preparando uma reunião com o Ministério de Relações Exteriores polonês, onde expressarei a minha opinião em relação aos acontecimentos recentes. Vamos exigir o pedido oficial de desculpas, compensação pelos danos materiais, assim como a tomada de medidas adequadas para que isso nunca mais aconteça.

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