Egito a caminho do golpe militar militar

Risco de golpe militar cresce com escalada dos protestos Foto: Reuters

Risco de golpe militar cresce com escalada dos protestos Foto: Reuters

Gazeta Russa preparou uma seleção das opiniões de especialistas russos sobre o futuro do maior país do Oriente Médio, sobre o pano de fundo da oposição da política interna no Egito.

BTH preparou uma seleção das opiniões de peritos russos sobre o futuro do maior país do Oriente Médio, sobre o pano de fundo da oposição da política interna no Egito.
Marina Sapronova, professora doutora da MGIMO (Instituto Estatal de Moscou de Relações Internacionais, na sigla em russo), contou em entrevista para a Gazeta Russa, que o Egito está agora passando por um processo de transformação do sistema político e da organização do Estado, que simplesmente não pode ser rápido, uma vez que na sociedade egípcia não há nenhum consenso quanto ao caminho a seguir para um posterior desenvolvimento do país. A situação se complica pelo fato que a região inteira passa agora pela etapa de mudanças.
Ela supõe, que a questão da renúncia de Mursi está praticamente resolvida: “Originalmente, Mursi tinha um pequeno crédito de confiabilidade. Levando em conta a sua política de colapso, ele deverá logo se afastar, mas isto não resolverá os problemas econômicos e sociais. Um longo período de instabilidade política aguarda o Egito. No entanto, não haverá uma guerra civil. Egito não é  Líbia e nem Síria. A população tão tem a mesma quantidade de armas nas mãos”.
Na opinião da interlocutora da Gazeta Russa,  a situação agora no Egito dependerá dos militares: “ O exército é a única força organizada, que tem a confiança do povo. É capaz de tomar o processo político sob o seu controle, quando chegar a hora. E iniciar a restauração da ordem. O exército fará o papel de protetor, transmitindo, em seguida, o poder para a autoridade civil, quando então, serão realizadas as eleições”.
Com isto, Marina Sapronova está certa de que os estrangeiros, que visitam os resorts egípcios nada têm a temer - o mais populares, encontram-se longe dos centros da atividade política, e para o Egito é de interesse vital que as desordens não toquem o turismo. Afinal, este segmento emprega aproximadamente um entre dez egípcios, e a renda do turismo excede em muito a renda pela exploração do Canal de Suez.
Professor da Academia de Diplomatas do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, Alexander Vavilov, também pensa que caso Mursi seja afastado, o Egito passará por um período de governo militar. Em entrevista para o jornal Vzgliád, ele disse: “Desde 1952, o exército desempenhou na história do Egito moderno, um papel bastante importante e decisivo, em todas as perturbações políticas. Agora a situação está desestabilizada novamente, de difícil controle O exército, naturalmente, declarou que está ao lado do povo e que sempre esteve ao lado dele, portanto ele pode servir como um elemento organizador, mas que depois, se afastará para o segundo plano.  O Egito já tem forças políticas suficientes, que adquiriram a experiência e o gosto pela vida política”.
Com relação ao futuro destino de Mursi, Alexander Vavilov supõe que a sua renúncia seja inevitável: “Ele não pôde resolver os problemas, que estão perante o país, e agora só se complicam. Quando Mursi subiu ao poder no ano anterior, muitos observadores disseram, que a principal mina de efeito retardado encontra-se sob o seu regime – não a política, mas as questões econômicas: é preciso alimentar a população, suprir com energia elétrica, combustível. É necessário um novo líder, que traga sangue novo ao regime político.
E depois, como muitos dizem agora corretamente, eles não precisam de um político, mas de um tecnocrata, que possa resolver todas estas dificuldades econômicas e sociais, ou pelo menos diminuí-las”. Entretanto, o professor enfatizou que no momento não existe nenhuma figura visível como esta, que pudesse unir todo o povo egípcio: O Tamarrud é um movimento amorfo, que foi criado de forma por acaso. Seu programa é negativo, não contém nada de construtivo. Então, se o Mursi sai, quem vai substituí-lo?”
Entretanto, o perito não excluiu o retorno de uma  administração autoritária: “Os egípcios  simples, entre os quais 30% são analfabetos, sentem saudades da ordem. Por enquanto, nem precisam de democracia. Para eles o principal é poder alimentar suas famílias numerosas.
O presidente do Instituto do Oriente Médio , Eugene Satanovskiy considera que a situação no Egito é mais crítica do que pode parecer para um observador externo. “O país realmente está à beira de um colapso. E os camponeses não são subordinados ao centro, e as cidades do canal de Suez dizem: “Chega de alimentar Cairo”, e o delta vive separado de Egito de cima”, radio Vesti FM cita suas palavras
Na opinião de Eugene de Satanovskiy, a interferência dos militares é imprescindível, para que o país não se decomponha, já que o perigo de uma gerra civil agora é muito grande:   “Foram coletadas 15 milhões de assinaturas, para que Mursi deixe o seu posto. Isto é alguns milhões a mais do que ele coletou em votos. Hoje ele já se apresentou e reconheceu os seus erros. No momento há combates de rua. Incluindo a troca de tiros, a utilização de armas frias, pedras, envolvendo também a Alexandria e o Cairo. E não está muito claro como tudo terminará”.
O docente da cadeira de estudos orientais da Faculdade de Relações internacionais MGIMO, Nikolai Surkov, indicou que a situação no Egito  se deteriora mais rapidamente do que se esperava: “Os liberais Egípcios  originalmente não pretendiam destituir Mursi para não agravar a situação instável. Pretendiam aguardar as eleições presidenciais seguintes, tomando o pacificamente poder. Entretanto, os problemas econômicos fizeram o seu papel negativo”.
Neste caso a interferência dos militares  é a única chance para não permitir um novo derramamento de sangue e de algum modo instalar a ordem. Entretanto, não se exclui a possibilidade de se ficar no poder por um tempo bastante longo, uma vez que a polarização na sociedade egípcia é  muito forte, atualmente não existe nenhuma figura política, que satisfizesse a todos”, constata o especialista.
Ele notou, que os militares  terão rapidamente de pedir ajuda estrangeira, uma vez que sem ela não será possível alimentar a população e evitar novos motins: “Nestas circunstâncias os doadores externos, antes de mais nada, os países ocidentais, devem compreender, que a estabilidade no Egito,  assim como em todo o Oriente Médio depende também deles”.
Durante a conversa com a Gazeta Russa, Nikolai Surkov acrescentou que os eventos atuais em Takhrir devem ser examinados não somente de um ponto de vista político interno: “Terão consequências sérias para a região inteira. O Egito é o maior país do Oriente Médio, e serve como um exemplo para os demais. Muitos observadores no mundo árabe percebem a nova oposição na praça de Cairo,Takhrir,  como uma  batalha decisiva entre os islamitas e as forças civis, que determinarão, por qual caminho irá se desenvolver a região - o islâmico ou o ocidental”.

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