Foto: RIA Nóvosti
O governo de Moscou não tem a intenção de retirar sua embaixada da Síria, assolada por confrontes entre o exército e a oposição armada desde março de 2011.
A embaixada russa na Síria está funcionando em regime normal, mantendo contatos não só com o governo mas também com a oposição síria, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguêi Lavrov, em uma entrevista coletiva, fazendo um balanço de 2012.
"As famílias dos funcionários da embaixada haviam deixado o país há muito tempo, mas a embaixada está totalmente operacional", disse Lavrov, citado pela “RBC Daily”.
A diplomacia russa havia anunciado o encerramento do consulado russo em Aleppo. A notícia foi acolhida por alguns como o início da retirada da embaixada russa do país.
O ministro disse ainda que Moscou não considera necessário começar uma evacuação em massa de cidadãos russos da Síria.
"Temos planos de evacuação, como qualquer outro país, mas não temos a intenção de levá-los à prática até porque a atual situação no país não exige isso", disse Lavrov, citado pela agência “RIA Nóvosti”.
Dois aviões do ministério russo para situações de emergência enviados na última terça-feira (22) a Beirute trouxeram ao aeroporto Domodedovo, em Moscou, o primeiro grupo de 77 cidadãos russos, entre os quais 27 crianças.
"De modo geral, o estado psicológico dos recém-chegados é satisfatório. Eles deixaram a Síria por vontade própria e não têm problemas psicológicos graves, embora estejam muito cansados", disse à agência “ITAR-TASS” a representante do Centro de Apoio Psicológico do Ministério de Emergências, Olga Makarova.
No aeroporto, estão instalados postos de atendimento médico e psicológico e um escritório do Serviço Federal de Migração.
Segundo ela, quase nenhum dos recém-chegados disse desejar retornar à Síria em um futuro próximo e muitos estão preocupados em arranjar emprego na Rússia.
"Muitos deles viveram por muitos anos na Síria, algumas crianças não falam russo e suas mães estão preocupadas com sua educação na Rússia", adiantou a psicóloga.
"Vivi 12 anos tranquilamente em Damasco até os recentes desdobramentos. Quando soubemos que existia a possibilidade de voltar à Rússia, decidimos aproveitá-la", disse uma refugiada ao jornal “Vzgliad”. Ao ser perguntada sobre se desejaria voltar algum dia à Síria, ela disse: "Por que não? Certamente voltaremos".
"Eu estava muito preocupada com meu marido e o meu filho, por isso decidimos sair", disse ao jornal “Vzgliad” uma outra russa, resumindo assim a causa da saída mais citada em conversas com os repórteres.
Números
Segundo a agência “RIA Nóvosti”, que cita o consulado russo em Damasco, 81 pessoas, entre as quais russas casadas com sírios, seus filhos e maridos que obtiveram a nacionalidade russa, desejaram voltar à Rússia. Eles moravam em diferentes cidades do país: Damasco, Aleppo, Hama, Homs.
Ao todo, 8.008 russos estão inscritos no consulado da Rússia na Síria, embora o número de cidadãos russos residentes no país seja muito maior, dizem diplomatas russos.
Em uma declaração publicada em seu site oficial nesta quarta-feira (23), a diplomacia russa afirmou:
"Se for necessário, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia continuará prestando assistência prática no retirada de cidadãos russos da República Árabe da Síria.”
Operação
Segundo o jornal “Vzgliad”, já no final de 2012, os ministérios de Emergências, das Relações Exteriores e da Defesa tinham pronto um plano de retirada de cidadãos russos da Síria.
Caso a operação fosse realizada, teria como alvo pelo menos 30 mil pessoas. Os refugiados seriam levados em automóveis até os portos sírios de Tartus e Latakia, de onde seguiriam por mar até o porto cipriota de Larnaca. De lá, seriam retirados para a Rússia por aviões.
No trajeto marítimo seriam usados quatro ferries de passageiros russos: o Apolonia, com capacidade para 250 passageiros, o Ant-1 (90 passageiros), o Ant-2 (68 passageiros) e Nikolai Konarev (75 passageiros), que estão atualmente nos mares Vermelho, Mediterrâneo e Negro, além de navios de patrulha e de desembarque pesados das Frotas do Mar Báltico e do Mar Negro.
Confrontos entre as tropas do governo e os opositores do regime do presidente Bashar Assad se estendem na Síria desde março de 2011, ceifando a vida de mais de 60 mil pessoas.
As autoridades sírias afirmam estarem enfrentando grupos rebeldes bem armados e apoiados externamente.
Reportagem combinada com materiais dos veículos RIA Nóvosti, RBC Daily e Vzgliad
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: