Estaleiros. Foto: divulgação
A empresa russa RSI Trading, do magnata Andrêi Kissilov, prolongou o prazo da proposta vinculativa de compra dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC). “Nosso projeto é de médio a longo prazo. Não é um atraso de alguns meses que vai acabar com o interesse”, diz Frederico Casal-Ribeiro, representante da companhia em Portugal.
Na corrida está também a brasileira Rio Nave, que se declara igualmente “disponível para prolongar a vigência da sua oferta”, desde que veja dissipadas as incertezas levantadas por Bruxelas. As dúvidas da Comissão Europeia baseiam-se no fato de o governo português ter recentemente injetado 180 milhões de euros na construtora naval.
O embaixador Kalinine (à esuqerda), já falecido, em visita aos ENVC, nos anos 80. Foto: Divulgação
Nas últimas décadas do século passado, a ENVC construiu mais de duas dezenas de navios para a União Soviética. De um lado, os compradores soviéticos estavam satisfeitos com a entrega nos prazos acordados e com os navios de alta qualidade e potencial técnico, enquanto os portugueses se contentavam com o pagamento em dia.
Possuidores de alta tecnologia e mão de obra especializada, a ENVC é, hoje em dia, a única construtora naval do país, depois do encerramento encerrado da Lisnave
No entanto, a corporação está totalmente parada há cerca de dois anos. Os funcionários cumprem a jornada de trabalho sem função específica e a empresa não tem dinheiro para comprar aço, já que o governo não libera a verba necessária.
Os operários da companhia encaram a notícia da venda com grande preocupação e têm saído às ruas para protestar contra a medida do governo.
Trabalhadores e população manifestam-se em Viana do Castelo contra a privatização. Foto: Divulgação
“Eles têm plena noção dos perigos e riscos que acarreta qualquer processo de privatização: demissões e incerteza quanto ao futuro”, diz Abel Viana, da Comissão de Trabalhadores, ao comentar sobre a eventual privatização da ENVC.
Amargando uma dívida externa colossal e mergulhado numa profunda crise econômica e social, o governo de Portugal tenta encontrar meios de superar as dificuldades.
Tanto a administração atual, encabeçada pelo social-democrata Passos Coelho, como a anterior, de caráter socialista, lançaram impostos brutais sobre os rendimentos do trabalho, diminuindo os orçamentos para a saúde, educação e assistência social, bem como privatizações, como é caso da companhia energética Galp ou a empresa de serviços aeroportuários ANA.
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