A situação na Síria continua e, provavelmente, continuará sem solução após a conferência de Genebra Foto: Reuters
Os opositores do presidente sírio Bashar al-Assad estão desunidos. Prova disso são os preparativos para a próxima conferência internacional sobre a Síria e os debates sobre os fornecimentos de armas à oposição síria.
Na última segunda-feira (27), os ministros das Relações Exteriores da Rússia e dos Estados Unidos se reuniram em Paris para convocar a segunda conferência internacional sobre a Síria.
O evento já está sendo chamado informalmente de Genebra 2, nome que remete à reunião realizada em Genebra no ano passado para aprovadar princípios básicos da resolução do conflito na Síria e assinalar a necessidade de se criar, com o consentimento do governo e da oposição sírios, um governo de transição responsável pela busca de uma solução que fosse de conveniência de todos os sírios.
Segundo o chanceler russo Serguêi Lavrov deu a entender, a lista dos participantes, data e local do evento não estão claros ainda.
"Concordamos que o desafio número um é saber quem vai representar as partes sírias. O governo sírio se manifestou disposto a participar da Conferência de Genebra, enquanto a oposição, segundo [o secretário de Estado dos EUA, John] Kerry, continua debatendo o formato de sua participação. Segundo ele, será necessário algum tempo para entendermos a posição da oposição", declarou Lavrov após reunião com Kerry.
A Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias, reunida desde o dia 23 de maio em Istambul, não consegue chegar a acordo quanto a sua participação na Conferência nem quanto a sua representação no evento. Isso mostra que os atritos dentro da oposição se mantêm.
Inicialmente, o encontro da oposição deveria terminar em 26 de maio, mas acabou prorrogado por mais três dias. É claro que, sem a participação da oposição síria, a conferência não terá sentido. Mas, segundo tudo leva a crer, os opositores não estão muito interessados em restabelecer a paz em seu país.
Após uma reunião com o senador republicano John McCain, o comandante do Exército Sírio Livre, Salim Idris, disse em entrevista ao site “The Daily Beast”: "Queremos que o governo dos EUA ajude a revolução síria com armas e munições, mísseis antitanques e antiaéreos, e estabeleça uma zona de exclusão aérea". Essas não são meras palavras.
Depois da reunião com John Kerry em Paris, Lavrov afirmou que os EUA estão elaborando um projeto de lei para permitir o fornecimento de armas de fogo portáteis à oposição síria. No entanto, segundo Lavrov, ambos entendem que é necessário evitar medidas que possam impedir a convocação da conferência.
O mesmo, porém, não pode ser dito sobre a União Europeia. Apenas algumas horas depois do encontro Lavrov-Kerry, os chanceleres da União Europeia decidiram, por iniciativa da França e do Reino Unido, não renovar o embargo ao fornecimento de armas à oposição síria.
Nem todos os países europeus se declararam favoráveis a essa iniciativa. A Bélgica, por exemplo, não tem intenção de fornecer armas aos rebeldes após o fim do embargo. O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores belga, Didier Reynders.
"Decidimos não fornecer armas à Síria, porque não temos nenhuma garantia de que elas caiam em boas mãos, ou seja, nas mãos da oposição moderada que irá usá-las contra os extremistas e os mujahideen", disse Reynders. "Além disso, há risco de proliferação de armas na região", completou.
A chefe da diplomacia italiana, Emma Bonino, também está decepcionada com a decisão. Opinião semelhante é compartilhada pela Áustria e República Tcheca.
O Ocidente está farto do conflito sírio, acredita Leonid Issaev, especialista em assuntos do Oriente Médio da Escola Superior de Economia da Rússia. A situação na Síria continua e, provavelmente, continuará sem solução após a conferência de Genebra.
“No entanto, ao aceitar a convocação de uma conferência sobre a Síria, o Ocidente quer mostrar a seus parceiros árabes e à Turquia que não está mais interessado em prestar apoio financeiro nem outro ao conflito", diz Issaev. Segundo ele, a conferência de Genebra deve mostrar que os países ocidentais e os EUA querem distância do conflito sírio porque estão cansados de carregar esse pesado fardo.
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