Grande Guerra Patriótica 1941-1945. Trabalhadores do Cazaquistão levam presentes de Ano Novo para o 1073º Regimento de Rifles da 8ª Divisão de Rifles de Guardas Panfilov
Víktor Kinelovski/Sputnik“Feliz Ano Novo! Às novas vitórias!”
ArquivoAs tradições habituais da época festiva — uma árvore de Ano Novo decorada e presentes embaixo dela — foram, obviamente, deixadas para trás na retaguarda. Mas os militares faziam o possível para tentar recriar a atmosfera de Ano Novo. Se não conseguissem encontrar uma árvore de Ano Novo, qualquer outra servia. Eles colocavam decorações artesanais feitas com gaze e rótulos de alimentos enlatados, e um doce em uma embalagem colorida poderia ser colocado no topo da árvore no lugar da estrela.
“O Papai Noel está carregando presentes de Ano Novo para o inimigo. Eles o fazem sentir calor no frio, e frio no calor”
ArquivoNo período que antecede o Ano Novo, havia um fluxo constante de cartões postais e cartas da retaguarda para a frente de batalha: somente no outono de 1941, a editora Iskusstvo (Arte), em Moscou, imprimiu 300.000 cartões comemorativos de Ano Novo e, durante todo o inverno, foram feitos cerca de 15 milhões de cartões. Eles retratavam cenas da vida cotidiana no front, caricaturas dos soldados de Hitler e, naturalmente, o “Papai Noel russo” Ded Moroz (Vovô do Gelo) derrotando seus inimigos.
Soldados comemorando o Ano Novo na região de Moscou, 1942
ArquivoAs encomendas eram enviadas para o front no Ano Novo — uma forma das pessoas que permaneciam na retaguarda apoiarem seus entes mais próximos e queridos. Eles juntavam os itens essenciais mais importantes: meias e luvas quentes, botas de feltro e jaquetas acolchoadas, tabaco e bolsas para tabaco bordadas à mão, papel para escrever, cigarros, balas e biscoitos. Fazendas estatais, fábricas, crianças em idade escolar e adultos participavam da preparação dos presentes. Eles secavam legumes, assavam pão de gengibre e biscoitos e transformavam carne em salame.
Coletas de alimentos e roupas eram organizadas em cidades e vilarejos: somente em dezembro de 1941, onze toneladas de biscoitos diversos, doces, salames e maçãs foram enviadas de Kuibichev para a Frente Noroeste. “Os mineiros das minas de bauxita dos Urais do Norte estão preparando com muito carinho presentes de Ano Novo para os defensores da pátria. O primeiro lote — composto por 400 pacotes — já foi enviado. Os pacotes incluem vinho, biscoitos, cigarros, tabaco, balas, chocolate, salsicha etc.”, dizia um relatório da época publicado no jornal “Karpinski Rabotchi” (“Trabalhador de Karpinski”). As pessoas frequentemente viajavam da retaguarda para a frente de batalha a fim de desejar Feliz Ano Novo aos soldados e presenteá-los.
Grande Guerra Patriótica 1941-1945. Defesa de Moscou. Navios-tanque seguindo para o front em 31 de dezembro de 1941
Aleksandr Kapustiánski/SputnikMuitas fábricas de confeitos foram evacuadas para outras regiões nos anos de guerra, onde continuaram a produção. O chocolate, por exemplo, fazia parte da ração obrigatória para aviadores e submarinistas — e, especificamente, os chocolate Gvardeiski e Kola (com extrato de noz de cola, que era considerado um tônico comprovado e protegia contra a deficiência de vitaminas) eram incluídos nos pacotes de Ano Novo. A Fábrica de Confeitaria Krupskaia de Leningrado continuou a operar: em 1943, ela começou a fabricar os doces Michka na Severe (Urso do Norte); até três toneladas deles saíram das linhas de produção em apenas um ano.
Os presentes de Ano Novo eram embrulhados de forma festiva, colocados em pequenas sacolas de lona com a inscrição bordada “Defensor da Pátria”.
Às vezes, os banquetes festivos surgiam do nada. No final de dezembro de 1942, depois que as tropas soviéticas libertaram a estação de Kotelnikovo, perto de Stalingrado, os soldados descobriram vagões de trem que haviam sido abandonados nos trilhos pelos alemães. Dentro deles havia alimentos de luxo. O comandante do 7º Corpo de Blindados, Pável Rotmistrov, decidiu que eles seriam perfeitamente adequados para receber o Ano Novo. Rapidamente foram postas mesas cheias de comida, aguardente e champanhe. Para completar a comemoração, os parabéns de Ióssif Stálin pela vitória e os votos de Ano Novo foram lidos para as tropas.
Grande Guerra Patriótica 1941-1945. Trabalhadores do Cazaquistão levam presentes de Ano Novo para o 1073º Regimento de Rifles da 8ª Divisão de Rifles de Guardas Panfilov
Víktor Kinelovski/SputnikNo entanto, às vezes, batatas comuns eram o suficiente para criar um clima festivo. De acordo com as lembranças de um soldado, uma comemoração de Ano Novo foi organizada para o seu destacamento antes de seguirem para Stalingrado: pernas de rã conservadas e omeletes de ovo de tartaruga apareceram nas mesas dos abrigos — alimentos que ocupavam o lugar de troféus. Os soldados não estavam acostumados com esse tipo de comida, então, não comeram as pernas de rã, preferindo as porções de arroz em lata.
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