Relação Rússia-UE deve melhorar no campo econômico em 2013, apontam especialistas

Segundo as palavras de Fiódor Lukianov (na foto), em 2013, a exportação de energia russa enfrentará uma resistência crescente no mercado europeu. Foto: RIA Nóvosti

Segundo as palavras de Fiódor Lukianov (na foto), em 2013, a exportação de energia russa enfrentará uma resistência crescente no mercado europeu. Foto: RIA Nóvosti

A preservação dos interesses econômicos da Europa pela Rússia é facilmente explicável –a Rússia continua a ser o mercado de crescimento rápido com uma taxa de retorno muito alta pelos padrões europeus.

As relações entre a Rússia e a União Europeia em 2013 irão se desenvolver ativamente no plano econômico. Já no campo político, haverá um aumento de cautela de ambas as partes, preveem especialistas ouvidos pela Gazeta Russa.

"Para o negócio europeu, a Rússia continua a ser um mercado atraente. Contra o pano de fundo de estagnação na Europa e o desaparecimento da fé no crescimento incontrolável da China, a Rússia fornece um campo atrativo para os investimentos, apesar das queixas de algumas dificuldades”, disse Fiódor Lukianov, presidente do Conselho de Política Externa e de Defesa da Rússia, à Gazeta Russa.

A preservação dos interesses econômicos da Europa pela Rússia é facilmente explicável. A Rússia continua a ser o mercado de crescimento rápido com uma taxa de retorno muito alta pelos padrões europeus. Se na Alemanha o crescimento do PIB em 2012 foi de somente 0,7%, na Rússia, ele alcançou 3,5%.

É cada vez mais frequente a abertura de empresas europeias na Rússia, não só de representações para a comercialização de seus produtos, como também de produção.

A Alemanha, a economia mais poderosa da UE, continua a ser o mais importante parceiro econômico russo. Em 2012, a circulação de mercadorias entre os dois países atingiu o histórico recorde de US$ 105 bilhões. O departamento comercial e econômico da Embaixada russa em Berlim espera um novo recorde para 2013.

A Europa e a Rússia estão especialmente ligadas em questões relativas à energia.

"A existência do gasoduto NordStream [desde 2011 fornecendo gás natural da Rússia diretamente para a Europa, através do mar Báltico] é um fator para a manutenção da importância da Rússia como fornecedor de recursos na área da energia”, disse Felix Hett, especialista em assuntos da Rússia da alemã Friedrich Ebert Foundation (Friedrich-Ebert-Stiftung).

No entanto, nem tudo está fluindo nas relações econômicas entre a Rússia e a UE. Segundo as palavras de Lukianov, em 2013, a exportação de energia russa enfrentará uma resistência crescente no mercado europeu.

"As mudanças que estão ocorrendo no setor de energia não são a favor da Rússia. A extração do gás de xisto, que a empresa Gazprom por muitos anos tentou se esquivar, bem como a implementação do Terceiro Pacote de Energia, incomodarão cada vez mais a Rússia.”

Nesta área, os países da UE mostram um trabalho extraordinariamente harmonioso e eficiente. Na lei antimonopólio e nas questões de energia, a UE demonstra uma excelente cooperação entre a Comissão Europeia e os Estados nacionais”, disse Lukianov.

A exportação de energia representa até 70% do volume total em dinheiro das exportações russas e o enfraquecimento da posição dos recursos energéticos russos na Europa pode evoluir para uma situação desagradável para o país.

Política

Na esfera política, apesar das atividades importantes programadas para este ano, não vale a pena esperar nenhum progresso sério das duas tradicionais reuniões de Rússia e UE, antes da reunião do G20 em São Petersburgo, dizem os especialistas.

"Vemos o processo de formulação de novos valores russos, que são opostos aos valores do Ocidente. Antes, a Rússia dizia: não se intrometam em nossos assuntos, nós saberemos como nos aproximar do modelo europeu. Mas hoje a Rússia diz outra coisa: não temos como propósito nos tornarmos como vocês. O seu modelo não nos agrada”, disse Lukianov.

O professor Hans-Hennig Schroeder, chefe da Fundação para a Ciência e a Política da Alemanha, observa a contínua alienação da Rússia na Europa.

"Na Europa, ficou definida a visão de que o desenvolvimento que temos observado na Rússia não corresponde aos pontos de vista da União Europeia e do Conselho da Europa sobre a democracia e direitos humanos, que este desenvolvimento está caminhando no sentido oposto. Do lado da UE existem fortes dúvidas e origina-se uma certa pressão. Isso por sua vez torna a Rússia menos interessada em desenvolver as relações", notou Schroeder.

No ano de 2013 nem mesmo se espera um progresso para a revogação de vistos entre a Rússia e a UE.

"A experiência que a UE atualmente tem obtido de diversos países dos Balcãs ocidentais serve como um espantalho usado por políticos conservadores”, pensa Hett.

No entanto, os especialistas não excluem que a situação na esfera política pode se endireitar no próximo ano. Eles dizem que uma das razões para a estagnação esperada em 2013 são as eleições no parlamento na Alemanha, marcadas para setembro de 2013.

"As relações entre a Rússia e a UE dependem muito das relações entre Berlim e Moscou. No entanto, nos próximos meses, poucas coisas irão acontecer, uma vez que na Alemanha tudo vai girar em torno das eleições. Depois disso, será formado o novo governo. Os primeiros grandes avanços podem ocorrer não antes de 2014, quando será apresentada a nova política externa”,  concluiu Schroeder.

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