Os 3 melhores sabotadores soviéticos da Segunda Guerra Mundial

História
BORIS EGOROV
Eles penetravam na retaguarda do inimigo, onde realizavam missões extremamente perigosas. O comando soviético, porém, nem sempre apreciava suas façanhas.

1. Iliá Stárinov

“O grande bombardeiro”, “o avô das forças especiais soviéticas”, “o deus da sabotagem”, “o gênio da guerra de minas” — assim foi apelidado o coronel das Forças de Engenharia, Iliá Stárinov.

Ele entrou na história militar russa como o especialista que conseguiu destruir dezenas de escalões militares inimigos, treinou inúmeras unidades de sabotagem e desenvolveu diversos novos equipamentos explosivos e barreiras de minas.

Em outubro de 1941, as tropas lideradas por Stárinov minaram a cidade de Kharkov (Carcóvia), já quase tomada pelos alemães. No porão de um grande prédio administrativo no centro, ele decidiu plantar uma poderosa mina de rádio F-10 a uma profundidade de cinco metros e, acima dela, a dois metros de profundidade, uma mina comum de ação lenta, para distrair a atenção.

O coronel tinha certeza de que o comando inimigo escolheria um edifício mais luxuoso da cidade para si, e ele não estava enganado. Depois que os sapadores alemães desarmaram a “mina flutuante”, o tenente-general Georg von Braun e o quartel-general da 68ª Divisão de Infantaria decidiram ficar nesse prédio. Na manhã de 14 de novembro, a bomba F-10 foi ativada por sinal de rádio. A poderosa explosão matou von Braun e dezenas de oficiais do Estado-maior alemão.

Stárinov foi nomeado ao título de Herói da União Soviética diversas vezes, mas, devido à sua personalidade direta e difícil, o prêmio sempre foi cancelado. Pela mesma razão, ele nunca se tornou general. Mas ele mesmo levava isso na brincadeira. “É melhor ser um coronel vivo do que um marechal morto”, dizia o sabotador que viveu mais de 100 anos.

2. Konstantin Tchekhovitch

Às 20h de 13 de novembro de 1943, ocorreu uma poderosa explosão no prédio do cinema na cidade de Porkhov, região de Pskov, resultando na morte de mais de 700 soldados da Wehrmacht, 40 oficiais e dois generais. O organizador e executor desta sabotagem foi o gerente de cinema e também combatente ativo da 7ª Brigada dos Guerrilheiros de Leningrado, Konstantin Tchekhovitch.

Logo no início da guerra, o comandante de um pelotão de sapadores, Konstantin Tchekhovitch, foi enviado a Leningrado, onde se envolveria em trabalhos de sabotagem. Lá, ele foi capturado pelos alemães, mas conseguiu escapar em duas semanas. Depois se juntou aos guerrilheiros soviéticos.

O comandante da 7ª Brigada dos Guerrilheiros enviou Tchekhovitch para a cidade de Porkhov, que estava sob o controle dos nazistas, onde realizaria uma grande sabotagem.

Tchekhovitch passou dois anos tentando conquistar a confiança dos alemães: constituiu família, trabalhou como relojoeiro, eletricista na usina local, mecânico em um cinema e enfim ascendeu ao posto de gerente do cinema, cujo prédio foi escolhido como principal alvo de sabotagem. Neste edifício os soldados alemães costumavam se reunir para assistir a filmes, enquanto no segundo andar estava localizado o escritório do Serviço de Segurança Militar.

Dentro dos bolsos e em uma pequena lancheira, Tchekhovitch carregou gradualmente 65 quilos de TNT para o cinema, distribuindo os explosivos pelo perímetro do prédio e ajustando o mecanismo do relógio. Tchekhovitch contava com a ajuda da irmã de sua esposa, Evguênia Mikhailova, que trabalhava no cinema como faxineira.

O sabotador calculou tudo corretamente: a explosão ocorreu na hora certa, e o prédio desabou como um castelo de cartas, matando todos que estavam dentro. A essa altura, Tchekhovitch e sua família já tinham saído da cidade.

Após a missão bem-sucedida, ele foi nomeado para o título de Herói da União Soviética, mas não o recebeu, porque os líderes do Partido Comunista se recusaram a honrar uma pessoa que tinha passado 15 dias em cativeiro inimigo. Tchekhovitch faleceu na cidade de Odessa em 1997. Somente em 2013 uma placa memorial a Tchekhovitch foi inaugurada em Porkhov.

3. Elena Kolesova

Desde o início da guerra, a professora de escola primária Elena Kolesova demonstrou disposição para participar das ações militares. Ela trabalhou na construção de barreiras defensivas, se formou nos cursos de socorristas sanitários e depois entrou em um grupo de sabotagem e reconhecimento.

Em outubro de 1941, Kolesova realizou com sucesso missões militares perto de Moscou. Em janeiro de 1942, na área de Sukhinichi, ela teve que lutar como uma simples soldado de infantaria. O inimigo invadira a retaguarda das tropas soviéticas, e o comando mandou todos para a frente, inclusive escoteiros e sabotadores. Por essa batalha, Kolesova foi condecorada com a Ordem da Bandeira Vermelha. Em breve, ela se tornou a comandante de um grupo de sabotagem e reconhecimento formado apenas por mulheres.

Na noite de 1º de maio de 1942, seu grupo foi lançado de paraquedas na região de Minsk. Algumas morreram devido a um pouso fracassado ou foram capturadas. Outras começaram a destruir a infraestrutura inimiga, explodindo trens com equipamentos, realizando emboscadas e liquidando colaboradores. Em 11 de setembro de 1942, os sabotadores, juntamente com várias unidades dos guerrilheiros, organizaram um ataque à guarnição alemã na aldeia de Vidritsa. A operação foi bem-sucedida, mas foi a última de Elena.

Em 21 de novembro de 1944, Kolesova recebeu postumamente o título de Heroína da União Soviética.

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