Militantes tchetchenos estão combatendo nas fileiras da oposição na Síria Foto: AP
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo reconheceu o envolvimento de tchetchenos na guerra na Síria ao lado dos grupos radicais. Segundo um comunicado, um dos grupos de islâmicos que está lutando contra Bashar Al-Assad é liderado por Abu Musaab, um nativo da Tchetchênia.
Segundo apurou o jornal "Kommersant", mais de 100 combatentes tchetchenos estão lutando no país. O seu recrutamento está sendo feito por extremistas tchetchenos baseados na Síria.
A declaração veio depois que os islâmicos que estão lutando no norte do país massacraram habitantes curdos do local em retaliação à captura de Musaab, que afirmou ser tchetcheno. Exigindo a sua libertação, os islâmicos realizaram um massacre de civis e tomaram como reféns cerca de 500 curdos, basicamente mulheres, idosos e crianças. Musaab foi liberado, mas os islâmicos continuam mantendo cerca de 200 civis como reféns, que estão sendo utilizados como escudo humano.
Não se conhece o verdadeiro nome de Musaab. Usar pseudônimos é uma tradição entre os militantes que tomaram o caminho do wahabismo.
Usman Ferzauli (ele se apresentou como ministro dos Negócios Estrangeiros da República da Itchkeria), um dos partidários da independência da Tchetchênia e que mora em um país da Europa Ocidental, confirmou ao “Kommersant” que militantes tchetchenos estão combatendo nas fileiras da oposição na Síria.
"É difícil dizer exatamente quantos tchetchenos estão lutando lá, mas acredito que certamente são mais de cem", afirmou Ferzauli.
De acordo com ele, a maioria dos tchetchenos na Síria vem do norte do Cáucaso, embora também se encontre os "tchetchenos europeus", filhos daqueles que durante a primeira e a segunda campanha tchetchena mudaram-se para a Europa a fim de escapar da guerra. Ferzauli acredita que todos entram na Síria através da Turquia.
De acordo com o interlocutor do jornal, quem está convocando os tchetchenos para combater na guerra ao lado da oposição são os adeptos da organização terrorista intitulada Emirado do Cáucaso, proibida na Federação Russa e encabeçada por Doku Umarov, líder da resistência armada do norte do Cáucaso. O recrutamento está sendo realizado por Isa Umarov, primo de Movladi Udugov, ideólogo do grupo. Os dois entraram para a história da autoproclamada República da Itchkeria como organizadores, em 1999, do golpe jihadista contra Aslan Maskhadov, presidente na ocasião.
"Quando necessário, Udugov atravessa facilmente a fronteira russa com o objetivo de recrutar novos combatentes”, declarou Ferzauli.
Vale lembrar que há um ano foi morto na Síria o filho do comandante de campo tchetcheno Ruslan Gelaiev, bastante conhecido no passado. De acordo com uma versão divulgada nos sites dos militantes na internet, ele morreu combatendo ao lado da oposição. Já os parentes da vítima alegaram que Gelaiev Jr. estava estudando na Síria e foi morto dentro de uma mesquita atacada pelos aviões do governo.
Um ano atrás, repercutiu a história do fotógrafo britânico John Kèntli e de seu colega da Holanda Jerun Èrlemansom. Eles foram sequestrados por islamitas radicais no norte da Síria e passaram cerca de uma semana em cativeiro. Após o seu retorno para casa, Kèntli declarou que entre os seus sequestradores "havia quem você quisesse, menos sírios". Segundo ele, estavam lá, inclusive, os nativos da Tchetchênia. Os fotógrafos conseguiram escapar do cativeiro depois da intervenção dos soldados do Exército Livre da Síria.
De acordo com Ferzauli, "o governo da Itchkeria opõe-se à participação de combatentes tchetchenos na guerra da Síria".
"Isa Umarov e Movladi Udugov defendem a ideia do jihad global”, declarou ao “Kommersant”. “Essas posições são estranhas aos dirigentes da Itchkeria."
Publicado originalmente pelo Kommesrsant
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