Institutos Púchkin concorrerão com os institutos Confúcio, Goethe e Cervantes Foto: Cody White
O idioma russo, que antes era promovido no exterior por organizações diversas como o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a Fundação Rússki Mir, terá uma única entidade responsável por essa grande missão. O Conselho do Idioma Russo, liderado pela vice-premiê Olga Golodets, será criado até a metade do segundo semestre deste ano e contará com a participação dos representantes do governo, entidades científicas, educacionais, artísticas e comerciais.
O Instituto Estatal do Idioma Russo do famoso poeta Púchkin ficará responsável pelo desenvolvimento dos departamentos linguísticos de novos centros culturais, assim como pela criação do material didático. No passado, o instituto possuía uma ampla rede de filiais, cujo financiamento foi cortado após a queda da União Soviética que os obrigou a se tornarem entidades autônomas ou fecharem suas portas para sempre.
Em entrevista à Gazeta Russa, o vice-decano do Departamento de Formação Estudantes Estrangeiros, Baraudin Karadjev, reconheceu o aumento de interesse dos cidadãos de outros países pelo idioma russo e o número crescente dos estudantes e estagiários vindos do exterior.
“O idioma russo é muito usado nos países orientais, temos uma grande quantidade dos estudantes dos países da CEI. Por exemplo, a cidade de Duchambe, capital do Tajiquistão, já possui três centros culturais russos”, disse Karadjev. “Colaboramos com a maioria dessas entidades espalhadas pelo território europeu e apoiamos a iniciativa dos estrangeiros que criam os centros linguísticos por conta própria.”
A expectativa é que o conhecimento do idioma russo contribua para o fortalecimento da influência do país no exterior. “A área de propagação do idioma sempre era o nosso domínio cultural e geopolítico. Portanto, a redução do seu conhecimento entre povos da ex-União Soviética pode ser considerado um verdadeiro problema nessa área”, afirma Olga Krichtanóvskaia, socióloga ligada à Academia Russa de Ciências. “Os serviços dos centros culturais serão prestados aos estrangeiros que pretendem investir no seu futuro profissional ligado ao mercado russo. Além disso, temos muitos fãs do nosso país”, acrescenta.
Fato é que, ao longo dos últimos 20 anos, o domínio do idioma russo no exterior foi reduzido drasticamente. “Se antes o russo era ensinado em todas as repúblicas da União Soviética, nos países do Tratado de Varsóvia, assim como na maioria dos países asiáticos e africanos, hoje em dia, o domínio do idioma entre os recém-chegados das ex-repúblicas soviéticas deixa a desejar”, explica Nikita Mkrtchian, pesquisador do Instituto Demográfico da Escola Superior de Economia.
A criação de oportunidades de aprendizagem linguística nos territórios dos países com os maiores fluxos migratórios para o território russo também deve contribuir para o aumento do nível de instrução dos imigrantes. “Precisamos deles no nosso país. Todos os anos recebemos 200 mil novos moradores e no momento temos 1,5 milhões de trabalhadores estrangeiros legais, assim como cerca de 5 milhões ilegais. A falta do conhecimento do idioma russo obrigará essas pessoas a aprendê-lo dentro do seu novo país, no entanto, a capacidade de aprendizagem de um adulto é muito inferior a de uma criança, assim como os trabalhadores nem sempre tem tempo suficiente para estudar”, aponta Mkrtchan.
Os especialistas se preocupam, contudo, com a verba estatal disponibilizada para o projeto. Segundo estimativas, serão injetados 1,5 bilhões de rublos (US$ 45,9 milhões) na criação e difusão de tais centros culturais até o final de 2014. “Os recursos financeiros oferecidos pelo governo não serão suficientes. São necessários maiores investimentos tanto nas escolas de idiomas quanto na manutenção dos centros culturais”, alega Karadjev.
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