Como preside atualmente o G20, a Rússia pretende enfatizar a necessidade de aumento dos investimentos para a recuperação global Foto: RIA Nóvosti
Enquanto as autoridades peterburguenses estão empenhadas em concluir a construção de uma estrada para os participantes da cúpula e prometem resolver o problema dos imigrantes ilegais na cidade, a imprensa internacional continua especulando se o presidente dos EUA, Barack Obama, vai cancelar sua visita à Rússia por causa do asilo concedido ao ex-consultor da CIA Edward Snowden.
A última reunião do G20 composta por ministros da Economia e Finanças e presidentes de bancos centrais das grandes economias desenvolvidas e emergentes, realizada no final de julho passado, identificou os pontos mais importantes da agenda da próxima cúpula e teve especial relevância para a preparação do evento.
Em um comunicado final, as autoridades financeiras dos 20 países afirmaram ter aprovado três planos de ação: um para estudar as possibilidades de aumentar investimento a longo prazo; outro para combater a evasão fiscal; e um terceiro, chamado plano de ação de São Petersburgo, destinado à promoção de um crescimento equilibrado da economia mundial por meio da criação de empregos.
O tema da desaceleração econômica irá dominar boa parte da pauta da cúpula, já que esse problema não afeta só a Europa, que vive uma recessão prolongada, mas também os EUA e os países emergentes, que apresentaram desaceleração do PIB nos últimos anos. “Esse fenômeno se deve, em parte, aos processos cíclicos e à falta de ajustamento estrutural”, explica o especialista-chefe em macroeconomia da IHS Global Insight, Nariman Beravesh.
Em julho passado, o FMI (Fundo Monetário Internacional) reduziu sua previsão de crescimento global para este ano de 3,3% para 3,1%, deixando, contudo, no mesmo nível (+1,2%) suas estimativas para os países desenvolvidos. Já as estimativas da entidade para as economias emergentes são menos otimistas: o PIB da China deverá crescer 7,8% ante a previsão anterior de 8%; o Brasil crescerá 2,5% (previsão anterior de 3%), e a Índia crescerá 5,6% (a previsão anterior era 5,7%). As estimativas para a economia russa também são muito alarmantes.
Em julho passado, o índice PMI da indústria transformadora russa caiu pela primeira vez desde agosto 2011 para o nível mais baixo desde dezembro de 2009. Previsões pessimistas para a economia russa já haviam sido divulgadas pelo FMI e o Banco Mundial, que reduziram suas estimativas para o crescimento do PIB russo para 2,5% e 2,3%, respectivamente.
Como preside atualmente o G20, a Rússia pretende enfatizar a necessidade de aumento dos investimentos para a recuperação global.
“O objetivo geral da recuperação econômica inclui dois grandes desafios: como colocar em ação o motor do desenvolvimento e como reduzir os riscos por meio de uma arquitetura financeira internacional que evite desequilíbrios capazes de provocar uma nova crise”, afirma o analista econômico Evsei Gurvitch. Outro desafio dos países do G20 é a criação de instituições que possam aumentar o controle sobre a aplicação dos investimentos e rever as políticas governamentais de apoio aos investidores.
O combate à evasão fiscal e à corrupção também deve ficar no foco da próxima cúpula. O respectivo plano de ação, cuja elaboração foi iniciada durante a presidência rotativa da Rússia e continuará durante a presidência austríaca, prevê uma ação coordenada com vista à independência das agências anticorrupção, combate à lavagem de receitas ilícitas e o controle da mobilidade dos servidores públicos envolvidos em tais crimes.
Alguns desses temas agendados para a reunião foram herdados pela Rússia das presidências anteriores. Dentre eles estão a continuação da reforma da arquitetura financeira internacional e a regulação financeira. Exemplo disso é a reforma de cotas de participação no FMI em favor dos países emergentes aprovada pelo G20 ainda em 2010 e que preocupa sobretudo os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
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