Ucrânia está a um passo de se tornar membro observador da União Aduaneira

Presidentes da Rússia, Vladímir Pútin, e da Ucrânia, Víktor Ianukovitch, discutem adesão do país à União Aduaneira Foto: RIA Nóvosti

Presidentes da Rússia, Vladímir Pútin, e da Ucrânia, Víktor Ianukovitch, discutem adesão do país à União Aduaneira Foto: RIA Nóvosti

Especialistas acreditam que a completa integração do país ao bloco pode levar até 15 anos.

O governo ucraniano aprovou um memorando de entendimento para o projeto de concessão de status de observador ao país na UA (União Aduaneira), que reúne Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão, informou o primeiro-ministro da Ucrânia, Mikola Azarov.

Espera-se que o memorando seja assinado pelos líderes da União Aduaneira entre a terça e a quarta-feira desta semana, em Astana, durante a sessão do Conselho Supremo de Economia da Eurásia, para onde vai o presidente ucraniano, Víktor Ianukovitch.

A UA (União Aduaneira), que integra Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão, é o primeiro projeto econômico sério no território pós-soviético. Ela estabelece um território aduaneiro único, dentro de cujos limites do comércio mútuo de mercadorias não são aplicados tributos aduaneiros e restrições de caráter econômico, com exceção de medidas especiais de proteção, antidumping e compensação.

Os países do bloco aplicam a tarifa única aduaneira e outras medidas unificadas de regulamentação do comércio de mercadorias com outros países. 

Se esse status for registrado, o país poderá receber gás russo por US$ 240 por 1.000 m³, em vez dos atuais US$ 530, o que para o orçamento do país é crítico. A decisão para Kiev tornou-se um compromisso: a adesão plena na união, por insistência de Moscou, significaria o abandono dos planos ucranianos de adesão à União Europeia.

Especialistas acreditam que com a adoção do memorando, Kiev tenta ganhar tempo para não provocar a ira de Moscou, que declara abertamente estar somente interessada no envolvimento pleno da Ucrânia no processo de integração.

As autoridades ucranianas, por sinal, retratam sua decisão como um avanço, afirmando estarem preparando sua candidatura para o ingresso na UA com um planejamento já aprovado. Mas, de acordo com o diretor geral do Centro de Conjuntura Política da Rússia, Serguêi Mikheiev, a aproximação será feita em etapas, podendo estender-se por até 15 anos.

Nos últimos dias, mais um escândalo diplomático eclodiu entre Rússia e Ucrânia. O motivo foram as declarações do cônsul geral da Rússia, Vladimir Andreev, em Simferopol.

Comentando sobre o filme “Khajtarma”, sobre a deportação de tártaros da Criméia durante a 2a Guerra Mundial, o diplomata observou que no filme nada se menciona sobre a colaboração da brigada de tártaros da Criméia com os alemães durante a ocupação.

Suas palavras evocaram uma forte reação entre os tártaros da Criméia, que por duas vezes armaram piquetes em frente ao consulado russo. Em 23 de maio, o MRE (Ministério das Relações Exteriores) da Rússia informou que entende a reação do lado ucraniano para “formulações incorretas utilizadas pelo representante russo sem levar em conta de forma devida uma questão delicada como esta, que exige, em qualquer situação, uma abordagem extremamente comedida”.

No dia seguinte, Andreev renunciou ao cargo.

A adoção do memorando por parte de Kiev é um compromisso, diz o chefe da filial ucraniana do Instituto dos países da CEI (Comunidade de Estados Independentes), Vladímir Kornilov.

"A assinatura não trará como conclusão a proposta feita pela Ucrânia, de acordo com a fórmula ‘3 + 1’ de cooperação, nem a versão russa de plena integração”, disse. “A Ucrânia irá se tornar um observador na UA. Por meio desta nova forma irá estabelecer a cooperação sem a sua inclusão nas estruturas supranacionais.”

Como afirma o diretor do Instituto de Gestão de Problemas de Kiev, Kost Bondarenko, o status de observador até agora não tinha sido previsto na UA. Mas subentende-se que esta seja a fórmula mais propícia para relações mais estreitas com os países membros da união do que pelo formato proposto anteriormente por Ianukovitch.

De acordo com especialistas, a situação exigirá a elaboração de novos mecanismos de cooperação.

"A fórmula de aproximação da Ucrânia com o status de observador deve ser claramente descrita”, considera o chefe do Centro de Pesquisa de Política Aplicada Penta, Vladímir Fessenko.

A oposição ucraniana se declara energicamente contra a aproximação com a UA.

Porém, na opinião do diretor do Centro Político Ucraniano Sul–Norte, Aleksêi Vlasov, Ianukovitch tentará impor a sua decisão por não ter para onde recuar.

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