"É absurdo pensar que o Greenpeace quis se apoderar da plataforma petrolífera russa, e além disso os ambientalistas não tinham nenhuma arma" Foto: AFP / EastNews
Na última quarta-feira (9), o porta-voz do Comitê de Investigação da Rússia, Vladímir Márkin, anunciou que os investigadores encarregados do caso teriam encontrado drogas a bordo do navio do Greenpeace.
"A investigação está examinando os equipamentos, objetos e documentos apreendidos durante a inspeção do navio e apurou que alguns dos equipamentos apreendidos são de dupla utilização e poderiam ter sido usados não só para fins de defesa ambiental", disse Márkin.
"Além disso, durante a inspeção do navio, foram apreendidas substâncias entorpecentes, aparentemente palha de papoula e morfina, cuja origem e finalidade estão sendo apuradas."
Entre 18 e 19 de setembro, 28 ativistas do Greenpeace e dois jornalistas foram detidos pelo serviço de fronteiras russo após realizar um protesto no Ártico.
Eles se encontram em prisão provisória sob a acusação de pirataria, e agora podem ser acusados de outros delitos graves.
Sua embarcação, o Artic Sunrise, está retida na Baía de Kola, no norte do país. Entre os ativistas, há uma brasileira, Ana Paula Alminhana, de 31 anos.
Base da investigação
Com o anúncio do comitê investigativo, os detidos devem enfrentar uma acusação mais grave, e serão indiciandos ainda por atentado contra a vida e integridade física de oficiais russos, de acordo com Márkin.
Ainda no dia 18 de setembro, dois dos ativistas do Greenpeace tentaram subir na plataforma Prirazlómnaia, da Gazprom, para protestar contra a exploração de petróleo no Ártico.
Eles foram dissuadidos após a guarda de fronteiras russa disparar onze tiros para o alto.
Segundo Márkin, os ambientalistas colocaram em risco a vida dos tripulantes da guarda de fronteiras russa ao albaroar as lanchas russas que se aproximavam para ins´pecionar o Artic Sunrise.
O Tribunal de Murmansk rejeitou o pedido, apresentado pela defesa, de libertação de quatro representantes russos do Greenpeace: Andrêi Allakhverdov, Denis Siniakov, Ekaterina Zaspa e Roman Dolgov.
Os advogados dos outros 22 ativistas e dois jornalistas presos já entraram com recursos, alegando ilegalidades cometidas durante a detenção e outras ações processuais contra seus clientes.
Eles afirmam que, já que seus clientes se encontram detidos desde 19 de setembro, após serem trancados pela guarda de fronteiras no refeitório do Artic Sunrise, devem ser libertados por ter vencido o tempo de prisão preventiva.
Defesa
Para Vladislav Geinov, advogado da médica do Greenpeace, Ekaterina Zaspa, é absurdo que sua cliente esteja detida, já que ela não tentou subir à plataforma da Gazprom.
"Do ponto de vista jurídico, a acusação de pirataria apresentada pelo comitê de investigação não faz o menor sentido", afirma o advogado.
"A pirataria consiste, sobretudo, em um ataque armado para tomar posse da embarcação ou de outros bens. É absurdo pensar que o Greenpeace quis se apoderar da plataforma petrolífera russa, e além disso os ambientalistas não tinham nenhuma arma", acrescenta.
O diretor-executivo do Greenpeace International, Kumi Naidoo, enviou uma carta ao presidente russo, Vladímir Pútin, na qual pediu que intercedesse para libertar sem mais delongas os ativistas da organização.
Segundo o porta-voz da presidência russa, Dmítri Peskov, a carta ainda não chegou ao gabinete da presidência. Ele também afirmou que pode levar algum tempo para a missiva chegar ao destinatário por via diplomática, e relembrou que Pútin não resolve questões ligadas à investigação.
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