Foto: Reuters
Durante os preparativos para o início da 5ª cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que ocorre entre terça (26) e quarta-feira (27), em Durban, na África do Sul, o Kremlin e o Ministério das Relações Exteriores da Rússia divulgaram em seus sites um documento intitulado Conceito de Participação da Federação Russa no Grupo Brics.
Segundo o vice-chanceler russo, Serguêi Riabkov, ouvido pela Gazeta Russa, o conceito foi aprovado pelo presidente Vladímir Pútin em 9 de fevereiro passado.
O documento afirma, entre outras coisas, que a Rússia "defende o posicionamento do Brics no sistema mundial como novo modelo de relações globais construído sobre as linhas divisórias antigas entre o Leste e o Oeste ou o Norte e o Sul."
Para Moscou, o Brics é uma das vertentes mais importantes de sua política externa devido a dois fatores: o peso crescente dos países no cenário internacional e a identidade dos interesses estratégicos da Rússia e dos demais países do grupo.
O documento expõe os principais objetivos da participação russa no Brics, dos quais o principal é transformar gradualmente o grupo de um fórum de diálogo e coordenação de posições sobre um número limitado de problemas em um mecanismo pleno de cooperação estratégica e operacional em questões-chave da política e economia mundiais.
Para a Rússia, o Brics não é uma aliança militar. Mesmo assim, segundo o conceito, é capaz de consolidar a segurança internacional.
Entre outros objetivos da participação russa no bloco está o de desenvolver a colaboração do grupo com a ONU, lutar pela preservação e reforço do papel do Conselho de Segurança da instituição e coibir as tentativas de usá-la para o disfarce das políticas voltadas para a derrubada de governos e imposição de soluções unilaterais, inclusive militares, para conflitos.
“Soft power”
"O Brics continuará ganhando credibilidade e influência no mundo usando o ‘soft power’, ou seja, demonstrando as conquistas econômicas e sociais dos países integrantes e não criando uma aliança militar", disse o vice-chanceler.
Ainda de acordo com Riabkov, os países do Brics já tem uma posição conjunta em relação à reforma da arquitetura econômica e financeira global, especificamente sobre a nova distribuição de cotas e votos no FMI e no Banco Mundial.
Ao ser perguntado pela Gazeta Russa sobre se os Brics estão prontos para desdolarizar seu intercâmbio comercial, Riabkov disse que, por enquanto, ela é “impossível”.
O diplomata considera, no entanto, que é possível que parte dos desembolsos ocorra em moedas nacionais.
Para isso, ele sugere a criação de um “pool” de moedas nacionais do Brics, do qual uma determinada quantia seria usada para os fins do intercâmbio comercial.
Além disso, os países do grupo poderiam aumentar, por reciprocidade, a participação de moedas nacionais dos outros integrantes do grupo em suas reservas cambiais. Quanto mais diversificadas forem suas reservas cambiais, mais estáveis serão suas economias às oscilações no mercado mundial.
A cúpula
Entre outros temas que pautam a agenda da cúpula em Durban estão a criação de um Banco de Desenvolvimento, de um Conselho Empresarial Permanente e de um Centro de Pesquisa do Brics. De acordo com Riabkov, "tudo vai depender dos líderes".
Em Durban, os líderes do Brics devem aprovar também a criação de um secretariado virtual.
"Não fomentamos artificialmente o processo de afirmação institucional e formalização do grupo. Acreditamos que o Brics, assim como outros organismos internacionais influentes, como o G20 ou o G8, pode ser eficaz sem a criação de uma instituição burocrática com secretariados, que, às vezes, não sabem como preencher seu horário de expediente", disse Riabkov.
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