Após se defender de críticas em anos anteriores, Rússia quer levar sua agenda de debates para reunião de deputados europeus

Sessão da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa foi aberta na segunda-feira (22) em Estrasburgo

Sessão da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa foi aberta na segunda-feira (22) em Estrasburgo

Na atual sessão, a Apce (Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa) discutirá temas dolorosos para Moscou, que, no entanto, quer impor sua agenda de debates

Na última segunda-feira (22), foi aberta a sessão da Apce (Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa) em Estrasburgo, na qual a Rússia não será um tópico de discussão à parte e terá a oportunidade de criticar outros países, depois de ter se defendido das críticas sobre a situação dos direitos humanos e a guerra contra a Geórgia em 2008 em sessões passadas.

A agenda deste ano incluiu debates sobre as relações com a Turquia, a violência contra as comunidades religiosas, o relatório russo sobre nanotecnologia e o relatório sobre o combate ao "turismo sexual infantil".

No entanto, os deputados não deixarão passar despercebidos alguns temas dolorosos para Moscou, como as inspeções das organizações não-governamentais, entre outros.

O deputado sueco Bjorn von Sydow pediu à Apce atenção especial ao sequestro de pessoas no Cáucaso Setentrional. Além disso, o tema da Lei Dima Iakovlev pode ser levantado pela deputada alemã Marlene Rupprecht, que está preparando comentários afirmando que o texto torna as crianças reféns dos atritos políticos.

O tema das organizações não-governamentais será provavelmente abordado pelo comissário do Conselho da Europa para os Direitos Humanos, Nils Muiznieks. O deputado está redigindo um relatório sobre as deficiências do sistema judicial russo.

Já os deputados russos preferem discutir outros assuntos. O chefe da delegação russa, Aleksêi Puchkov, pretende pedir ao comissário para tratar dos problemas da não-cidadania, discriminação da população russófona e marchas da Waffen SS nos países bálticos, considerando-os contrários às normas do mundo civilizado.

Além das críticas aos países bálticos, a delegação russa "vai trabalhar intensamente nos bastidores".

"Estamos preparando o terreno para uma visita à Apce do presidente da Duma de Estado (câmara baixa do parlamento russo), Serguêi Narichkin, em outubro deste ano", disse o vice-chefe da delegação russa, Leonid Slutski.

Narichkin se recusou a participar da sessão de outono devido às "atitudes antirussas na Apce".

No entanto, no próximo outono, as atitudes antirussas também podem se manifestar. A agenda da sessão pode incluir o relatório do deputado suíço Andreas Gross sobre os resultados da investigação da morte do advogado Serguêi Magnitski.

Segundo se apurou, a primeira reunião oficial dos delegados russos e georgianos na Apce desde o conflito de 2008, anunciada em janeiro passado por Puchkov, não vai acontecer. Em vez disso, Puchkov se reunirá com seu par georgiano Tedo Japaridze fora da sessão da Apce. Conforme explicou o vice-chefe da delegação russa, Leonid Slutski, "esse formato foi visto como menos conflituoso".

Por sua vez, o chefe da delegação georgiana, Tedo Japaridze, disse estar feliz ao verificar que as relações russo-georgianos passam a ter um novo formato. No entanto, acredita que, por enquanto, não vale a pena acelerar a realização de uma reunião oficial das duas delegações, o que é defendido pela liderança da Apce.

 

Publicado originalmente em russo pelo Kommersant

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