Relações EUA-Rússia voltarão ao normal em breve, sugere Biden

Durante Conferência sobre Segurança, vice-presidente norte-americano indicou disposição para resolver atuais divergências entre os dois países.

No sábado passado (2), o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, declarou que as relações russo-norte-americanas voltariam à normalidade em breve diante de vários líderes mundiais presentes na 49º Conferência sobre a Segurança, em Munique.

Em entrevista à Gazeta Russa, após uma reunião com Joe Biden no âmbito da conferência, o chanceler russo Serguêi Lavrov confirmou que esse será o objetivo das próximas visitas a Moscou do conselheiro de Segurança Nacional de Barack Obama, Tom Donilon, prevista para este mês, e do novo secretário de Estado norte-americano, John Kerry.

Tanto Lavrov como Biden falaram sobre o agravamento das relações russo-americanas depois que os EUA aprovaram a Lei Magnítski e a Rússia tomou medidas de retaliação, proibindo a adoção de crianças órfãs russas por norte-americanos.

“Temos uma agenda muito cheia e positiva, mas no relacionamento entre potências tão grandes há sempre contradições e divergências, às vezes graves”, disse o chanceler russo.

Biden, que também discorreu sobre o relacionamento entre os dois países, citou a questão síria, a ampliação da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e os problemas envolvendo democracia e direitos humanos como os principais desafios nessa interação entre os dois países.

“As diferenças são reais. Mesmo assim, vamos continuar buscando possibilidades para ações conjuntas e, assim, garantir nossos interesses comuns na área de segurança e os interesses da comunidade internacional”, afirmou o vice-presidente norte-americano, referindo-se à redução dos arsenais nucleares e o desenvolvimento de comércio bilateral.

Síria em foco

O chanceler russo Serguêi Lavrov aproveitou o ensejo para criticar a posição dos EUA em relação à futura instalação de um escudo antimíssil na Europa. “Essa questão nos faz perceber o quanto os atos condizem ou não com as declarações solenes do governo norte-americano. Estamos todos em risco de perder mais uma oportunidade real de construir um espaço euro-atlântico único”, afirmou Lavrov.

Ele também recriminou a postura tática norte-americana durante a Primavera Árabe, ao construir as relações na Europa e paralelamente tentar “explorar a tese da ameaça russa”. Em referência ao conflito sírio, o chanceler mais uma vez se dirigiu ao colega norte-americano, questionando como é possível um país lutar em um conflito contra aqueles a quem dá apoio em outro.

Biden, por sua vez, apenas reiterou a posição norte-americana e repetiu que o ditador sírio Bashar Assad deve deixar o poder por ser incapaz de governar o país. Ainda assim, Lavrov sugeriu novamente que a solução dessa crise só será alcançada com base nos acordos de Genebra que prevêem negociações entre todas as partes envolvidas no conflito.

O ministro russo também rejeitou a proposta feita por um dos conferencistas de criar um corredor humanitário na Síria sob segurança da Foça Aérea Internacional. “Qualquer ameaça de uso da força seria inaceitável”, rebateu Lavrov, exortando um cessar-fogo e fim imediato da violência.

Enquanto o “governo sírio mantiver os arsenais químicos sob seu controle, a situação é segura”, já que, segundo o chanceler russo, só haveria risco de serem usados caso caíssem nas mãos dos rebeldes.

Brasil na roda

A Conferência sobre Segurança de 2013, em Munique, foi marcada pela presença de diversas personalidades políticas do hemisfério norte, enquanto o sul estava representado apenas pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota.

O diplomata brasileiro, que realizou o primeiro discurso do país na história da Conferência, criticou o foco do evento na parceria do Atlântico Norte. Falando na sessão plenária sobre o tema “As potências emergentes e governança global”, Patriota usou o exemplo da reunião dos países do Atlântico Sul, realizada recentemente no Uruguai, para exemplificar como é importante a inclusão de países em desenvolvimento em conferências internacionais. A reunião na capital uruguaia Montevidéu, nos dias 15 e 16 de janeiro, contou com a participação de 21 países da África.

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