Como tchecos e eslovacos ajudaram o Exército Vermelho a lutar contra o nazismo

Grande Guerra Patriótica 1941-1945. Libertação da Tchecoslováquia das tropas nazistas.

Grande Guerra Patriótica 1941-1945. Libertação da Tchecoslováquia das tropas nazistas.

Sputnik
O 1º Batalhão Independente da Tchecoslováquia foi a primeira formação estrangeira do Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial. Seis de seus militares se tornaram Heróis da União Soviética.

“Os tchecos mostraram-se guerreiros corajosos, não desistiram da batalha, não se prenderam às suas vidas e as sacrificaram sem hesitação quando necessário”, escreveu o artilheiro soviético Roman Glok sobre os soldados do 1º Corpo do Exército da Tchecoslováquia, que ficou ombro a ombro com os soldados do Exército Vermelho que lutavam contra os nazistas.

Oficial do Exército Vermelho parabeniza um oficial do 1º Corpo do Exército da Tchecoslováquia pela captura de Dukla durante operação ofensiva.

Em julho de 1941, a URSS e o governo provisório da Tchecoslováquia no exílio concordaram em conduzir ações conjuntas contra a Alemanha nazista. Em setembro, as partes assinaram um acordo, segundo o qual estava prevista a criação de unidades militares tchecoslovacas em território soviético.

Soldados do 1º Corpo do Exército da Tchecoslováquia em uma das aldeias da região de Tchernivtsi.

A formação do 1º Batalhão Independente da Tchecoslováquia começou em janeiro de 1942 na cidade de Buzuluk, perto do Cazaquistão. Os tchecos que se encontravam na URSS após a ocupação da sua terra natal pelos alemães, bem como os eslovacos que não queriam viver na República Eslovaca fantoche criada pelos nazistas se juntaram a essa formação militar voluntariamente.

Batalha da vila de Sokolovo, região de Carcóvia. Soldados da 1ª Brigada de Infantaria Independente da Tchecoslováquia em posição de tiro, maio de 1943.

“Voluntários que chegaram a Buzuluk de diferentes partes do vasto território soviético se juntaram à unidade militar não por causa de algum tipo de manifestação, mas para lutar, para ajudar o seu povo a varrer a vergonha de Munique e rapidamente acertar contas com os ocupantes, colaboradores e traidores”, escreveu o comandante do batalhão, o general e presidente da República Socialista da Tchecoslováquia, Ludvík Svoboda.

General, comandante do 1º Corpo do Exército da Tchecoslováquia, Ludvík Svoboda no posto de observação.

Em termos organizacionais, o batalhão estava subordinado ao governo da Tchecoslováquia no exílio, e, em questões militares, ao comando do Exército Vermelho. “Os oficiais instrutores soviéticos que chegaram da frente [...] nos ofereceram grande ajuda, transmitindo sua rica experiência de combate. As aulas com pessoal foram realizadas sem parar. Elas ocorreram em condições próximas às de combate”, escreveu Svoboda.

Enfermeiras e sinaleiras de brigada da Tchecoslováquia.

Em 27 de janeiro de 1943, o 1º Batalhão Independente da Tchecoslováquia foi solenemente presenteado com uma bandeira de batalha com o lema dos hussitas, os seguidores do reformador religioso tcheco Jan Hus: “Pravda vítězí” (“A verdade triunfa”). Já em março, o batalhão recebeu seu batismo de fogo durante a Terceira Batalha de Carcóvia.

O 1º Corpo do Exército da Tchecoslováquia, como parte da 1ª Frente Ucraniana, lutou junto com o Exército Vermelho nos campos de batalha e participou da libertação da Ucrânia Ocidental dos invasores nazistas.

Os soldados tchecoslovacos estavam operacionalmente subordinados à 25ª Divisão de Fuzileiros de Guardas e assumiram posições ao longo da margem esquerda do rio Mja, perto de Carcóvia.

“Nosso primeiro batismo de fogo foi amargo e sangrento”, escreveu Svoboda. Nessas batalhas, 112 voluntários foram mortos (entre eles, 13 oficiais). além de 106 soldados ficarem feridos e restarem quase 30 desaparecidos.

Membros da brigada de infantaria da Tchecoslováquia, dezembro de 1943.

Um dos que morreram na primeira batalha, o tenente sênior Otakar Iaroch, se tornou o primeiro Herói da União Soviética entre os estrangeiros. Iaroch foi ferido duas vezes, mas continuou a comandar e a atirar no inimigo que avançava. Ele morreu enquanto liderava soldados em um contra-ataque.

Herói da União Soviética Otakar Iaroch.

O comando soviético apreciava a eficácia de combate do batalhão. Em abril de 1943, o batalhão foi transformado em uma brigada, que participou da libertação de Kiev. Em 1944, nasceu o Corpo do Exército da Tchecoslováquia a partir da brigada. Os soldados do Corpo receberam artilharias de campo, antitanque e antiaérea, bem como um regimento de tanques independente.

Nas posições do 1º Corpo da Tchecoslováquia.

Em 29 de agosto de 1944, começou uma revolta nacional eslovaca contra os nazistas. O comando soviético enviou tropas de duas frentes ucranianas, incluindo o 1º Corpo do Exército da Tchecoslováquia, para ajudar os rebeldes. Em 6 de outubro, os soldados tchecoslovacos, com o apoio de unidades do Exército Vermelho, capturaram o passo de Dukla, entrando, assim, no território de sua terra natal. No entanto, o inimigo conseguiu atrasar as tropas e suprimir a revolta.

Unidades do 1º Corpo do Exército da Tchecoslováquia, juntamente com tropas da 359ª Divisão de Fuzileiros Iartsevskaia, chegaram à fronteira de seu país e estabeleceram um pilar ali — um símbolo da independência do Estado e da inviolabilidade de suas fronteiras.

Os tchecos e eslovacos que lutaram ao lado da URSS chegaram ao fim da guerra em Praga. Em 10 de maio de 1945, o destacamento avançado da 1ª Brigada de Tanques entrou na cidade e, uma semana depois, todo o pessoal do Corpo marchou pelas ruas da capital em desfile solene. Após a guerra, esta formação se tornou a base do Exército Popular da Tchecoslováquia.

População de Praga saudando os soldados do Corpo da Tchecoslováquia.

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