Chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif (dir.), apresentou programa para resolver questão nuclear que aflige o Ocidente Foto: AP
Mais uma rodada de negociações sobre a questão nuclear iraniana entre o grupo de seis países (Rússia, EUA, China, Reino Unido, França e Alemanha) e o Irã chegou ao fim esta semana em Genebra. A grande novidade foi que o chanceler iraniano Mohammad Javad Zarif e sua equipe expuseram um plano para a resolução do impasse nuclear de longa data.
Após o primeiro dia de negociações, o principal negociador nuclear do Irã, Abbas Arakchi, declarou que o governo de Teerã está disposto a ampliar as competências dos inspetores da ONU em termos de acesso às suas instalações nucleares. Segundo uma fonte da delegação iraniana citada pela agência de notícias ITAR -TASS, o plano apresentado pelo Irã prevê duas etapas de implantação de medidas de confiança.
Na primeira etapa, prevista para durar entre três e seis meses, o governo iraniano irá suspender os trabalhos de enriquecimento de urânio a 20% e concederá informações mais detalhadas sobre seu reator a água pesada em Arak. Na segunda fase, que deve se prolongar por até um ano, o país pode reduzir o volume de trabalhos de enriquecimento de urânio e o número de centrífugas em suas instalações.
Paralelamente, a agência de notícias IRNA informou que a proposta iraniana não prevê a adesão do país ao Protocolo ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, que permite inspeções sem aviso prévio de quaisquer instalações. O anúncio sobre a decisão de participar do programa é esperado para a próxima rodada de negociações, que acontecerá em Genebra nos dias 7 e 8 de novembro.
Confiança gradual
Os iranianos parecem acreditar na possibilidade de avançar nas negociações ao registrar uma atitude positiva do Ocidente para com o novo presidente do país, Rouhani, e um degelo nas relações com os EUA.
De acordo com Anton Khlopkov, membro do grupo de peritos para a segurança internacional do Conselho de Segurança da Rússia, a crise em torno do Irã tem uma longa história e sua origem não está só no programa nuclear, mas também nas relações iraniano-americanas em geral.
“As declarações do Irã evidenciam sua disponibilidade para buscar um acordo, mas todos devem ser pacientes. Serão necessários meses para que a confiança perdida durante mais de três décadas de inimizade seja recuperada”, ressalta o especialistas.
Para ilustrar o cenário atual, o vice-chanceler russo, Serguêi Riabkov, que também compartilha a opinião de Khlopkov, disse que “as posições do Irã e do grupo de seis países distam quilômetros uma da outra, enquanto a aproximação é feita em passos pequenos”.
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