Exôdo não deve ser grande, já que homossexuais representam, no máximo, 8% da população russa Foto: Reuters
“A lei que proíbe a propaganda da homossexualidade tem um efeito estigmatizante e discriminatório, reforça o clima de homofobia e o bullying a LBGTs e seus apoiadores”, criticou o ministro holandês, ao anunciar que as vítimas da “lei antigay” russa, que proíbe a propaganda de valores homossexuais, receberão asilo político em seu país
As duras declarações de Timmermans antecederam a visita do rei Guilherme Alexandre à cerimônia oficial do fim do ano Holanda-Rússia, em 8 e 9 de novembro. O encontro do monarca com o presidente russo Vladímir Pútin tem como objetivo debater as relações amistosas entre os dois países.
Os políticos russos, no entanto, acreditam que as palavras do ministro holandês são uma tentativa de reforçar a sua posição no conflito diplomático entre os dois países. “Nenhuns direitos civis estão sendo violados com essa lei”, disse a chefe do comitê da Duma (câmara dos deputados na Rússia) para as questões da Família, Mulheres e Crianças, Elena Mizulina, que duvida de um êxodo maciço de cidadãos russos.
Observadores russos não acreditam que a declaração de Timmermans terá tanto impacto na sociedade russa quanto na reputação das autoridades russas. “As declarações do ministro holandês são um duro golpe para a reputação dos políticos russos. Até agora, no entanto, os mais influentes deles preferem se esquivar da crítica à União Europeia”, diz o diretor do Centro Levada, Lev Gudkov. Mesmo assim, ele também questiona a possibilidade de êxodo. “Os homossexuais não são mais do que 8% da população russa, e poucos deles devem decidir ir embora”, acrescenta.
Além disso, os LGBTs já tinham chances de viver na Holanda mesmo antes do depoimento de Timmermans. De acordo com o Serviço de Imigração e Naturalização dos Países Baixos, os representantes de minorias sexuais perseguidos na sua pátria tem há algum tempo a possibilidade de obter o estatuto de refugiado e o direito de residência temporária no país.
Onda de choques
No início de outubro, o conselheiro da embaixada da Rússia, Dmítri Borodin, foi detido em Haia por suspeita de abuso infantil e posteriormente libertado, A Holanda pediu desculpas pela violação da imunidade diplomática do cidadão russo, mas ressaltou que não iria punir os policiais envolvidos.
Moscou informou que as autoridades russas não tinham nenhuma razão para suspeitar de atos ilícitos por parte de Borodin. Porém, esse episódio colocou mais lenha na fogueira do conflito russo-holandês, que surgiu com a apreensão do navio holandês “Arctic Sunrise”, usados por ativistas do Greenpeace.
O escândalo diplomático ganhou nova proporção quando, em meados de outubro, o vice-embaixador dos Países Baixos, Onno Elderenbosch, foi espancado dentro de seu apartamento em Moscou. Homens desconhecidos se fizeram passar por eletricistas, amarram-no e escreverem a sigla “LGBT com batom no espelho do banheiro. A Rússia apresentou um pedido de desculpas e pediu a colaboração da Holanda na investigação dos culpados.
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