Serguêi Katirin Foto: ITAR-TASS
Os países do Brics foram de grande contribuição para sustentar o crescimento da economia global no período de crise financeira e econômica mundial.
Contudo, o espaço dos seus membros nas instituições internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, é substancialmente mais modesto do que aquele que, de fato, ocupam no mundo.
Às vésperas da cúpula do grupo, que começou na cidade sul-africana de Durban, nesta terça-feira (26), o presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Rússia, Serguêi Katirin, falou à rádio “Voz da Rússia” sobre o futuro da integração econômica entre os Brics.
Voz da Rússia: Qual é a atual situação política atual dos membros do BRICS no cenário mundial?
Serguêi Katirin: Dos cinco países, só a Rússia participa do G8, e apenas a Rússia e a China são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Além disso, por enquanto, nenhum desses Estados chegou a fazer parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Por outro lado, todos os países do Brics integram a Organização Mundial do Comércio e são também membros do G20, cujo papel na solução dos problemas econômicos globais vem crescendo significativamente.
O elo mais importante do grupo é o fato de assumirem uma abordagem comum dos problemas globais e manterem proximidade frente às principais questões da economia mundial. Grande parte do avanço alcançado pelo G20 nas linhas de conciliação tem como origem os países do Brics, que assumem posições bastante similares.
VR: Como o sr. caracteriza o nível de desenvolvimento das relações econômicas entre os países do Brics? Quais são perspectivas nesse sentido?
SK:Os vínculos econômicos entre os países do Brics existem em diferentes níveis. No caso da Rússia, seu principal parceiro comercial é a China, seguido pelo Índia. Porém, todos os membros do Brics são, atualmente, as principais locomotivas econômicas de suas respectivas regiões. Eles participam de diversos grupos econômicos regionais e possuem, a exemplo da Rússia e seus vizinhos geográficos, outras formas de interação, como uniões aduaneiras e áreas econômicas comuns.
É também motivo para otimismo o fato de a cooperação entre a Rússia e os países do Brics envolver não só os setores tradicionais, mas também o de altas tecnologias. Isso permite, inclusive, desenvolver relações multilaterais. Um dos resultados da recente visita do premiê russo, Dmítri Medvedev, ao Brasil é, por exemplo, a expansão do [sistema russo de navegação global por satélite] Glonass pelo continente latino-americano.
VR: Em que medida e de que maneira o Brics é capaz de estimular o empresariado internacional?
SK:Via de regra, as relações comerciais se desenvolvem bilateralmente, e muitos empresários nossos participam de fóruns empresariais no âmbito das cúpulas do Brics. Isso aumenta as chances de trocar opiniões e cartões de visita, além de estabelecer os primeiros contatos de negócio, que poderão se transformar em contratos ou transações reais. Trata-se de uma grande ajuda prática ao empresariado.
O interesse pelo fórum empresarial na cúpula do Brics em Durban, na África do Sul, é muito grande entre os empresários russos. Mais de 70 empresas russas, dos mais diversos setores, pediram para participar desse encontro.
VR: Fala-se muito na eventual criação de um banco de investimento do Brics. Quais são as chances de sucesso de tal iniciativa?
SK: A ideia de criar um banco de investimentos do Brics, que surgiu pela primeira vez na cúpula de 2012, em Nova Déli, é extremamente válida. Pelos planos, essa organização poderia se converter no principal centro de apoio financeiro e desenvolvimento de projetos para os empresários dos países-membros.
No relatório preparado pela diretoria dos bancos de investimentos dos cinco países, a criação desse banco foi qualificada como “desejável e possível”. Seu objetivo principal será a concessão de créditos para projetos de desenvolvimento da infraestrutura dentro e fora dos países do Brics.
Também já foi discutida a questão do capital social inicial, cujo montante não seria inferior a 50 bilhões de dólares. Na maioria dos casos, os bancos de fomento são estabelecimentos de crédito públicos, portanto, os investimentos gozam de garantias por parte do Estado.
Publicado originalmente pela Voz da Rússia
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