Sistemas de defesa antiaérea S-300 PMU Foto: mil.ru
A Rússia perdeu centenas de milhões de dólares por não ter cumprido o contrato de venda de sistemas de defesa antiaérea S-300 ao Irã.
O anúncio foi feito na última sexta-feira (1) pelo diretor do Serviço Federal de Cooperação Técnica e Militar da Rússia, Aleksandr Fomin, em entrevista à emissora de rádio Eco de Moscou.
"A Rússia perdeu centenas de milhões de dólares como indenização por descumprimento do contrato de venda ao Irã de sistemas de defesa antiaérea S-300. Além disso, o tribunal internacional está julgando pedido de indenização de US$ 4 bilhões apresentado pelo cliente [Irã]", disse o responsável, citado pela agência de notícias “RIA Nóvosti”.
Segundo ele, os sistemas de defesa antiaérea S-300 preparados para a venda ao Irã não podem ser vendidos a outros países.
"Ele é muito complexo e integra meios de destruição de alvos, equipamento de localização e outros componentes instalados a pedido do cliente", disse Fomin
Alguns componentes são encomendados em outros países. Por isso, o S-300 destinado ao Irã é um produto muito específico e dificilmente pode ser vendido a outros países.
Histórico
Em 2007, a Rússia fechou o contrato para fornecer sistemas de defesa antiaérea ao Irã, mas desistiu de cumpri-lo sob pressão da comunidade internacional.
Segundo um relatório anual da Rosoboronexport, a única exportadora autorizada de armas do país, publicado em 5 de julho passado, a demanda havia sido apresentada à Corte Internacional de Arbitragem de Genebra pelo ministro da Defesa e a empresa estatal iraniana Aerospace Industries Organization.
A Rússia pretende pedir ao Irá para retirar seu pedido de indenização.
Uma fonte do Gabinete da Presidência disse que, caso o Irã se recuse a retirar a ação judicial, Moscou pode, em contrapartida, deixar de apoiá-lo na questão nuclear.
Já o porta-voz da diplomacia iraniana, Ramin Mehmanparast, declarou que alguns países e meios de comunicação prestam atenção demasiadamente grande às divergências entre Irã e Rússia quanto ao fornecimento desses sistemas para "prejudicar as relações bilaterais entre ambos".
"Verdadeira guerra"
Ainda de acordo com Fomin, as entregas legais de armas à Síria são bloqueadas, seja por via marítima ou aérea.
"Uma verdadeira guerra foi declarada contra nós. Nossos navios são levados a portos e lá acabam presos sob diversos pretextos. Quando nossos navios estão no mar, perdem seguro internacional", disse o responsável, acrescentando que qualquer tentativa dos russos de entregar os bens contratados está sendo coibida.
Vale lembrar que a cooperação técnico-militar entre Rússia e Síria virou o centro das atenções da comunidade internacional após o início do conflito armado no país.
Em 10 de outubro de 2012, as autoridades turcas forçaram a pousar em Ancara um avião de passageiros sírio que seguia de Moscou a Damasco. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que o avião estaria transportando uma carga militar, violando assim o regulamento de aviação civil.
O chanceler russo, Serguêi Lavrov negou o fato, dizendo que o avião levava para a Síria equipamento de radar não proibido pelas convenções internacionais sobre a aviação civil. Ele também disse que a Rússia só fornecia à Síria armas defensivas e estava terminando de cumprir seus compromissos de entrega de sistemas de defesa antiaérea.
Em dezembro passado, o Ministério da Defesa russo declarou que o país não vende armas ofensivas à Síria e não reconhece nenhuma restrição aos fornecimentos de armas defensivas ao país.
Além disso, anteriormente, a Rússia havia ficado involuntariamente envolvida em um escândalo internacional inspirado pelas declarações da então secretária de Estado americana, Hillary Clinton, em que até o Pentágono encontrou manipulações dos fatos.
Depois que a governante acusou a Rússia de estar fornecendo armas à Síria, violando as sanções da ONU, o navio cargueiro russo Alaed, que transportava helicópteros russos para a Síria, teve de interromper sua viagem quando passava pela costa da Escócia por perder seu seguro internacional.
Apesar de os helicópteros não serem novos, mas reparados no âmbito de um contrato fechado há muito tempo e não abrangido pelas sanções internacionais, as companhias de seguro britânicas retiraram o seguro internacional do navio russo. O incidente causou uma forte reação de Moscou.
Publicado originalmente pelo Vzgliad
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: